O MRN preparou uma série de matérias sobre a história do Flamengo no Novo Basquete Brasil (NBB), e neste sábado (31) é o dia de relembrar o primeiro título do Orgulho da Nação. A temporada de 2008/09 foi a primeiro da liga nacional com nomenclatura atual, e o Mengão abriu a competição com uma campanha extraordinária para ser o primeiro a levantar o troféu.
O lançamento oficial do NBB aconteceu no dia 5 de dezembro de 2008, e a bola subiria oficialmente pela primeira vez na competição pouco tempo depois: 28 de janeiro de 2009. A edição marcou o início de uma nova época no basquete brasileiro: a do Flamengo.
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Campeão nacional no ano anterior, o Mengão, liderado por Marcelinho Machado vivendo o seu auge, passou por cima dos adversários e se sagrou campeão de ponta a ponta. O time reencontrou o rival do Brasileiro anterior, o Brasília, em duelo que rapidamente se tornaria a maior rivalidade do basquetebol nacional. Foi um ano histórico, recheado de momentos marcantes e que não aconteceria sem a ajuda financeira da torcida. Relembre a campanha do Flamengo no NBB 08/09:
Recado já na 1ª fase e novo capítulo da rivalidade com Brasília
A campanha do FlaBasquete na primeira edição do NBB já foi digna do “dono” da competição. O Orgulho da Nação fechou a primeira fase com 26 vitórias e somente duas derrotas. Resultados que deram ao time um aproveitamento de 92,9% na liderança da fase de classificação, um dos melhores índices até os dias atuais.
A estreia rubro-negra aconteceu justamente no dia 28 de janeiro. O Fla enfrentou o Pinheiros em São Paulo, no que foi o primeiro jogo televisionado da história do NBB. O placar de 90 a 89 marcou a estreia com vitória sobre o time paulista, que tinha em seu elenco uma jovem revelação chamada Olivinha.
Com Marcelinho Machado vivendo seu auge e ataque implacável, o Mengão marcou 2.616 pontos em 28 jogos, uma média altíssima de 93,4 pontos por partida. Parte ofensiva que terminou a primeira fase com quase 200 pontos a mais que o vice-líder Brasília: 2.442 (-174).
Ainda que tenha terminado a fase com a sétima melhor defesa, o volume ofensivo deu ao Mengão o melhor saldo e deixou claro aos adversários que apenas uma boa defesa não seria o suficiente.
A dominância rubro-negra na primeira fase foi tamanha que a diferença de aproveitamento do segundo colocado foi a mesma para o Fla e para o sexto lugar. O Brasília se classificou com 78,6% e teve a exata mesma diferença de 14,3 pontos percentuais para o Mais Querido e para o Limeira: 64,3% (18 vitórias e 10 derrotas).
A maior rivalidade do NBB
Mas logicamente que essa vantagem não impediu o acontecimento de partidas marcantes durante a fase de classificação. E tudo começou com uma derrota. No segundo revés da primeira fase, o Fla foi superado justamente para o Brasília, por 82 a 78, em pleno Rio de Janeiro.
O jogo pode ser considerado um dos pontos de partida de uma rivalidade que hoje está eternizada na história do NBB e foi por anos a maior do basquete brasileiro.
O revés obviamente não foi o fato importante da campanha, mas o que veio em seguida. A equipe rubro-negra saiu vencedora de todos os 16 jogos que fez até o fim da fase de classificação. Um desses jogos foi a revanche na casa do rival, que deu ao Flamengo não só os pontos, mas também retorno para casa com moral elevada.
Jogo mais marcante da 1ª fase: Brasília 92 x 100 Flamengo
O jeito que o Flamengo entrou em quadra já mostrava que seria uma tarde diferente no Ginásio Nilson Nelson. Com intensidade altíssima e muita vibração, o Mengão abriu 10 pontos de vantagem nos primeiros quatro minutos e dava sinais que estava em voltagem muito acima do rival, o que resultou em diferença de 11 pontos ao fim do primeiro período.
O FlaBasquete conseguiu transformar a atmosfera do jogo justamente de acordo com o plano. Claramente nervoso, o Brasília passou a cometer muitas faltas no segundo período e permitiu ao Fla deslanchar no placar. Foram 18 lances livres convertidos no segundo quarto, sendo nove por Marcelinho Machado, que foi ao intervalo com 14 pontos e liderando o time para vantagem de 53 a 36.
Mas tudo mudou no retorno dos vestiários. Alex enfim assumiu a responsabilidade pelo lado de Brasília e, contando com apagão na defesa rubro-negra, comandou a equipe para uma retomada de 12 pontos. Assim, o último período começou com o Rubro-Negro cinco pontos na frente, vantagem que chegou a ser de 17.
Se o Brasília tinha Alex, o Flamengo contava com Marcelinho Machado. O ídolo foi o responsável pela maioria dos pontos em um time que indicava nervosismo após perder vantagem. A ajuda do pivô Baby, que saiu de quadra com duplo-duplo (17 pontos e 10 rebotes), manteve o time na frente para vencer o 100 a 92.
Marcelinho também anotou um duplo-duplo, que foi impressionante vale destacar. Foram 25 pontos e 16 rebotes para o ala-armador.
Playoffs: o caminho do Flamengo até o 1º NBB
A fase classificatória já indicava o campeão, mas era necessário confirmar o favoritismo. O que foi feito logo na primeira série contra o Pinheiros, que até lutou bem, mas foi “varrido” pelo Orgulho da Nação nas quartas de final.
Os placares não foram elásticos, o que valorizou a campanha do Pinheiros. A série terminou em 3 a 0, mas com a vantagem máxima do FlaBasquete em uma partida sendo de sete pontos (92 a 87, 92 a 85 e 87 a 84).
Mas ainda que o último jogo tenha sido o de menor diferença, o segundo foi o que ficou marcado. No Tijuca Tênis Clube, Marcelinho Machado e Marquinhos, com 25 anos na época, protagonizaram um duelo verdadeiramente histórico.
Foram 27 pontos do rubro-negro, enquanto o atleta que futuramente seria importante para o Fla, mas ainda não sabia, marcou 37. Mas apesar de ser o cestinha, ele saiu de quadra derrotado e a beira da eliminação.
As semifinais foram de nova varrida, dessa vez contra o Joinville. Foram três vitórias para avançar à final, por 88 a 86, 92 a 86 e 109 a 94.
Finais: Flamengo x Brasília
Flamengo e Brasília estavam destinados a se encontrar na decisão do primeiro NBB da história. Os times foram adversários na decisão do Campeonato Brasileiro de 2008, vencido pelo Mengão por 3 a 0, e protagonizaram os melhores jogos da primeira fase.
Assim como esperado, os duelos foram marcados por equilíbrio, nervos à flor da pele e um alto nível de basquete. As partidas decisivas tiveram emoção de sobra, com os quatro primeiros jogos com placares abertos (Flamengo 81 a 74 Brasília/ 71 a 81/ 99 a 78/ 78 a 82).
O quinto e decisivo jogo aconteceu na antiga HSBC Arena, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O local que viu tantos títulos do basquete do Flamengo, contou com mais de 15 mil rubro-negros para garantir a vitória e o primeiro título do NBB.
Marcelinho Machado, novamente ele, foi o dono do jogo decisivo. Ele foi o cestinha da vitória por 76 a 68 na grande decisão, com 27 pontos, e liderou a equipe rubro-negra ao primeiro de muitos troféus da competição.
Marcelinho foi o cestinha da competição com 1.047 pontos, o que logicamente lhe deu o prêmio de MVP (melhor jogador). Ele recebeu também o troféu de Craque da Galera. Destaque também para Paulo Chupeta (Melhor técnico) e Fred Soares (Sexto Homem).
A força da Nação: ‘Eu visto essa camisa’
O FlaBasquete correu o risco de sequer ter um time na primeira edição do NBB. As finanças ruins resultaram em atraso de quatro meses nos salários dos jogadores, e a solução foi recorrer para a única que poderia ajudar: a Nação Rubro-Negra.
Foi então que a diretoria lançou uma linha especial de camisas sem esconder que precisava do dinheiro para pagar os salários. A peça preta e com a escrita “Eu visto essa camisa” foi vendida por R$ 39,90 e quem a utilizasse pagaria somente R$ 5 para assistir aos jogos, originalmente R$ 20.
O incentivo era desnecessário. Lógico que a Nação jamais deixaria algo do Flamengo acabar se fosse convocada. Com mais de 10 mil camisas vendidas, o Mengão pagou os salários dos atletas e mandou a quadra o time que levantaria o troféu.
Os campeões do NBB 08/09 pelo Flamengo
Veja abaixo a lista de todos os jogadores que entraram em quadra pelo Flamengo no título do NBB 08/09 e também as estatísticas de cada um na competição.
- Hélio #5
- Fred #9
- Marcelinho #4
- Duda #3
- Fernando Mineiro #8
- Jefferson William #10
- Ian Mattos,
- Marcellus #11
- Júlio
- Daniel Soares,
- Babby #66
- Coloneze #45
- Alirio
- Wagner #7
- Técnico: Paulo Chupeta
Jogador | PJ | MPJ | 2P% | 3P% | LL% | RPJ | APJ | PPJ |
Marcelinho Machado | 39 | 37,7 | .572 | .429 | .867 | 6,23 | 3,36 | 26,85 |
Jefferson | 36 | 27,24 | .528 | .405 | .793 | 6,67 | 1,5 | 13,06 |
Babby | 36 | 22,4 | .622 | .200 | .733 | 6,06 | 0,86 | 12.9 |
Duda | 37 | 28,6 | .580 | .264 | .764 | 2,7 | 3,86 | 10,9 |
Hélio | 39 | 28 | .590 | .381 | .712 | 2,4 | 3,67 | 10,4 |
Fred | 37 | 19 | .544 | .383 | .716 | 1,4 | 2,92 | 6,22 |
Coloneze | 39 | 14,8 | .566 | .000 | .663 | 3,4 | 0,31 | 4,8 |
Fernando | 35 | 11,5 | .506 | .360 | .571 | 1,8 | 0,57 | 4.6 |
Marcellus | 4 | 5,4 | .714 | .500 | .600 | 1 | – | 4 |
Wagner | 38 | 18.2 | .559 | .000 | .615 | 2,8 | 0,53 | 1,05 |
Júlio | 1 | 6,3 | 1000 | .000 | .000 | – | 1 | 2 |
Alírio | 16 | 7,8 | .647 | .166 | .750 | 1,06 | 0,3 | 1,94 |
Daniel | 15 | 4,9 | 1000 | .333 | .250 | 0,93 | 0,2 | 1,1 |
Ian | 8 | 2,25 | .333 | .000 | .000 | 0,25 | 0,1 | 0,25 |
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