Vinícius Jr. foi essencial para a vitória do Brasil sobre a Sérvia. Com participação nos dois gols, o jogador formado na Gávea foi decisivo em sua estreia pela Seleção em Copas.
A princípio, todo destaque vai ao atleta. Todavia, Tite também precisa ser reconhecido.
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Entenda como o Brasil atua com e sem bola
Antes de mais nada, é preciso entender como a Seleção atuou com e sem bola. Ofensivamente a equipe usou duas variações mantendo os laterais mais centralizados:
1) Saída de 3+2, com Danilo mais próximo dos zagueiros e Alex Sandro mais perto de Casemiro.
2) Saída 2+3, com Danilo e Alex Sandro mais próximos de Casemiro, contudo sem gerar amplitude máxima.
Esse tipo de saída permite uma melhor transição defensiva. Ou seja, no momento em que o Brasil perde a bola, a equipe está preparada para retomar a posse, pois a formação condiciona o adversário a abrir o jogo e reduzir o ritmo do contra-ataque.
Assim, a ocupação do corredor lateral esteve majoritariamente designada a Vinícius Jr. e Raphinha. Já o corredor central foi ocupado por Neymar, Paquetá e Richarlison.
A dupla de pontas tinha dois objetivos principais:
1) Espaçar a defesa sérvia, de modo a gerar mais espaços para o jogo interior do Brasil
2) Gerar superioridade qualitativa, ou seja, vencer os duelos individuais contra seus opositores partindo da lado para o centro.
Defensivamente, o Brasil atuou num 4-4-2 com Neymar mais próximo de Richarlison. Marcação zonal com alguns encaixes individuais específicos na saída de bola, em especial no lado do campo. Uma formação que, num primeiro momento, requer bastante de Vini Jr. sem bola.
A modificação de Tite que potencializou o futebol de Vini Jr.
Dado o contexto geral da atuação coletiva brasileira, vamos adentrar no ajuste realizado por Tite. Sabendo das naturais dificuldades de Vini Jr. em proteger o lado, o técnico promoveu uma variação defensiva, de modo a dar maior responsabilidade a Raphinha sem bola.
Ao passo que o Brasil se organiza no seu campo defensivo, Raphinha passava a atuar como uma espécie de lateral, enquanto Vini Jr. seguia próximo da dupla de ataque. De modo que o Brasil se defendeu em muitos momentos numa espécie de 5-2-3. Tite teve dois objetivos principais nessa variação:
1) Proteger melhor a profundidade, dado que a Sérvia ataca bastante pelo lado do campo
2) Reduzir as responsabilidades defensivas de Vini Jr. Assim, o atacante estaria sempre próximo do gol.
Como resultado, o ponta direita teve mais liberdade e até mais fôlego para executar suas ações com bola. Bem como gerou muito desconforto ao lateral-direito Živković, que apoiou pouco devido às necessidade de proteger seu setor.
E foi assim que o Brasil chegou ao seu segundo gol. Organização ofensiva com Vini Jr. mais próximo do gol e focado na sua principal função: ser decisivo com bola. O curioso é que no lance, Raphinha consegue participar do lance à frente no campo.
Enfim, após muitas críticas (justas) sobre o posicionamento de Vini Jr. em campo, Tite parece ter encontrado uma solução interessante, que não modifica tanto a forma na qual a seleção atua e potencializa o melhor jogador brasileiro da última temporada.
Baila Vini!
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