Em uma típica república liberal, idealizada por Montesquieu, temos 3 poderes oficiais. Executivo, Legislativo e Judiciário. O balanceamento entre eles gera sustentabilidade no exercício do poder. São travas de segurança entre si. Toda vez que um destes poderes se torna demasiado forte é preciso um “freio de arrumação” que se dá por vias legislativas ou judiciárias.
No entanto, se o Executivo usa o poder militar ao seu favor, e este desconsidera a quebra constitucional que o Executivo lhe demanda, passamos a viver numa ditadura. Pois o Executivo dita os termos do Legislativo e do Judiciário, passando a se prolongar no poder e nada lhe tira de lá, a não ser por revolta civil, pressões externas ou simples desistência.
Como estes poderes servem a uma população, é preciso mantê-la informada. Daí a criação da imprensa para atender a esta demanda. A influência da imprensa, com o passar do tempo, ficou tão forte que esta se consolidou em um “quarto poder”. Pois ela transmite, divulga, forma opiniões, consequentemente influenciando o eleitorado destas repúblicas liberais em suas escolhas partidárias.
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Este quarto poder, recebendo recursos estatais e publicitários, forja jornalistas e mesmo serve de inspiração para filmes, peças de teatro, livros e outros meios culturais. É importante. É relevante. Mas como necessita de recursos, precisa agradar determinados segmentos de consumo, muitas vezes orientado por agências publicitárias. E este agrado, no caso da imprensa esportiva, é claramente feito de forma a agradar ao público paulista: Com manchetes tendenciosas, tentativas infames de abafar o brilho de conquistas de times de fora.
Tivemos um exemplo ontem em um portal, que exibia três manchetes. Uma dizendo que o Flamengo foi “ajudado” pelo VAR a ganhar do Corinthians. Outra manchete glorificava a “derrota vitoriosa” do Corinthians, e a última, saída do nada, fazia múltiplos elogios ao Palmeiras no Campeonato Brasileiro. E nem tivemos jogo deste clube na rodada. Era somente a necessidade de agradar o público de São Paulo. E isto já chegou ao ponto do descontrole. A disputa pela publicidade do estado mais rico do país faz cada portal ser mais subserviente que o outro nesta “saga”.
Porém, apareceu um quinto poder com o advento das redes sociais. As pessoas passaram a trocar informação entre si sem intermediários. E isto balançou todos os poderes citados acima a ponto de hoje estarem projetando limitar seu alcance de todas as formas. As pessoas formam opinião, estudam melhor determinado assunto que um jornalista pode tornar “enviesado” para um lado ou outro.
Evidente que isto gera distorções, falsas verdades, mas é a sociedade se tornando um conjunto de pequenas ilhas de trocas de informações.
Como a gestão pode fazer para transformar este quinto poder em força mais do que em atraso? Este certamente será um aprendizado muito complexo e difícil.
E foram estas ilhas que começaram, dentro da torcida do Flamengo, o movimento de tirar Abel da comissão técnica do Flamengo. O torcedor percebeu que Abel era uma “rua sem saída” em termos de conquista de algo grande que esta torcida anseia há tempos. E o quinto poder se fez forte dentro das redes sociais, descambando para dentro do clube através de seus associados e conselheiros. E a saída do Abel se fez necessária e urgente. E assim foi. Pelo quarto poder estaríamos com Abel até o fim dos tempos. Amigo dos jornalistas e tornava este super elenco do Flamengo pouco competitivo.
O quinto poder hoje elege, demite, forma opiniões e por isto gera muitas discussões sobre até onde vai seu alcance. O Flamengo tem isto forte em sua torcida até pelo número de seus torcedores. Como a gestão pode fazer para transformar este quinto poder em força mais do que em atraso? Este certamente será um aprendizado muito complexo e difícil.
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