O preparador físico do Flamengo na era Rogério Ceni e Renato Gaúcho, Rafael Winicki, foi entrevistado pelo MRN e revelou todos os detalhes de sua passagem pela Gávea. O profissional disse como foi feito seu processo de entrada, elogiou a comissão técnica de Ceni e lamentou a falta de uma maior sinergia com o staff de Portaluppi.
Além disso, deixou claro que poderia retornar ao Mais Querido no caso de uma futura oferta, mas salientou durante o bate-papo que o clube poderia valorizar mais seus profissionais na parte financeira. Confira abaixo a entrevista na íntegra.
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Como foi feito o convite por parte do Flamengo?
”O convite foi feito pelo Tannure, que é o chefe do departamento médico do Flamengo. Na época eu já trabalhava com diversos atletas de forma individualizada e complementar de fora do clube. Ele já conhecia meu trabalho, já existia uma sintonia profissional. Eu vinha entregando ótimos resultados para diversos atletas, inclusive atletas que tinham necessidade de um acompanhamento mais individualizado. Ou por conta de desgastes excessivos, ou por estarem voltando de lesão. Ele me convidou para fazer esse mesmo trabalho, só que dentro do clube, tendo um acompanhamento mais próximo ainda”.
Em que momento considerou ser seu auge profissional dentro do clube? Teve algum específico?
”Com certeza meu auge profissional foi na era Rogério Ceni. Que na verdade foi o único momento que tive autonomia para implementar meu trabalho. O preparador físico do Rogério, o Danilo, tinha uma sintonia muito grande com a minha linha de trabalho. Nos entendíamos muito bem, profissionalmente existia essa sinergia e foi onde ele me chamou para para ficar mais próximo dele em todos os processos de elaboração dos treinamentos. Tanto na parte do treinamento da parte de força, tanto na parte do trabalho de campo. Coincidência ou não foi o período que a gente passou o maior período de tempo sem lesões. Ficamos mais de 60 dias sem ter nenhuma lesão com esse calendário ‘maluco’ que é o futebol brasileiro. Mas foi meu auge por ser o único momento em que introduzi minhas ideias e plano de trabalho”.
No fim de 2021, muitos criticaram o setor que você atuava como um dos responsáveis pelo elenco sofrer questões físicas na final da Libertadores. Houve um exagero por parte dos torcedores?
”Torcida é exagerada de modo geral. Torcedor envolve paixão, uma coisa muito passional, nervos à flor da pele. Se tratando de Flamengo então, a pressão é muito grande, a torcida é muito grande e sempre ocorre excessos por conta dessa paixão. Eu também sou torcedor, por muitas vezes estou na arquibancada gritando, e é coisa de torcedor, faz parte. Agora, nesse momento específico, foi na era do Renato Gaúcho, onde eu não tinha nenhuma autonomia. Não participava de nenhum dos processos da preparação física. E era um final de temporada, não aconteceu só no Flamengo. Se for analisar, o time do Palmeiras também chegou cansado, vários jogadores tiveram câimbras na final e era um final de temporada, os atletas apresentavam um desgaste natural”.
O clube tinha interesse em permanecer com você na comissão do Paulo Sousa? Ou você optou por uma ruptura?
”Não sei dizer se o clube tinha algum interesse em permanecer comigo. Essa decisão partiu de mim. Antes da temporada acabar eu já tinha isso comigo mesmo, que eu não iria continuar na temporada seguinte. Independente do que fosse acontecer, a decisão era minha. Não fazia sentido continuar em um lugar onde não conseguia implementar minha linha de trabalho. O lugar onde é uma exigência de tempo, de energia e mental muito alta para pouco retorno que eu vinha tendo. Tanto em termos de poder participar dos processos que eu gostaria, tanto de retorno financeiro. Eu consigo ter um retorno maior trabalhando fora, do que tinha lá dentro. E não só isso, como acredito que consigo ajudar muito mais estando fora e trabalhando de forma individual com vários atletas, do que estando lá dentro e não poder fazer nada do meu trabalho”.
Voltaria um dia ao Flamengo? E caso dê, explique para o público o ganho que poderiam ter ao adquirir o seu curso de Potência e Pliometria, disponível em seu site
”Eu nunca fecho portas (sobre voltar ao Fla). Tudo depende da proposta, da oportunidade, do cenário. Eu teria que avaliar todo o contexto, mas se tratando de Flamengo eu sem dúvida que eu vou avaliar tudo com carinho especial principalmente porque é meu time de coração também. O que vivi ali dentro foi um sonho, poder estar ali dentro vivenciando o meu time de coração (…) E em relação ao meu curso de Potência e Pliometria, é um curso voltado para os profissionais da área da preparação física.
Fisioterapeutas, estudantes e também atletas praticantes como muitos fizeram meu curso e tenho certeza que obtiveram informações muito importante para poder aplicar no treinamento voltado para a melhora da potência. Mais de 800 pessoas já fizeram esse curso e os feedbacks são excelentes. Tem parte teórica, parte prática. Tudo de forma muito clara, didática e mostrando como todas as informações acontecem na prática”.