Com muitas mudanças em relação a histórica goleada contra o Tolima pela Libertadores, o Flamengo foi derrotado pelo Corinthians no Brasileirão. Apesar do revés, foi possível identificar uma equipe organizada e evoluindo em alguns aspectos.
Confira a análise da última partida: Análise: Como o Flamengo alcançou seu ápice no ano contra o Tolima?
Dorival Jr e Vitor Pereira protagonizam primeiro tempo bem estudado
Dorival Jr. manteve a estrutura em losango usada no Maraca pela competição continental, mas com características diferentes. Com Matheus França e Victor Hugo no meio de campo a equipe ganhou em vitalidade, porém perdeu em qualidade no passe e verticalidade dada por Arrascaeta e Everton Ribeiro.
Nos minutos iniciais, Vitor Pereira preparou uma pressão bem orientada na saída de bola rubro-negra. Limitando as saídas pelos lados do campo e forçando passes em Thiago Maia, pressionado pelos volantes. Adson alternava encaixes pelo lado e por dentro.
O Flamengo respondeu na mesma moeda os encaixes em pressing utilizando um modelo diferente. Com as coberturas já usuais dos volantes nos laterais adversários, o trio de ataque era responsável por pressionar os zagueiros e o volante Cantillo.
As equipes começaram a encontrar algumas soluções para fugir da pressão: Pelo lado do Fla, conexões rápidos usando os triângulos zagueiro-lateral-volante. Pelo lado corinthiano, buscando inversões a fim de encontrar o lado sem a cobertura da trinca de volantes.
Do meio para o fim da primeira etapa, Fla e Corinthians passaram a marcar numa zona + recuada, por questão física. O Mengão conseguiu trazer mais perigo. Na sua maior chance na partida, a bela dinâmica entre Victor Hugo, Matheus França e Vitinho parou na trave.
Ainda assim os 45 minutos iniciais terminaram com bastante equilíbrio. Mesmo com o Flamengo mais perigoso, o Corinthians manteve-se competitivo. Dessa forma, forneceu pouquíssimas chances para o Mais Querido.
Apesar do Corinthians mais vertical, Rodinei marca contra
A etapa final começou com duas mudanças do alvinegro: Mosquito e Roni entraram nos lugares de Piton e Cantillo. O técnico desmontou a variação em linha de cinco que realizava em bloco médio/baixo o lateral-esquerdo Piton para atuar predominantemente em 4-1-4-1.
Com Du Queiroz mais recuado e Adson pela esquerda, o Corinthians voltou a realizar uma pressão agressiva na saída de bola do Fla. Com ponteiros de pé dominante para fora, a proteção do corredor lateral foi facilitada. Além disso, a dupla era melhor acionada em profundidade.
Como resultado, o Flamengo voltou a apresentar problemas na saída de bola. Sem a opção de Pedro para receber bolas longas, a equipe não conseguia vencer as dinâmicas agressivas corinthianas a fim de dificultar os apoios por dentro e pelo lado mais uma vez.
Apesar das mudanças, um erro individual foi o fator preponderante para o Corinthians abrir o placar. Após facilitar o cruzamento de Adson na área, Rodinei interceptou a bola com o pé e direção erradas. Gol contra difícil de explicar no alto nível. 1×0.
Atrás no placar, Dorival Jr. reforçou o ataque com peças importantes. Pedro e Everton Ribeiro entraram para pesar a última linha defensiva do Corinthians. Já Marinho entrou inicialmente mais centralizado, mas naturalmente buscou movimentos partindo do lado para o centro do campo.
Vitor Pereira sacou Giuliano e Rafael Ramos para as entradas de Bruno Méndez e Bruno Melo. A equipe paulista passou a atuar predominantemente em linha de cinco, marcando em bloco médio/baixo, buscando as transições ofensivas.
Corinthians se defende no fim e garante vitória
O Corinthians conseguia lidar bem com os ataques do Flamengo e conectava rapidamente os ponteiros para explorar as costas dos laterais rubro-negros. Seja em transição, tal qual em organização ofensiva.
Nos minutos finais, o Fla partiu para o tudo ou nada com Lázaro no lugar de V. Hugo. Buscando abrir espaços na linha de cinco do Corinthians com dois ponteiros e preenchendo a área com Gabi e Pedro. Todavia, a execução da ideia não foi nada efetiva nenhuma chance foi criada.
Por fim, Roger Guedes e Pedro tiveram as grandes chances de mudar o marcador, porém ambos foram mal nas tomadas de decisão. Num jogo tão equilibrado, chances cristalinas como essas possuem muito impacto no resultado final.
Mesmo com derrota, Flamengo apresenta evolução
Dado o contexto de muitos jogadores poupados para enfrentar o Atlético-MG na próxima quarta-feira, a equipe que enfrentou o Corinthians conseguiu fazer um jogo bem disputado. Consolidando algumas ideias estabelecidas na goleada contra o Tolima e apresando boa resposta sem bola.
Os movimentos de cobertura dos volantes nos corredores laterais e as dinâmicas de cobertura em bloco alto foram pontos positivos a serem destacados. Apesar de não ter feito uma ótimo jogo, Matheus França iniciou bem sua trajetória como profissional.
Entretanto, toda derrota traz aprendizados. Os problemas para lidar com a pressão adversária e de ser contundente no ataque (mesmo com Pedro no segundo tempo) são alertas que precisam ser ligados.
A dificuldade dos laterais em gerar apoio a frente também chamou a atenção. Enfim, com um trabalho iniciado no meio de gigantesca turbulência dentro e fora do campo, Dorival Jr. consegue apresentar respostas a cada jogo. O Flamengo ainda carece de melhores mecanizações (em especial com bola) para ser mais dominante nos jogos. Mas hoje segue um caminho.
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