Fui dos primeiros a abraçar totalmente a efetivação de Zé Ricardo. Queria dizer que foi por algum motivo nobre como o conhecimento do trabalho dele, a boa impressão causada na Copinha ou mesmo meu desejo – bem real – de que exista alguma renovação no quadro de treinadores brasileiros pra que não chegue num ponto em que a maior causa de abandono de equipes no meio do campeonato sejam problemas de saúde.
Na verdade eu simpatizei com Zé Ricardo por dois motivos. Um, de ordem mística e irracional, é o sucesso dos interinos no Flamengo, uma dinastia de homens escolhidos pela sorte, lançados na fogueira do caos rubro-negro, e que lá dentro forjaram equipes vencedoras e títulos improváveis. O outro é o fato de que, sinceramente, o Flamengo na época não tinha outras opções de mercado, e entre a surpresa de um treinador desconhecido ou a certeza de mais uma passagem de Ney Franco ou Silas pelo Flamengo, eu prefiro abrir a porta misteriosa nº2 mesmo se atrás dela estiver uma pessoa vestida de gorila querendo implantar o 4-2-4 com o Paulo Victor de armador.
E ainda que Zé tenha dado pra equipe um padrão de jogo e ajeitado o time de uma maneira que Muricy não estava conseguindo, com o tempo começaram a ficar claros alguns de seus defeitos, sejam eles frutos da inexperiência, da panela de pressão que é o clube ou apenas traços do temperamento do treinador.
O primeiro deles é o hábito de recuar demais o time, muitas vezes cedo demais. Seja na derrota para o Fluminense, seja no empate contra o Botafogo, seja na reta final contra o Atlético-MG, o time sempre começava bem, atuava com ofensividade e após marcar um gol recuava muito, o que inevitavelmente causava um gol de empate adversário. Ainda que possa ser a medida mais sensata em alguns momentos, uma postura mais defensiva, ainda mais num time que parecia saber se defender tão bem, deve ser apenas o último recurso. Então essa postura “se fez o gol na saída de bola vai trocar os atacantes por zagueiros com um minuto do primeiro tempo” precisa passar se o Flamengo quiser alçar voos mais altos esse ano, ainda mais em competições mata-mata onde um gol pode significar tudo.
O segundo é realmente usar a base. Sabemos que o Zé, por ser o antigo treinador de boa parte dos garotos hoje no grupo principal, conhece não apenas a capacidade deles como também o estágio de evolução de cada um, então é claro que ele tem uma avaliação mais embasada do que qualquer outro técnico teria, mas ainda assim, já passou da hora. Antes de improvisar um estrangeiro, antes de trazer um jogador meia boca que não atua bem desde a olimpíada retrasada, por que não dar uma oportunidade para a prata da casa? Não existia um lateral na base melhor do que Chiquinho? Nenhum garoto subindo com mais empolgação que Cirino? Fora o critério “tentativas aleatórias de bicicleta por jogo” existe algum outro aspecto em que Vizeu seja inferior a Damião?
Então esses seriam meus dois principais pedidos para o técnico Zé Ricardo, que já vem fazendo um trabalho melhor do que considero que vários técnicos renomados fariam, mas que tem nesse ano de 2017 uma chance única de fazer história no Flamengo como vários outros interinos já fizeram. Com um grande time, com vitórias corajosas, com títulos que a torcida nunca mais vai esquecer, e lembrando que até técnicos o Flamengo sabe fazer em casa.
João Luis Jr. é blogueiro do MRN e também escreve no blog Isso Aqui É Flamengo, do ESPN FC.
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