Em entrevista exclusiva ao MRN, publicada na íntegra no último sábado (9), o diretor de Marketing do Flamengo, Marcos Senna, revelou que o clube estuda adotar preços dinâmicos para os ingressos de suas partidas. Ou seja, o valor do ingresso variaria de acordo com a demanda dos torcedores.
“O Flamengo está tentando fazer algo em relação aos preços? Sim! Estamos buscando soluções científicas. Podem ser diversas! De algoritmo. Preço dinâmico, igual as passagens aéreas. O sistema precifica de acordo com a demanda. A gente tá entendendo tudo que existe relacionado no mercado”, afirmou o dirigente.
Embora seja mais comum em outros setores da economia, há registro do uso de preços dinâmicos no futebol. Na Inglaterra, o Derby County foi o primeiro a adotar a prática em 2012, com o preço de ingressos variando de acordo com o adversário e os dias de antecedência comprados. Na atualidade, clubes maiores, como o Arsenal, adotam em alguma forma a medida.
Na MLB, Liga de Beisebol dos EUA, os ingressos dinâmicos foram implementados pelo San Francisco Giants em 2009, que registrou um aumento de 20% na venda de ingressos e também de receitas. Atualmente, diversos times da liga, como Seattle Mariners e Kansas City Royals, vendem todos os seus ingressos avulsos usando essa precificação.
” O preço dinâmico oferece aos fãs mais opções de valor do que antes. Os preços são baseados numa variedade de fatores como adversários, dia da semana, mês da temporada, tempo etc. Como os preços podem mudar por uma variedade de condições de mercado, encorajamos os torcedores a planejar com antecedência, para assegurar os melhores preços e lugares”, diz o site do time de Seattle.
Preço dinâmico pode combater perda de receita para cambistas
Não se sabe como a implantação de um ingresso dinâmico seria conjugada com o programa de sócio-torcedor do Flamengo. Os times americanos não usam o preço dinâmico para os pacotes de temporada, mas aqui eles ainda são a menor parte dos ingressos vendidos.
O ingresso dinâmico também seria uma forma de combater a perda de receita do Flamengo com cambismo nas partidas de alta demanda.
“A realidade é que o Maracanã só tem 60 mil lugares. Não tem mais 200 mil lugares. Sempre vai ter gente de fora. Outra coisa importante é não ignorar o mercado de cambismo. Se o valor do ingresso é de R$ 50 e o cambista vende por R$ 200, quem entra pagou R$ 200. e a receita não está vindo para o Flamengo”, disse Senna.
Os preços dinâmicos foram popularizados por apps como o Uber, que calculam o valor com base na demanda em um determinado momento. A prática se popularizou nos últimos anos pelas companhias aéreas, que calculam a tarifa oferecida a partir dos cookies do computador do usuário, considerando o histórico de voos e pesquisas já feitas por ele e até se possui ou não um cadastro em programas de fidelidade.
Em 2023, o Flamengo arrecadou mais de R$ 100 milhões com venda de ingressos, mas sofreu muitas críticas pela precificação, principalmente na final da Copa do Brasil.
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