Calma, amigos. Antes que os xingamentos se iniciem e minha mãe seja ofendida leiam o texto. Há anos Flamengo e Sport se envolvem numa briga mesquinha e sem sentido pelo título de Campeão Brasileiro de 1987. É um tal de justiça pra cá. Tribunal pra lá. Siglas que muitas vezes nem sabemos o que significam decidindo o passado que já foi resolvido. No campo. Na bola.
O rubro-negro carioca é o incontestável vencedor daquele ano. Jogou contra os melhores. Venceu os melhores. Pouco importa o que os cartolas em seus escritórios resolveram. Quase sempre as resoluções são maléficas para o futebol. Como foi naquele maldito dia em que se rasgou o regulamento e criou-se o famigerado cruzamento com o módulo amarelo.
Dentro das quatro linhas, onde importa. Deu Flamengo. Deu na bola, que nunca foi maltratada. Deu Zé Carlos, Jorginho, Leandro, Edinho, Leonardo, Andrade, Aílton, Zico (o original, não a cópia pernambucana), Renato Gaúcho, Bebeto, Zinho e Carlinhos. Doze monstros sagrados. Deuses da arte de jogar futebol.
Não faz sentido apequenar-se em disputas sem propósito. A maior punição que esse time poderia sofrer já aconteceu. E é irreversível. Ter sido proibido de jogar a Libertadores de 88 foi sofrimento demais para o torcedor. Para o amante do jogo bem jogado. De quem gosta de ver a regra ser cumprida e não comprida.
Não se pode modificar o passado. O provável título sul americano não veio. O tempo desmanchou aquela equipe. Mas não apagou o seu legado. Do épico confronto com o galo mineiro a decisão conquistada com a técnica e com o coração. Do gol de Zico diante do Santa Cruz ao de Bebeto, a reedição de Nunes, o novo artilheiro das decisões, contra o Internacional.
Enquanto isso, do outro lado, uma interminável disputa de pênaltis. Um título dividido. Uma canetada resolvendo a questão que por incompetência não foi resolvida no gramado.
Não é justo. Nunca foi. Nem nunca será. Não precisamos do reconhecimento da CBF. Ou do STF, STJD, INCA, FBI, FUNAI ou qualquer outra. A história mostra quem é o campeão de fato. De direito pode até ser outra história. Quem esteve no Maracanã ou viveu aquele momento sabe o quanto comemorou e se emocionou com o título mais rubro-negro de todos os tempos. Sofrido. Na base da superação. Como tinha de ser.
Não vamos discutir, amigos. Oitenta e sete é deles, já que fazem tanta questão. Não precisamos disso. Não necessitamos mendigar conquistas. Cada um sabe o seu lugar no Olimpo do futebol. E uma coisa eu garanto. O Flamengo de 87 está muitos degraus acima do “rival”. Deixem o campeonato pra lá. A taça é deles. A festa foi e sempre será nossa.