Como você já deve ter ouvido inúmeras vezes, errar é humano. Somos um grupo biológico propenso ao vacilo, somos uma espécie que simpatiza com o equívoco, temos todos, em algum grau, um pouco de DNA de Chico Moedas. Mas errar é parte do processo de aprendizado, é com as tentativas que encontramos soluções e até mesmo no campo cognitivo, a falha de hoje pode ser a base pro acerto de amanhã.
Ou seja, o problema não é errar. O problema é repetir os mesmos erros. É a sua amiga que volta com o ex porque ele disse que “mudou”, é o seu conhecido que está no terceiro namoro a distância seguido, é você tentando encaixar o pen drive quatro vezes mas sempre na mesma posição. E claro, é o Flamengo entregando de mão beijada uma vitória que parecia já resolvida numa partida de Libertadores.
➕ Uma vitória gostosa e segura de um Flamengo tranquilo e previsível
Porque claro, sempre vai existir a lista de atenuantes. Havia a altitude de Bogotá, havia o cansaço da equipe, havia aparentemente a lista de lesões e desfalques que Tite mencionou após a partida e que obviamente deixaram o Flamengo aquém do que poderia ter sido. Nada disso pode ser ignorado, tudo isso é sim digno de menção.
Mas nada disso, absolutamente nada, justifica que o Flamengo, com um jogador a mais em campo, sofra o gol de empate aos 35 minutos do segundo tempo, após assumir a vantagem no placar. Nem se o jogo fosse na altitude da Monte Everest nossa defesa poderia se posicionar daquela maneira, nem se a partida fosse disputada em gravidade zero faria sentido Pulgar terminar aquela jogada sentado daquele jeito no chão ou mesmo toda a atuação do atleta Viña na partida de ontem.
Não que seja um resultado absurdo ou terrível, claro. Empate fora de casa na Libertadores nunca será lido como tragédia, a altitude tem sim a tendência de complicar a vida do Flamengo e durante a maior parte da partida ficou visível a superioridade técnica da equipe rubro-negra diante dos colombianos.
Mas é preciso que esse empate, frustrante como foi, acenda sim um sinal de alerta para algumas coisas óbvias, mas que a torcida e até mesmo algumas pessoas no clube podem ter esquecido.
Primeiro é que o Campeonato Carioca te prepara pra Libertadores, Brasileirão e Copa do Brasil da mesma maneira que um quebra-cabeça de 10 peças da “Patrulha Canina” te prepara pro vestibular de medicina da UFRJ. Sobrar no Carioca não é mérito, é obrigação, não tomar gol no estadual é legal, mas é mais ou menos como se um lutador de MMA adulto comemorasse não apanhar na festinha de 5 anos dos próprios sobrinhos (tema da festa: “Frozen 2”).
Depois é que o Flamengo, se quer ganhar títulos importantes, não pode se dar ao luxo da desatenção. Desligou do jogo na Libertadores? Vai tomar gol. Tirou o pé no Brasileirão? Vai perder pontos importantes. Distraiu por cinco segundos na Copa do Brasil porque a namorada do seu zagueiro estava postando stories sobre como a nova namorada do ex-dela teria tratado mal a filha dela? Lá se vai a classificação.
Que os erros desse empate sirvam então de lição não apenas pros próximos confrontos da Libertadores como também para as outras competições que temos pela frente. Afinal, não adianta nada montar um time que parece tão melhor e tão diferente daqueles de algumas temporadas passadas se for pra cometer os mesmos erros de quando éramos treinados por Vítor Pereira ou de quando tínhamos Marcinho e Jaílton em campo.
João Luis Jr. é jornalista, flamenguista desde criança e já viu desde Walter Minhoca e Anderson Pico até Adriano Imperador e Arrascaeta, com todas as alegrias e traumas correspondentes. Siga João Luis Jr no Medium.
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