O MRN obteve acesso ao áudio de uma explicação detalhada do presidente Rodolfo Landim sobre os motivos de o Flamengo investir simultaneamente na concessão do Maracanã pelos próximos 20 anos e na construção de um estádio próprio, que ficou mais próxima do que nunca após a Prefeitura do Rio desapropriar o terreno do Gasômetro em um decreto nesta segunda-feira (24).
O MRN já havia publicado informações sobre a explicação feita por Landim a membros do Conselho Deliberativo no último dia 23 de maio, mas agora o áudio permite reproduzir de maneira completa o raciocínio do presidente. Ouça abaixo:
➕ Estádio do Flamengo precisará de licença que não depende da prefeitura
Landim começa a explicação estimando que o processo de construção do estádio do Flamengo deve levar ao menos cinco anos, o que já englobaria um quarto da concessão do Maracanã.
Depois, ele esclarece os motivos pelos quais o Maracanã não pode ser uma solução definitiva para o Flamengo:
- O fato de ter que dividir o estádio com o Fluminense e, eventualmente, com o Vasco, que faz que o Maracanã seja o estádio com mais jogos por ano, o que castiga o gramado;
- A limitação de receitas pelo fato de o estádio perder cerca de 10 mil lugares entre cadeiras cativas e assentos inutilizados do setor visitante pela arquitetura feita à medida para a Copa do Mundo;
- E o fato de o estádio pertencer ao governo, o que significa que o Flamengo precisa ceder camarotes e atender outras exigências.
Landim projeta maiores receitas de matchday com projeto de novo estádio
“Se você projeta um estádio desde o início para atender a um projeto você consegue segmentar seu estádio e fazer vários produtos de 2 mil, 3 mil, 4 mil lugares que em termos de marketing te permitem aumentar a receita. Não se ganha dinheiro em estádio com a Norte, com o pedaço da torcida que você quer preservar, a torcida raiz do Flamengo.
Não é aí que você ganha dinheiro. Onde você ganha dinheiro é quando você acresce serviço ao produto. E aí você pode ter vários produtos. É o produto que o cara vem de casa com uma limusine, vai para o estádio e chega lá e toma champanhe. Tem cara que paga 2 paus por um jogo por conta disso. E esse serviço vai custar 400 reais.
Você vai vender para ele na verdade o ingresso por 1.600. Se você segmenta o estádio, projeta ele, segmenta ele para vários públicos, você consegue aumentar enormemente a sua receita do matchday”, afirmou Landim.
Na fala de 23 de maio, Landim não projetava que o Flamengo precisasse pagar à vista pelo terreno do Gasômetro, como acontecerá no leilão após a desapropriação, que deve ter um valor mínimo ainda não definido mas que deve ficar na casa de R$ 150 milhões. Ele falava na possibilidade de o Flamengo conseguir o terreno de graça com a transferência de potencial construtivo.
“Eu acho que tem uma forma de ter acesso a um terreno, que é o potencial construtivo, de graça (…). Eu não podia falar o que é que era porque eu não tinha conversado ainda, eu queria que o prefeito falasse, não eu. A gente pega o potencial construtivo de toda essa área aqui e com a valorização maior o valor a gente compra o terreno e o potencial construtivo necessário para fazer o estádio. Eu sabia que podia fazer isso, só que fui pressionado, o que você tá falando? Como o prefeito falou, agora eu posso falar com vocês”, afirmou.
Sem citar SAF, Landim disse ser contra o Flamengo se endividar ou reduzir investimento no futebol para financiar o estádio. Com o seu candidato à sucessão, Rodrigo Dunshee de Abranches, garantindo ser contra a transformação em SAF, a diretoria do Flamengo ainda não esclareceu como pretende financiar a construção do estádio.
“Se a gente consegue estruturar um projeto para um estádio aonde a gente não precise lançar mão de recursos do Flamengo, porque se tiver que lançar mão de recursos do Flamengo já falei isso aqui uma vez e volto a falar, eu sou contra, acho que a gente não pode de forma nenhuma prejudicar a manutenção do futebol com o máximo de orçamento. Orçamento para continuar sendo competitivo. Mas eu enxergo forma de a gente construir um estádio praticamente sem a gente botar um centavo”, afirmou ele.
Flamengo não pretende abrir mão da concessão do Maracanã após estádio ficar pronto
Na fala aos conselheiros, Landim também garantiu que não planeja abrir mão da concessão do Maracanã uma vez que o estádio do Flamengo no Gasômetro esteja pronto.
“A gente vai continuar com o Maracanã (…) O fato de a gente administrar o estádio que vai ter uma demanda de jogos, que só o número de jogos do Fluminense já paga o volume mínimo necessário para sustentar o Maracanã, fora eventos que a gente vai poder botar no Maracanã. E eu não tô nem falando de show de música, se a gente quiser pode botar show de música, que eu acho isso um sacrilégio particularmente com o Maracanã”, afirmou.
Landim destacou o fato de o Flamengo na prática ter o controle do Maracanã devido ao fato de ser sócio majoritário da Empresa Fla-Flu, com 65%, como o MRN foi o primeiro a revelar.
“Esse acordo que a gente tá fazendo com o Fluminense foi difícil a gente convencer eles, mas nós temos o controle. Temos 65% contra 35%. A gente indica o CEO, a gente indica o CFO, a gente controla na prática o Maracanã“, afirmou.
O Conselho Deliberativo do Flamengo (Code) ainda precisa aprovar tanto a assinatura do contrato da concessão do Maracanã quanto a participação no leilão para a aquisição do terreno no Gasômetro. Na semana passada, Landim anunciou que pretende concorrer à presidência do Code nas eleições que acontecem no fim deste ano.
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