O presidente Rodolfo Landim fez na noite desta segunda-feira uma defesa enfática da criação de uma SAF no Flamengo como melhor modelo para financiar a construção de um estádio próprio. Landim, empresário de sucesso no ramo de petróleo, usou sua trajetória profissional como argumento para convencer os conselheiros: “Fiz isso muitas vezes, ganhei dinheiro fazendo isso”.
O MRN teve acesso a cerca de 7 minutos de áudio de uma fala de Landim aos conselheiros do clube defendendo a SAF. No fim, ao ser interpelado por um conselheiro que não foi convencido pelos seus argumentos, Landim deixou claro que pretende levar o tema adiante e consultar todos os sócios do Flamengo sobre a transformação do clube em SAF.
➕ Flamengo só precisa de 20% dos sócios para virar SAF com projeto de primo de Landim
“Você pode acreditar ou não, mas é uma discussão que eu acho que no futuro poderemos vir a ter com todos os sócios, e a decisão não vai ser minha, não vai ser sua, nós vamos ser dois votos, nós vamos ter todo o Flamengo para poder votar isso e decidir se ele entender que vale a pena. O Flamengo não é nem meu nem seu, o Flamengo é de todos nós que somos sócios proprietários do clube”, afirmou o presidente.
Landim repetiu o discurso de qual seria seu plano: vender uma parcela minoritária do clube, mantendo o controle do futebol, para financiar a construção do estádio sem endividar o Flamengo.
“Você tem que escolher o que você faz. Se você quer ter um estádio e não quer se endividar, você tem que chamar capital. E nada melhor do que chamar capital para o Flamengo no momento, mas não vendendo título a 15 mil reais, e sim captando recurso abrindo share de 500 mil reais por cada valor do título. É só isso que eu quero dizer. A forma de crescer patrimônio não é vender título por 15 mil ou 20 mil reais. É emitindo ações para diluir os sócios, mas mantendo o controle dos sócios, mas por um valor muito maior”, argumentou.
Presidente tenta convencer conselheiros de que não vão perder poder com mudança
Landim citou o caso de Vasco, Botafogo e Cruzeiro onde, segundo ele, os clubes têm “voz nenhuma” no futebol após a criação de SAFs e garantiu que esse não será o caso no modelo pretendido pelo Flamengo.
“Eu acho que a gente pode fazer uma venda primária, só dilui a gente e entra mais capital, a gente poderia levantar todo o recurso necessário para a construção de um estádio sem nós perdermos valor nenhum. De mando, de governança dentro da SAF futebol, zero. Ele `[o investidor] não vai poder fazer a bobagem, sabe por quê? Porque quem vai estar apontando quem vai ser o gestor da SAF vamos ser nós, não vai ser o presidente [do investidor]. Vamos ser nós, a gente pode tirar ele a qualquer momento”, afirmou.
O presidente tentou convencer os conselheiros de que eles não perderiam poder com a transformação do clube em SAF.
“Se você amanhã faz uma empresa Flamengo e dá para cada sócio proprietário uma ação de uma empresa chamada SAF, ele continua sendo sócio do clube, frequentando o clube. Ele vai continuar tendo o poder de definir isso que a gente estava definindo aqui, a cor da camisa, porque quem vai mandar no clube, ao contrário do que existe nos outros clubes, é o Flamengo”, disse.
Oposição teme que Landim use SAF como pretexto para seguir à frente do Flamengo
Landim encerrou sua fala garantindo que não há risco de que um “John Textor seja dono do Flamengo”, medo expresso por um conselheiro.
“E não será. Não será. Pode deixar que a gente tomou conta dele para não ter que vender o Flamengo na bacia das almas como o Botafogo e o Vasco foi feito. Olha o que a gente tá fazendo aqui. É isso que a gente está fazendo aqui, é isso que a gente está entregando para vocês”, afirmou.
Landim conclui seu segundo mandato no ano que vem e não pode concorrer a uma nova reeleição. A oposição teme que a defesa da SAF não seja visando o melhor modelo para construir o estádio do Flamengo, e sim uma forma de garantir que Landim continue à frente do Flamengo, agora como CEO da SAF, sem limite de permanência no cargo.
O Flamengo negocia neste momento a compra de um terreno pertencente à Caixa Econômica Federal na região do Gasômetro para construir o seu estádio. Ainda não existe um projeto que permita saber quanto custaria o estádio.
A estimativa de Landim é que o Flamengo possa levantar até R$ 1,5 bilhão com a venda de até 30% da sua SAF, o que financiaria a construção do estádio.
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