Pelas notícias que chegam via imprensa e pelo esforço feito pelos dirigentes do clube é possível perceber que está próxima a volta do Flamengo para o Maracanã.
O Flamengo vai jogar contra o Corinthians no Maracanã, sim! E pela primeira vez em sua história pode ser o mandante.
Mandante mesmo! Mandante, operador, sem intermediários. Sempre teve SUDERJ, Consórcio, governo para atrapalhar. Dessa vez (ao menos até o final do ano) há a possibilidade de que toda a operação seja feita pelo clube.
Para operar os jogos existem diversas preocupações, treinamentos e situações para que tudo corra bem. Logicamente não será perfeito, e ao longo do tempo, aperfeiçoaremos a operação como um todo. São centenas de itens, aspectos, funções e pessoas para colocar o estádio em perfeitas condições para quando a bola rolar e a torcida estiver dentro (de casa).
Também o antes e o depois. Desde o deslocamento do torcedor para o estádio, o acesso, a utilização e a volta do torcedor para a sua residência. Devemos ter em mente que somente com grande detalhamento na preparação, planejamento, execução e controle conseguiremos promover os eventos.
Os quatro setores
Todo estádio se organiza basicamente por setores, são quatro principais.
Fazendo uma analogia simples, um teatro é uma boa possibilidade para explicação, portanto, um estádio de futebol se divide em:
- Perímetro de segurança;
- Bastidor/suporte;
- área de frente (tudo aquilo que o torcedor pode enxergar) e;
- Campo de jogo/palco.
O caderno de estádios da Fifa explica claramente o que se deseja para organizar os eventos:
“A área de frente do local é a região dos espectadores, acomodando meios para suprir todas as necessidades dos mesmos na entrada do local. A entrada para o estádio inclui as inspeções de segurança e ingressos, áreas de retenção, saguões de circulação, quiosques de merchandising, lojas, toaletes e instalações sanitárias.
O componente FOH do local é a área alcançada pelo espectador após passar pelo ponto de entrada de espectadores e/ou revista de segurança e apresentação de ingressos. A FOH é composta por três setores principais: a área localizada fora do local e que leva ao local, o saguão que abriga os serviços para espectadores e a área de assentos dos espectadores.
As áreas de saguão consistem em espaços abertos nos quais os espectadores ficam livres para se movimentar durante o evento. Tais áreas permitem a circulação razoável de um grande número de indivíduos. Podem ser necessárias áreas de saguão tanto fora quanto dentro do perímetro seguro, dependendo do tamanho do estádio.
Dependendo das condições locais, podem ser necessários sombra/abrigo e assentos de descanso para espectadores que estejam acessando locais tanto fechados quanto abertos”.
Sobre a Área de fundo (Bastidor), também há a descrição de funções e sobre o serviço executado, em si:
“As áreas de fundo dos locais acomodam os grupos de usuários com credenciais múltiplas, como jogadores, a administração da competição, oficiais FIFA, VVIPs e VIPs, mídia, emissoras, funcionários e segurança.
O componente de fundo do local é definido como as áreas do local, projetadas para oferecer suporte à operação. Geralmente localizadas fora do campo de visão do público, as BOH fornecem acesso restrito aos indivíduos com credenciais apropriadas.
As zonas de credenciamento geral são áreas, designadas em um estádio, que restringem o acesso dos participantes a apenas as áreas para as quais os mesmos precisam ir para realizar suas funções de suporte, mantendo pessoas não autorizadas fora das áreas reservadas (ver documento de requisitos de espaços da Copa do Mundo FIFA™ para mais detalhes).
A área do complexo de transmissão fornece suporte às operações de transmissão no estádio. Está localizada próxima e com fácil acesso às instalações de mídia e transmissão na tribuna principal”.
Vale ressaltar que não apenas estas ações estão estruturadas no setor de bastidor, estão também todas as ações que fazem o todo andar, desde a gestão direta, até o controle de setores como energia, infraestrutura, alimentação, tecnologias etc. As ilustrações explicam um pouco do que se deseja demonstrar:
Centro de Comunicação e Controle
Todos os envolvidos cumprem a uma programação planejada, por meio do Plano de Atividades, a melhor forma de operação e suporte. É possível que se visualizem as ações do Pré-jogo e do Matchday.
Este controle passa também pela comunicação geral entre as áreas funcionais, as que trabalharão em prol do evento. O Centro de Comunicação e Controle é o contato entre as áreas funcionais que estão em canais separados. Ele monitora o tráfego e registra as ocorrências, trabalha como facilitador para solicitações entre usuários que não estejam alocados no mesmo grupo de conversa, fornecendo informações às áreas funcionais. É uma das grandes ferramentas para o desenrolar das ações.
Quando se fala em suporte, o controle das operações vem pelo Centro de Comunicação do estádio, Plano Diário de Atividades, Mapa de Controle Por Rádio. No dia da operação, estes gerentes (áreas funcionais) que geralmente estão em funções de planejamento (no dia a dia) trabalharão diretamente na execução, dentro do Matchday.
A meta é se estruturar de modo eficaz com os grupos no desenvolvimento e execução de planos, ferramentas, sistemas, políticas e procedimentos: gerando processos integrados e mitigando riscos — avaliando a segurança e vulnerabilidades para que os planos sejam adequados — fiscalizados através de relatórios em tempo real na instalação (estádio, não custa lembrar).
As Áreas Funcionais reportam questões ou problemas na parte final do turno de trabalho e o responsável pelo relatório é o líder da própria área funcional.
A forma de comunicação mais direta é via rádio e seu controle é feito por gestores, chefes de áreas funcionais que ficam agrupadas em blocos de comunicação que monitoram a todo o estádio. Tudo o que é feito pelos funcionários, de modo a simplificar e agilizar a operação. Desde o Gerente-Geral da Instalação (o maior cargo do estádio, uma espécie de “prefeito do campus”), setores operacionais da instalação (como o Gerente de operações, de infraestrutura, e de áreas como a de Alimentação, o Coordenador de Delegações, o de Coordenador de Arbitragem e o Líder de Equipes de Acompanhantes do Controle de Dopagem, por exemplo).
Gostaria de salientar que apenas “arranhei” a complexidade do que é a operação de uma partida de futebol. Vivi ativamente durante os Jogos Olímpicos e a magnitude deste tipo de evento é gigantesca. Assusta. Da mesma forma que assusta, dá esperança para que o Flamengo consiga resolver os problemas e atender as expectativas de sua torcida, para que ela e o time promovam o maior espetáculo da terra: Uma vitória do Flamengo dentro de um estádio de futebol. Não há nada igual!
Espero ter conseguido trazer um pouco mais da complexidade de um evento para os leitores do blog.
@lavfilho
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