Por Gerrinson. R. de Andrade (Twitter: @GerriRodrian) - Do Blog Orra, é Mengo!
A Grande São Paulo anda depressiva. Sofre por sua seca, sua chuva, seu trânsito, pelo mau humor. Aqui, se mata por troco errado, por esbarrão. Um celerado com bala na agulha, só precisando de um motivo, vê o transeunte de camisa errada: a gota d’água, é tiro.
Perigoso ser torcedor por aqui, a discrição é a melhor defesa. Cada vez mais raramente se vê torcedor saindo à toa, vida tranquila, com a camisa de seu time, com o filho pequeno no colo. As mães aconselham seus filhos. Algumas imploram. Esposas escondem as camisas de seus maridos. Alunos até evitam cadernos com estampas – pois se sabe mesmo que tudo é motivo para desavença.
No trabalho, alguns nem mais assumem o que são, usam metáforas, pra evitar discussão no setor. Tudo é comedido, só uns mais chegados ficam de cochicho, tudo muito discreto, entreolhando.
Só flamenguista ignora os perigos aqui. Este não tem par com o ódio alheio. Caminha descontraído – como quem pisa num calçadão de praia. O Rubro-Negro não é rival, é outra coisa além disso. É quase um distante torcedor de um Boca Juniors, um time com a qual a rivalidade tem hora e lugar.
E como não se implica com sujeitos vestidos de camisa do Barcelona, do Chelsea, da Seleção Italiana, o Urubu também vai impune, permitindo-se propagar o Rubro-Negrismo. Com globalização e internet, essa geração sem fronteiras culturais tem hoje um acesso ao Flamengo jamais visto – um acesso que ainda tenta ser negado pela imprensa local, mas agora sem sucesso. Hoje o mundo é outro e, com a maior liberdade de escolha e como opção (ligeiramente) mais segura, cada vez mais torcedores escolhem o Flamengo nesta Grande São Paulo.
Segundo alguns, o Flamengo tem a quinta maior torcida. Mas tem hora que parece mais que isso. Mesmo com toda a descortesia da imprensa esportiva da região, o inevitável acontece.
Orra, é Mengo!