Quem falar que nunca xingou o homem, com certeza vai estar mentindo. Com visual de vilão de temporada antiga de Malhação e vindo diretamente do Atlético Paranaense, o clube que já havia nos presenteado com Marcelo “Não Sei Se Chegarei Ao Nível De Zico” Cirino, Léo Pereira era dessas contratações que pareciam brilhantes na teoria mas no começo penaram diante da realidade.
Se demonstrava imensa qualidade técnica, Léo também exibia uma displicência de quem larga joystick no meio da partida. Se tinha porte de cabeceador e físico pra dominar a bola alta, parecia ter preguiça de pular além da altura de uma folha de papel sulfite. Se havia decidido trocar o frio de Curitiba pelo calor do RJ, parecia ainda não ter entendido que com uma camisa rubro-negra vem bem mais cobrança que com a outra.
➕ Um empate triste, lamentável e com requintes de crueldade
Somando a isso o caos natural do Flamengo e algumas decisões não tão sensatas de treinadores não tão espertos, como Rogério Ceni improvisando o cara na lateral em jogo de Libertadores, houve um período em que grande parte da torcida rubro-negra acreditou que a chegada de LP tinha sido mais um erro de uma diretoria que parecia errar bastante depois da geração 2019.
Mas o próprio Léo Pereira, aparentemente, nunca deixou de acreditar em si mesmo. E em mais uma dessas reviravoltas tão típicas do Flamengo, um clube especializado em criar heróis improváveis e ídolos inesperados, o zagueiro paranaense foi, uma boa partida ali, um gol de cabeça aqui, uma comemoração atravessando o campo ajoelhado acolá, ganhando a confiança do torcedor, a titularidade e mostrando que havia sim se tornado o zagueiro que um dia acreditamos que ele pudesse ser.
Um processo que culminou nas duas últimas partidas, dois clássicos, em que Léo Pereira foi não apenas o melhor jogador da nossa defesa como, de maneira absurda, também o melhor do nosso ataque.
Primeiro contra o Vasco, onde o zagueiro, cobrindo um bem mais distante da redenção Varela, foi crucial para impedir dois gols, salvando o time da derrota. E depois ontem, contra o Botafogo, quando não satisfeito em decidir atrás, foi resolver lá na frente, garantindo um gol já no apagar das luzes, dedicando para a nova namorada, e comemorando com a alegria que só conhece quem já fez gol no Interclasses com a menina que gostava na arquibancada.
Mas se Léo Pereira está funcionando na base do beijo e na base do amor, o mesmo não pode ser dito do futebol do Flamengo em geral, que mais uma vez pareceu estar vivendo uma relação tóxica com a bola. Poucas chances foram criadas, superioridade técnica não se refletiu em resultado e apenas após a entrada de Bruno Henrique começamos a ter ao menos algum tipo de esperança.
É preciso então não apenas que Tite siga trabalhando, mas também que comece a buscar variações para esse esquema que pode não estar dando tão certo. Podemos contar tanto com os laterais quando um deles é Varela? Pedro e Gabigol juntos não são uma possibilidade a ser tentada? Ainda é muito cedo pra críticas fortes e Adenor com certeza merece nossa paciência, mas ainda que o Carioca seja pré-temporada, a sensação é que o Flamengo, com todo respeito ao apaixonado e decisivo Léo Pereira, precisa fazer mais do que isso.
João Luis Jr. é jornalista, flamenguista desde criança e já viu desde Walter Minhoca e Anderson Pico até Adriano Imperador e Arrascaeta, com todas as alegrias e traumas correspondentes. Siga João Luis Jr no Medium.
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