O Flamengo encerrou uma sequência de 19 jogos sem derrotas ao perder para o Fluminense na tarde do último domingo (18). A princípio um clássico marcado por polêmicas de arbitragem, bem como um jogo bem disputado em muitos momentos por ambas as partes.
Flamengo sufoca saída do Fluminense e é perigoso nas transições ofensivas
O duelo entre duas equipes que (de formas diferentes) têm em suas propostas o jogo apoiado e a concentração de muitos jogadores no setor da bola, foi muito acelerado desde os primeiros minutos.
Enquanto o Fluminense prefere construir mais curto desde o goleiro até chegar ao gol, por outro lado o Flamengo é mais vertical no ataque. Nesse sentido, as abordagens com bola influenciam muito a eficiência das equipes no momento defensivo.
O Fla x Flu começou com ambas as equipes buscando ter a posse e pressionar alto o adversário no momento sem bola. Todavia, o Rubro-Negro conseguia se proteger melhor e ser mais agressivo, muito por conta de algumas de suas ideias.
Dado a clara orientação de Diniz para que os atletas tricolores não forçassem passes mais longos, o Flamengo conseguia subir seu bloco de marcação sem ter tantos problemas para lidar com a profundidade às suas costas. Como resultado, conseguiu em muitos momentos limitar a “toqueira” tricolor ao seu campo de defesa.
Além disso, o Flamengo conseguia roubar algumas bolas e conectar transições ofensivas. Dessa forma, criou duas grandes chances no primeiro tempo, desperdiçadas por Arrascaeta e João Gomes.
Já no momento em que o Mengão tinha a posse, o Fluminense não conseguia ter a mesma eficiência para pressionar, por conta de uma arma muito usada por Dorival Jr. : Pedro. Caso a equipe se sentisse constrangida em sair mais curto, o centroavante era rapidamente era acionado, buscando regiões mais vazias no campo.
Dessa forma, o Flamengo teve sua melhor chance na primeira etapa com Arrascaeta, após bela conexão entre o goleiro Santos e Pedro. O uruguaio não esteve numa tarde tão inspirada e perdeu mais uma oportunidade.
Fluminense vai melhor nas execuções e abre o placar
Antes de mais nada, o futebol é um jogo que premia a assertividade nas execuções. Mesmo que ocorra uma nítida diferença de abordagem que favoreça uma das equipes, quem for mais eficiente é quem vence no jogo. E foi assim que o Fluminense começou a vencer o Flamengo.
Primeiramente vencendo a pressão rubro-negra, construindo mais curto, vencendo os encaixes rubro-negros para avançar no campo e na sua única grande oportunidade no primeiro tempo, abrir o placar. Contra-ataque rápido que encontrou uma das vulnerabilidades do Flamengo: a inversão de corredor no lado despovoado.
A bela jogada de André, que encontrou Matheus Martins livre pelo lado esquerdo. Santos espalmou o chute do atacante e, conforme Raphael Claus, derrubou Cano no rebote. Pênalti convertido por Ganso. 1×0.
Mesmo com o Flamengo sendo mais efetivo em transformar sua proposta em uma certa superioridade no jogo, o Fluminense conseguiu executar melhor suas ações e sair na frente.
Flamengo apresenta problemas em organização ofensiva e deixa de ser superior no jogo
Diferentemente dos 45 minutos iniciais, o Fluminense começou o segundo tempo baixando suas linhas e se defendendo em bloco baixo. A ideia era de limitar as construções mais longas do Flamengo, protegendo melhor as costas. Todavia, a proposta facilitava ao Mengão a chegar próximo do gol com zagueiros e volantes tendo maior liberdade para progredir no campo.
Nesse balanço, o Flamengo passou a deixar de ser superior no jogo, pois não conseguia construir curto mesmo com certa liberdade para isso. Com os ponteiros Matheus Martins e Arias baixando bastante para proteger o corredor lateral, cabia ao Fla forçar dinâmicas pelo corredor central para criar oportunidades de gol.
Mas o Mengão seguia forçando o jogo pelo lado e parava nas dobras tricolores no setor. Assim, última alternativa foram os cruzamentos diretos para área longe da linha de fundo. Pedro e Arrascaeta foram os principais alvos, mas passavam longe de finalizar com perigo as bolas lançadas.
Ainda assim, o meia uruguaio finalizou duas vezes com perigo em mais duas transições ofensivas. O Flamengo tinha muito mais facilidade de atacar o Fluminense quando o adversário não estava postado para se defender.
Fluminense retoma posse e marca segundo gol em bola parada
Após um período de cerca de 20 minutos onde o Flamengo teve pela maior parte do tempo uma posse de bola pouco produtiva, o time das Laranjeiras retornou a reter a bola.
Diferentemente da primeira etapa, onde era bastante constrangido pela marcação do Flamengo, se organizava ofensivamente com muito mais facilidade, trocando passes em regiões mais avançadas do campo. Após uma boa construção pelo lado esquerdo, uma falta ocasionou no segundo gol do Fluminense.
A rápida cobrança de Ganso encontrou Cano na pequena área. Santos fechou o ângulo para a finalização, mas na sequência Martinelli cruzou na pequena para o cabeceio de Nathan. 2×0
Flamengo abafa no fim, mas não consegue empate
Mesmo estrategicamente no seu pior momento no jogo, o Flamengo conseguiu descontar com Gabi forçando um cruzamento na área. Cebolinha e Vidal já haviam entrado nos lugares de Arrascaeta e João Gomes, a fim de ter mais impacto pelo lado do campo.
Com Marinho e Victor Hugo, Dorival Jr. postou o Flamengo numa espécie de 4-2-4 para os minutos finais, porém a confusão minutos após o gol rubro-negro e quatro expulsões quebraram completamente qualquer nivel de organização para buscar o empate.
É impossível deixar de considerar ações externas ao desempenho dos jogadores. Psicologicamente abalados, é impossível executarem as ideias propostas, ainda mais num contexto de fim de jogo. Logo, os minutos finais precisam considerar principalmente outros aspectos além do tático.
Balanço Final de Flamengo x Fluminense
Em resumo, o clássico foi um bom jogo de futebol por muitos momentos. O Flamengo conseguiu ser superior ao Fluminense na maior parte do tempo, mas teve problemas de execução e de proposta para sair vencedor do Maracanã.
Um jogo com erros e acertos. De uma equipe que mesmo nas derrotas se mostra organizada e com claras ideias com e sem bola. Perder um clássico nunca é bom, mas o jogo em si não é um alerta com relação ao desempenho da “Equipe das Copas”.
Se há um possível (e natural) alerta a ser feito, está em relação a como o time lida psicologicamente em situações adversas. Seja no aspecto tático, como também especialmente nos aspectos técnicos e emocionais.
Enfim, o Flamengo de Dorival Jr. segue se apresentando forte para disputar dois títulos em outubro. Cabe agora ser mais eficiente e lidar melhor com adversidades para vencer as duas finais que irá disputar no período.
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