Não que no Flamengo atual alguém esteja realmente muito bem, mas é visível que alguns jogadores estão em melhor fase e recebem mais apoio, outros mesmo em má fase tem crédito com a torcida e, claro, existe um grupo seleto de atletas que conseguem somar a fase não tão boa com aquele nível de antipatia quase patológica que apenas a nação rubro-negra pode oferecer.
E se tem dois jogadores que, com toda certeza, estão muito bem posicionados nesse segundo grupo, eles são Andreas Pereira e Hugo Souza.
Andreas, responsável direto pelo gol que rendeu ao Flamengo o vice-campeonato da Libertadores da América de 2021, vive num eterno limbo psicológico e contratual, em que dentro de campo parece ainda não ter se recuperado da fatídica partida contra o Palmeiras e fora de campo não se sabe se ele vai ser comprado do Manchester United ou não, vivendo um último mês de contrato que já vem durando cerca de 8 anos.
Já Hugo, responsável direto por ao menos meia dúzia de gols adversários nesta temporada, vinha numa queda ainda mais acentuada de rendimento, lançado numa posição de titular absoluto involuntário, após a lesão de dois outros goleiros e atuando com toda tranquilidade de um homem coberto de querosene operando um lança-chamas dentro de um posto de gasolina.
Ou seja, se você for pensar em dois jogadores que entraram na partida de hoje, contra o Fluminense, pressionados, vaiados e sem absolutamente a menor confiança da torcida, você pensaria em Hugo e Andreas. Mas agora, ao final do jogo, se você for pensar em dois jogadores que foram decisivos para a vitória rubro-negra por 2×1, quebrando uma incômoda sequência de derrotas para o tricolor das Laranjeiras, você também teria que pensar em Hugo e Andreas.
Hugo pelas, no mínimo, 3 defesas importantíssimas realizadas em jogadas decisivas, seja quando o jogo estava empatado ou quando o Flamengo ficou na frente do placar e decidiu recuar de maneira preocupante. Subitamente saiu de cena o goleiro hesitante, confuso e que parecia achar que a bola era um animal perigoso do qual deveria se desviar, e retornou o moleque arrojado, corajoso e dotado de coordenação motora que estreou pelo Flamengo em 2020.
Assim como Andreas, que já vinha se recuperando nas últimas partidas e, apesar de alguns momentos de confusão defensiva, fez uma grande partida no campo ofensivo, com não apenas um belo gol de fora da área como uma assistência para que Gabipasse finalmente voltasse a marcar e retomasse seu nome anterior. Ainda deve uma Libertadores pra cada um de nós? Certamente. Mas não faz sentido deixar de comemorar acerto do jogador hoje por conta do que ele errou antes.
Então ainda que a partida tenha apresentado mais uma vez um Flamengo desorganizado, cheio de ideias que não sabe executar e comandado por um Paulo Sousa que segue recuando a equipe em busca do contra-ataque quando poderia apenas se manter na frente atacando, ao menos vieram os 3 pontos, veio a subida na tabela, veio um capítulo de redenção na história de dois jogadores que pareciam condenados a vagar eternamente pelo limbo do desamor em vermelho e preto.
Que seja então o começo de um renascimento. Não apenas para Hugo e Andreas, que vão precisar de bem mais do que um jogo para reconquistar de vez a torcida, mas também para Paulo Sousa, que pode ter conseguido a vitória mas segue muito, mas muito longe de conseguir impressionar o torcedor ou cativar a nação rubro-negra. Hoje ganhamos, mas a sensação é de que isso foi muito mais fruto de heroísmo individual do que de qualquer merecimento coletivo.
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