Evidente que cada um tem o que lembrar de 2016.
Um ano ainda fervente na política brasileira cujas entranhas pútridas foram excepcionalmente descritas, nas palavras do diretor e cineasta José Padilha, homônimo e neto do inesquecível e formidável ex-presidente do Flamengo, em artigo publicado no Globo. Um ano de colapso econômico, presidencial e moral. Senhores de baixo calão comandando o terreiro, cuspindo na cara da população que os elegeu, considerada, por eles, mero instrumento utilitário para seus inúmeros crimes contra o patrimônio público.
E neste ano conturbado, cenário desastroso, o Flamengo trilhou seu caminho. E trilhou seu caminho não com títulos no futebol profissional. Infelizmente. Mas com CONQUISTAS históricas. Primeiro aperfeiçoou sua medicina esportiva e prática fisiológica com a contratação de empresa especializada (EXOS), foi aperfeiçoando o CT profissional instalando contêineres com equipagem e material para que jogadores pudessem treinar com qualidade no local, contratou reforços, pagando caro, sem a velha máxima “você finge que joga e eu finjo que pago”, que caracterizou inúmeras gestões passadas. Enfim, montou um elenco de alto padrão, considerando o nível atual do futebol brasileiro, evidentemente com lacunas aqui e ali, mas considerando os demais, bem competitivo. Organização, disciplina. 2016 caracteriza, para mim, o ano que o futebol do Flamengo se tornou “adulto” dentro desta nova formalidade que exige: Orçamento financeiro estável, forte e adequado, organização, disciplina, staff profissional de qualidade e estrutura.
Como nem tudo segue o planejado, o técnico experiente e vencedor contratado no início do ano, não foi bem em campo e fora dele. Tendo que se afastar para se tratar de problema de saúde. E, numa decisão ousada, o Flamengo colocou um técnico de sub20 para dirigir os profissionais. O time foi bem no campeonato, fez boa pontuação. A qualidade do elenco falou por si. Faltou traquejo ao técnico iniciante para surpreender os adversários nos momentos decisivos. Talvez inseguro, optou por times e substituições previsíveis pelos adversários.
Enfim, o comando no futebol é sempre um risco. Um iniciante descobre uma forma daquele time funcionar. E segue. Será o suficiente para conduzir um time desde o início de uma nova temporada que demandará exigências maiores e torneios mais difíceis? Tem conhecimento adequado para ajudar a planejar elenco de um time como o Flamengo para toda a temporada? São questões que serão respondidas ao longo de 2017.
Mas o fato é que o Flamengo inaugurou seu CT. Sonho de consumo dos rubro-negros antenados com o futebol mundial e a necessidade do Flamengo ter seu espaço de treinamento de alto nível, não só para se capacitar como para se reforçar melhor, atraindo jogadores que querem atuar no ótimo nível que um bom CT propicia. E isto é algo a ser comemorado entusiasticamente. Porque não é apenas “um CT”. Ele aponta o caminho que o Flamengo está seguindo. E continuando nesta pegada finalmente seremos acompanhados por títulos em série.
Flávio H. Souza
Twitter: @PedradaRN
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