O Flamengo se prepara para viver um outubro de decisões, pois pode conquistar dois títulos. O Rubro-Negro vai decidir a Copa do Brasil contra o Corinthians em 12 e 19 de outubro, mas depois viaja para Guayaquil, onde decide a Libertadores contra o Athletico-PR, em 29 de outubro. Será um mês decisivo também para o treinador Dorival Júnior.
O técnico Dorival Júnior assumiu a equipe do Flamengo em 11 de junho, pois substituiu o projeto fracassado do português Paulo Sousa. Do começo de três derrotas em quatro jogos à fase atual, de apenas uma derrota em 20 jogos, muita coisa mudou no Rubro-Negro.
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Na lista abaixo, vamos relembrar os melhores momentos dos últimos quatro meses, mas também os momentos mais tensos. Dorival Júnior virou meme, mas também foi alvo de críticas de parte da torcida. Vamos relembrar.
1. Treino no hotel e estreia com derrota no sul
Tudo aconteceu muito rápido. O Flamengo perdeu para o Red Bull Bragantino em oito de junho. Paulo Sousa foi demitido no dia seguinte. Dorival Júnior foi anunciado em 10 de junho. Menos de 24 horas depois, ele estava na beira do campo, no Beira-Rio, orientando o time na derrota por 3 a 1 para o Inter. Para aquela primeira partida, Dorival apenas conversou com elenco, mas escolheu colocar os medalhões todos em campo. A ideia era para provar que não tinham condições de jogar juntos, pois o time estava envelhecido. Funcionou.
2. Derrota Minas, mas com luz no fim do túnel
Nos primeiros quatro jogos à frente do Flamengo, Dorival Júnior teve três derrotas. A última delas, porém, deu ao treinador a esperança de que o time poderia encaixar e viver dias melhores. Foi no Mineirão, em 22 de junho, que o Flamengo perdeu de 2 a 1 para o Atlético-MG. Era o jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil. O Atlético fez 2 a 0, mas Lázaro descontou e deixou a vaga aberta.
Na coletiva pós jogo, Dorival disse: “Hoje tivemos um jogo mais maduro. As pessoas falam que o Atlético-MG deu a bola ao Flamengo. Pelo contrário. O Flamengo que pegou a bola do Atlético-MG. A cada momento nós estamos corrigindo alguma coisa e com o campeonato em andamento. A evolução é nítida.”
3. O show no Maracanã
O Flamengo entrou nas oitavas de final da Libertadores depois de campanha quase perfeita na fase de grupos, mas sob severa desconfiança. Dorival Júnior chegava ao seu sexto jogo no comando do clube, mas o time precisava ir a Ibagué, no interior da Colômbia. A missão era trazer um bom resultado contra um time perigoso, pois havia derrotado o Atlético-MG, no Mineirão, na fase de grupos. Andreas Pereira se despediu do clube naquele jogo, mas fez o gol da vitória magra por 1×0.
Para a volta, recomendava-se cuidado, mas não foi preciso. O novo quarteto mágico de ataque com Everton, Arrascaeta, Pedro e Gabigol não deu chances ao Tolima, pois os colombianos acharam que poderiam enfrentar o Flamengo de peito aberto. Resultado: 7 a 1, com quatro gols de Pedro. O Flamengo de Dorival mandava avisar que estava vivo.
4. O Inferno
Uma semana depois do 7 a 1 e a vaga garantida para as quartas de final da Libertadores, o Flamengo de Dorival Júnior precisava superar o maior desafio até aquele momento. Virar na Copa do Brasil para cima do poderoso Atlético-MG, que chegava ao Maracanã com uma vantagem de 2 a 1. Para a virada, o Rubro-Negro contou com quase 70 mil torcedores que cumpriram a profecia de Gabigol e transformaram o estádio em uma filial do inferno.
No campo, em 13 de julho, o Flamengo não deu sossego ao Atlético e empilhou chances de gol. Arrascaeta marcou duas vezes, garantiu a vaga nas quartas de final da Copa do Brasil e a festa. O Flamengo de Dorival era uma realidade. Um time sólido defensivamente e mortal no ataque, o oposto do que Paulo Sousa deixou. Isso tudo em pouco mais de um mês.
5. Os dois Flamengos
Classificado para as quartas de final nas duas copas, o Flamengo de Dorival Júnior se multiplicou. O treinador garantiu que não desistiria de vencer também o Brasileirão, mas afirmou que os 11 titulares não tinham condições de jogar sempre. Por isso, o técnico passou a adotar duas escalações completamente diferentes.
E funcionou. O Flamengo do Brasileiro, sem os titulares, engatou sete vitórias em oito rodadas. No único empate, contra o Palmeiras, no Allianz Parque, o time do Brasileiro, Menguinho para os íntimos, venceu o bicampeão da América no primeiro tempo, mas cedeu o empate na etapa final. O ponto alto do time reserva, sem dúvida, foi a goleada por 5 a 0 sobre o Athletico-PR, no Maracanã.
6. Dorival contraria a Nação
Em uma das entrevistas coletivas pós-jogo desde que assumiu, Dorival Júnior cunhou a frase: “No futebol, o inferno está a um palmo do céu.” O técnico do Flamengo viveu essa situação em quatro de setembro, um domingo de sol no Maracanã. No dia anterior, o Palmeiras havia empatado com o Red Bull Bragantino.
Se vencesse o Ceará, o Rubro-Negro ficaria a cinco pontos do líder, mas Dorival não abriu mão das suas convicções. Ele se recusou a escalar o time das Copas, que voltara da Argentina com um 4 a 0 sobre o Vélez. A vaga na final da Libertadores estava praticamente assegurada. Depois do empate em 1 a 1, as críticas vieram pesadas. Houve praticamente unanimidade entre torcedores e analistas. Dorival havia perdido uma grande chance por falta de coragem.
7. A três passos dos paraísos
Com o Brasileirão fora de alcance, o Flamengo de Dorival Júnior se dedicou às copas. Na Libertadores, empilhou vitórias dentro e fora de casa contra Corinthians (2 a 0 e 1 a 0), nas quartas de final; e Vélez (4 a 0 e 2 a 1), nas semifinais. Dorival levou o Rubro-Negro a sua terceira final na competição continental em quatro temporadas. O capitulo final está marcado para 29 de outubro, em Guayaquil, contra o Athletico.
Na Copa do Brasil, o Flamengo de Dorival também não deu chances aos seus adversários. Primeiro Athletico nas quartas, quando um golaço de bicicleta de Pedro decidiu o confronto na Arena da Baixada. Nas semifinais, contra o São Paulo, 3 a 1 no Morumbi e 1 a 0 no Maracanã. Sem riscos. O Flamengo de Dorival chegava à maturidade. Para o título, restam novos encontros com o Corinthians, em 12 e 19 de outubro.
Até o fim de outubro, Dorival Júnior vai saber se a sua terceira passagem pelo comando do Flamengo será histórica ou decepcionante. E tudo será decidido no detalhe, pois, como ele mesmo gosta de dizer, a distância no futebol entre céu e inferno nunca é maior do que um palmo.