Quem acompanha o MRN sabe que nossa missão é produzir conteúdo original e de qualidade. Seguindo esse objetivo vamos trazer para você, através da TV MRN, nosso canal no YouTube, uma série de entrevistas com representantes de grupos políticos do Flamengo. O clube já vive o clima eleitoral e queremos que o torcedor conheça mais os bastidores da política Rubro-Negra.
Após a entrevista com Lysias Itapicuru, representante do grupo Fla Mais, agora foi a vez de David Butter e Guilherme Salgado apresentarem aos inscritos da TV MRN os preceitos que norteiam o campo de atuação do Flamengo da Gente. Confira agora um resumo do encontro e logo a seguir o vídeo com o papo íntegra.
Surgimento
David Butter: Começa em 2017. Acredito que algumas pessoas que estavam na origem tem um envolvimento com a política do Flamengo desde 2011. Parte estava naquele grupo que elegeu o Bandeira e alguns de nós entraram e saíram do SóFLA em algum período, uns vieram de outros grupos e outros não eram associados. Todos insatisfeitos com uma série de questões. A principal é a de como o Flamengo deve encarar a matriz popular.
Defesa da identidade
David Butter: Não aparece em planilha. Não aparece no balanço. A matriz popular é opção histórica e faz parte da identidade de marca do Flamengo. E vale muito. Tivemos uma série de embates dentro e fora do SóFLA em relação a algumas políticas, em relação a ingresso, por exemplo. Isso não é uma conversa populista. É uma conversa de negócios também.
Outras lutas
David Butter: Começamos a elencar uma série de outras questões que nós consideramos importantes para o clube, como uma defesa mais enfática aos Direitos Humanos. O estádio próprio a gente encara pela ótica da auto-determinação. Se vai ter o seu estádio próprio, ótimo. Mas se o Flamengo vai jogar no Maracanã, precisa de uma segunda opção onde ele pode escolher onde jogar. O que não pode é ficar na situação de dependência de concessionária e de governo.
Guilherme Salgado: Todo torcedor tem uma história com o Maracanã. Não vai ser apagado. O grupo tem medo de que o Flamengo acabe virando um administrador de imóvel. Que vai ter que gerir o Maracanã tendo uma série de coisas que nos afastem desse ideia de sermos donos dele. Não é só a parte estética. Uma série de coisas. Financeiramente pode ser ótimo ser este gestor do Complexo Maracanã. Mas não se esgota aí a discussão. Ter um estádio é muito mais do que você no final do mês você ganhar. É de novo a questão da planilha.
Participação e organização
David Butter: O Flamengo da Gente congrega hoje em dia sócio-proprietários conselheiros, sócios contribuintes, off-Rio, sócios-torcedores de todas as categorias e não sócio-torcedores.
Guilherme Salgado: A partir da próxima legislatura do Conselho Deliberativo poderemos ter até 12 conselheiros com direito a voto nas pautas que decidem o futuro do clube e mais outros 70 membros que engloba quem fez o cadastro onde colocamos nossas bandeiras e pilares, e a pessoa que concorda faz parte do grupo.
David Butter: O Flamengo da Gente tem uma característica específica que é ter o arejamento constante dos debates. Não ficamos viciados no que está sendo falado nos corredores da Gávea. A gente quer trazer as pessoas para os debates do clube.
Democratização e direitos políticos
David Butter: Queremos mudar o Flamengo não só trazendo as pessoas de acordo com as regras que já existem. As portas de entrada que já existem são mal divulgadas, como é o caso da modalidade off-Rio. E outras portas precisam ser abertas. Alguns defendem o voto para sócio-torcedor. Outros defendem que isso seja feito com um plano de transição. Isso mudaria a qualidade e a intensidade do debate. É inconcebível.
Guilherme Salgado: Democracia demais nunca é problema. Um clube com 40 milhões de torcedores não pode ter um quadro eleitoral de 8 mil e que votam 3 mil.
Abertura e massa de manobra
David Butter: O colégio eleitoral da forma atual já elegeu administrações ruinosas e populistas que colocaram o Flamengo à beira do colapso. Acredito que a composição do colégio eleitoral hoje não depõe tão a favor do Flamengo assim para a gente ficar assustado com outra possibilidade. Massa de manobra existe em qualquer colégio eleitoral. Grande, pequeno. Há movimentos dentro do clube que levam essa lógica de caciquismo, que têm seus chefes com seguidores fanáticos. Isso já acontece dentro do clube.
Eleição 2019
Guilherme Salgado: Enquanto grupo optamos pela neutralidade abrindo para que os membros possam apoiar individualmente quem eles quiserem e como eles quiserem.
David Butter: A gente não vai apoiar ninguém. Decidimos como grupo focar na criação de uma agenda legislativa para a próxima legislatura do Conselho Deliberativo. A gente precisa de mais estrada, temos sócios jovens entrando e consideramos que agora é o momento de focar na defesa das bandeiras dentro do CoDe.
Voto a distância
Guilherme Salgado: O voto a distância não cria nenhuma categoria nova. Eu e o David somos signatários de um documento que pedia que houvesse voto a distância. Nosso requerimento pedia que se aprovado, o clube então verificasse qual a melhor maneira de realizar. Há várias maneiras. Pode ser digitalmente, pode ser em urnas nas embaixadas. Vai depender da questão financeira e logística. Nós queremos que seja um direito estatutário. Quem tem o direito de votar e não esteja no Rio.
O off-Rio
Guilherme Salgado: O off-Rio tem direito a voto. Ele é sócio do clube. Tem direito a abatimento no plano Raça do sócio-torcedor. Fica uma mensalidade só um pouco acima do valor deste plano. Então a pessoa é ST e por uma quantia muito pequena a mais ela tem esse direito adquirido e se beneficiaria muito com o voto a distância. O requerimento tá com o presidente do Conselho. Não será votado este ano. Esperamos que seja votado o mais rápido possível.
Pedido de afastamento de Bandeira de Mello
David Butter: Uma conversa que começou em vários grupos. Ideologia, FlaFut, FlaMais. Todo mundo vigilante em relação ao caminho que a figura do presidente estava tomando de separar o que era clube de pretensão política. Em 2017 o Flamengo já aparecia no que parecia uma pré-campanha que se acentuou muito no primeiro semestre de 2018. Demonstrações sutis. Estar num evento com um símbolo. Tratar o Flamengo como instrumento para divulgar uma candidata. Não representamos todos os sócios mas quisemos expressar nosso repúdio. Não obtivemos nenhuma resposta no sentido de uma mudança de atitude. Entregamos uma carta de repúdio e depois começamos a estudar a questão estatutária. Encontramos a base. O Flamengo não deve ser misturado. Entendemos que existe uma falta de clareza no Estatuto. Isso é outro ponto que deve ser discutido. Ninguém quer impedir o direito de cidadão. O que a gente não aceita e considera muito irônico que isso esteja acontecendo, é que a gente via que um dos pilares da campanha da primeira Chapa Azul foi a rejeição da exploração política. Não só da Patrícia Amorim. Pelo histórico de participação política dentro do clube. O grupo político da qual a gente fazia parte começou a reproduzir comportamentos que na nossa visão levavam a lugares que a gente repudiava. Não dá, pensamos.
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Gestão Bandeira e atuação do SóFLA
Guilherme Salgado: Entrei no SóFLA em 2012 e saí em 2017. Participei de duas eleições. Neste último mandato o Bandeira conseguiu continuar nos trilhos no trato financeiro. Teve suas falhas na gestão do futebol. Estando no SóFLA desde 2012 eu participei muito. É um grupo que se você quiser participar e ajudar o clube de alguma maneira você tem de fato essa possibilidade. É um grupo muito proativo. Pessoas que se dedicam muito. Mas quando eu vi que algumas bandeiras estavam sendo abandonadas eu decidi me retirar. Particularmente não acho que teve um aparelhamento. Houve colocação de algumas pessoas do SóFLA que têm capacidade.
David Butter: Quando eu penso em SóFLA penso em capacidade de mobilização. Tem grupo que vai dizer que tem 400 integrantes mas na hora de fazer o corpo a corpo na eleição, cadê, onde aparece? Perdendo noite discutindo emenda, estratégia de conselho, cadê? Esse elemento de entrega, de “vamos botar a mão na massa”?
Para fazer parte do Flamengo da Gente
Guilherme Salgado: O Flamengo da Gente está aberto a qualquer torcedor que queira discutir o Flamengo e se sentir ouvido de alguma maneira. Não importa se você é torcedor sem qualquer ligação com o sócio-torcedor ou com qualquer categoria de sócio do clube. Você pode estudar melhor nossas bandeiras e entrar em contato através das nossas redes sociais. Todos que querem ajudar são bem-vindos. O Flamengo não cabe no Leblon. O Flamengo escolheu ser popular. E nós queremos retomar essa escolha. Pra ser popular tem que ter participação do seu povo. Do mundo rubro-negro.
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