Mais irregular que a CNH que fez o Bruno Henrique ser parado na blitz. Que prestação de contas de governador cassado do Rio de Janeiro. Que asfaltamento de rodovia que cruza cidade pequena, naquele trecho que você sabe que é cheio de borracharia porque todo carro que passa por ali estoura pneu. Esse é o Flamengo de Jorge Sampaoli, uma das versões menos previsíveis e regulares da equipe rubro-negra que já vimos em muitos anos.
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São partidas em que você acredita que podemos ser campeões seguidas de jogos em que você se pergunta se esse time garante G6. São lances em que você pensa “meu Flamengo voltou” seguidos de outros em que você confere o receptor da NET pra ver se não sintonizou sem querer a TV 100 Futuro e alguém vai gritar “Bora Billl”, dado o nível de confusão do futebol jogado.
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E tivemos mais um capítulo dessa emocionante e torturante jornada na tarde desse domingo (20), quando o Flamengo enfrentou o Coritiba no que poderia ser um jogo fácil, por um dos times ser o penúltimo colocado do Brasileirão, com apenas três vitórias e um saldo negativo de quase 20 gols. Mas não foi fácil, porque o outro time era o Flamengo, comandado por Sampaoli.
Não que no primeiro tempo a equipe não parecesse ter a intenção de acelerar as coisas. Bruno Henrique estava endiabrado, Victor Hugo e Arrascaeta tinham boas atuações e até mesmo a dupla de zaga se mostrava segura na busca pela vitória.
Mas um Flamengo viciado em repetir os próprios erros segue ignorando algo que nossos adversários parecem saber ao menos desde 2021 e obviamente Filipe Luis, ao ficar no mano a mano com um jogador de velocidade, acabou levando a pior.
Mas ainda assim tudo bem. Uma vitória parcial por 2×1, contra uma equipe inferior. Tudo que era necessário para o segundo tempo era atenção e um mínimo de qualidade para matar o jogo. O que Flamengo e Sampaoli apresentaram foi, obviamente, o exato oposto disso.
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Com uma time que voltou perdido e foi progressivamente se dispersando mais e mais a cada minuto, até mal lembrar que estava em campo. O que vimos na segunda etapa foi um festival de passes errados, movimentações confusas e ações sem sentido, como se o Flamengo de Sampaoli tivesse realmente aproveitado que era tarde de domingo, depois do almoço, e resolvido tirar um longo cochilo.
Cochilo esse que resultou no bizarro empate da equipe de Curitiba, e só não acabou significando mais dois pontos desperdiçados por causa dele, Gerson. Sim, o homem que tinha, nas últimas semanas, deixado claro que era um especialista em usar a porrada pra resolver problemas extra-campo, decidiu fazer um isso também com a bola rolando, através de um chutaço que, nos minutos finais da partida, garantiu que o Flamengo não ficasse ainda mais pra trás dos líderes do Brasileirão.
Uma vitória importante, claro. Mas que não disfarça o fato de que seguimos acompanhando um Flamengo irregular, errático, que consegue oferecer variações extremas não apenas dentro do mesmo torneio como dentro da mesma partida – e às vezes até mesmo dentro da mesma jogada. E que, além disso, deixa claro o quão urgentes são mudanças e melhorias se queremos mesmo vencer a Copa do Brasil ou seguir tentando disputar o Brasileirão.
Porque, por mais emocionante que seja, o Flamengo não pode ficar dependendo das porradas de Gerson. Sejam elas na bola ou no rosto de alguém, a fim de lembrar que precisa jogar bola. Nem a torcida e nem o nariz do Varela aguentam algo assim.
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