Não que o Flamengo não tenha vivido temporadas piores. Num clube onde tudo precisa sempre ser gigante, as glórias são imensas e os fracassos também conseguem ter proporções constrangedoras. Já vivemos temporadas de título mundial, de Libertadores e Brasileiro, de Copa do Brasil, de Tri-carioca? Claro. Mas o rubro-negro já lutou contra o rebaixamento, de perder título para o Paulista de Jundiaí, de eliminação por time mexicano em pleno Maracanã.
Então dizer que chegar em novembro sem títulos e brigando por vaga na Libertadores é “uma das piores temporadas da nossa história” seria não apenas um baita revisionismo como até mesmo uma mentira das mais deslavadas. Afinal, que sonho seria se disputa pelo G6 fosse o pior cenário de fim de ano que o Flamengo já viveu.
Leia mais do autor: João Luis Jr: O telefone tocou e infelizmente era a realidade ligando
Mas é inegável que a temporada de 2023 tem sim um lugar especial no panteão dos piores anos já vividos pela nação rubro-negra. Muito pelo fato de que, ainda que já tenhamos vivido situações piores, absolutamente nenhuma delas foi tão desnecessária e autoinfligida quanto a que vive o Flamengo neste ano.
Vamos pegar, por exemplo, a derrota dessa quarta-feira (1º), para o Santos, numa absurda virada por 2×1 sofrida em Brasília. É verdade que a expulsão no mínimo controversa de Gerson, ainda no final do primeiro tempo, influenciou diretamente no resultado da partida? Certamente.
Mas isso não muda o fato de que, antes mesmo do Coringa sair de campo, o Flamengo já havia sofrido um gol de empate bizarro, numa jogada em que Thiago Maia havia simplesmente doado a posse de bola, como se ela fosse um alimento não perecível na entrada de um show, e Wesley havia feito uma falta tão ridícula que você ofenderia crianças ao chamá-la de “infantil”.
Somando a isso, um segundo gol santista feito praticamente do meio de campo, onde Rossi caiu em slow motion e Thiago Maia deixou claro mais uma vez que já está em ritmo de pré-temporada para o Carioca de 2024, e você tem a síntese do que foi o Flamengo neste ano: uma mistura de decisões equivocadas, potencial desperdiçado e ostensiva burrice, que permite que sejamos derrotados, dentro de casa, por um time que luta contra o rebaixamento e poucos dias atrás estava sendo goleado por 7×1.
Ainda há esperança para o rubro-negro?
Então se as ilusões de título já haviam sido abandonadas faz um bom tempo, começa a cair por terra também a ideia de que seria fácil para o Flamengo garantir sua vaga no G4, o grupo das equipes com classificação direta para a fase de grupos da Libertadores.
Já despencamos para a sexta colocação. Temos partidas complicadas pela frente e um grupo de jogadores onde quem está em boa forma física não está em boa condição técnica. E quem está em boa condição técnica tem o psicológico totalmente em frangalhos. A única certeza é que nada é tão fácil que o Flamengo não possa complicar.
Tudo que se pode esperar então de 2023 é que ele não prejudique também 2024. Que esse ano horrível, com apenas títulos perdidos, treinadores desqualificados e atletas em péssima fase, consiga ao menos terminar com um Flamengo classificado para a Libertadores, oferecendo a Tite a possibilidade de construir um trabalho que nos faça esquecer tudo que estamos vivendo. Porque, sim, já tivemos anos piores. Mas com certeza já tivemos anos bem melhores também.
Siga João Luis Jr no Medium.
Siga o MRN no X/Twitter, Threads, BlueSky e no Instagram.
Contribua com a independência do nosso trabalho: seja apoiador.
- Últimas notícias do Flamengo: estádio, Brasileirão e Gabigol
- Internacional vence o Vasco e segue na cola do Flamengo
- Flamengo é o clube que mais jogou às 11h no Brasileirão; confira a lista
- Anitta fala sobre boatos de gravidez com ex-Flamengo
- Tostão elogia Dorival Jr sobre posicionamento de Gerson na Seleção