Primeiro é preciso deixar claro que, numa noite em que o ideal era não cometer erro nenhum, Adenor fez questão de já cometer o primeiro antes mesmo do time entrar em campo.
Deixar no banco Léo Ortiz, um jogador que oferece mais marcação e saída de bola, para escalar Allan, um jogador que oferece basicamente um argumento à favor do ateísmo (“se Deus existe ele é bom, mas se Deus criou o Allan, então ele não pode ser bom, e portanto talvez ele não exista?”) é o tipo de equívoco que não se pode cometer numa partida de Campeonato Carioca, quem dirá numa decisão de vaga na Copa do Brasil, diante de um dos outros favoritos ao título.
Betsul 5 de 5 |
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Então tivemos um Flamengo que entrou em campo mal escalado, confuso, disperso e basicamente rezando para que o Palmeiras não conseguisse explorar o mais óbvio e grave ponto fraco da sua defesa, a famigerada bola alta.
Faltou então rezar um pouco mais, já que com 7 minutos a equipe paulista abria o placar, exatamente num cruzamento, exatamente numa falha da linha defensiva, numa jogada tão óbvia que mesmo tendo acontecido praticamente assim que a bola rolou, a sensação é de que ela até demorou a se concretizar.
Mas passada a confusão inicial, controlada a pressão alviverde nos primeiros quinze minutos da partida, o Flamengo começou a tentar se estabelecer no jogo. A bola começou a ser tocada, os espaços começaram a ser encontrados e o rubro-negro que antes apenas se defendia, começou a também atacar, buscar oportunidades e equilibrar um pouco a partida.
E foi nesse cenário que se encerrou o primeiro tempo, com um time menos acuado, mais agressivo, que parecia correr menos perigo.
O que aparentemente não agradou Tite, que decidiu tirar Luiz Araújo e colocar David Luiz, deixando o time com três zagueiros e garantindo que a gente novamente perdesse a posse de bola, jogasse na base das rebatidas e garantisse ainda mais espaço pra que o Palmeiras tentasse a bola alta, uma movimentação que pode parecer burra de forma isolada, mas que, analisada no contexto do jogo, é não só burra como covarde também.
Daí em diante o que se viu foi ainda mais desespero. Um Flamengo todo na defesa tentava isolar a bola e gastar tempo, enquanto um Palmeiras desesperado pelo resultado pressionava ainda mais.
A arbitragem deu seu show habitual de qualidade, não vendo ao menos um pênalti a favor da equipe rubro-negra mas expulsando o técnico palmeirense por segurar os próprios genitais, num dos usos mais peculiares que o VAR já teve.
Um gol alviverde foi anulado por milímetros, Léo Ortiz eventualmente teve que entrar em campo porque Allan além de fraco e burro é destemperado também, e num dado momento Weverton estava dentro da nossa área chutando a gol. Não foi uma noite divertida.
E no fim o Flamengo se classificou. Muito pela coragem e disposição dos jogadores, que mesmo numa partida tecnicamente lamentável, pelo menos lutaram até o final. Bastante por uma dose de sorte que se manifestou em bolas na trave e algumas boas defesas do irregular Matheus Cunha.
Mas de maneira alguma por mérito de Tite, que é sim um grande técnico e provavelmente vai, durante a coletiva, fazer parecer que esse resultado foi completamente fruto de uma estratégia, resultado de um plano.
Porém a verdade é que, ainda que Tite já tenha sim sido responsável direto por algumas excelentes vitórias, nesta quarta-feira ele foi burro, covarde, e só não teve culpa direta na eliminação do Flamengo na Copa do Brasil por fatores totalmente externos ao seu controle.
E sinceramente, num ano em que já vamos enfrentar diversos adversários muito complicados, não podemos nos dar ao luxo de lutar também contra o nosso próprio técnico.
João Luis Jr. é jornalista, flamenguista desde criança e já viu desde Walter Minhoca e Anderson Pico até Adriano Imperador e Arrascaeta, com todas as alegrias e traumas correspondentes. Siga João Luis Jr no Medium.
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