Nesta nova rodada de especulações sobre quem será o novo técnico do Flamengo escolhemos citar Tite, Marcelo Gallardo, Carlos Carvalhal, Juan Vojvoda e Pedro Caixinha nesta análise. Os cinco treinadores possuem qualidades e problemas que serão discutidos ao lado do analista Douglas Fortunato na TV MRN. O programa vai ao ar nesta quinata-feira (21), às 20h.
Jorge Sampaoli segue no Mengão mas a situação é cada vez mais insustentável após a derrota no primeiro jogo da final da Copa do Brasil. Sua demissão parece mais sobre “quando” do que o “se”. É bem difícil que o treinador, ainda que consiga a reviravolta na Copa do Brasil, siga no cargo em 2024.
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Tite e a resistência da torcida do Flamengo
Tite um técnico com profundo conhecimento do cenário do futebol brasileiro e um histórico vitorioso, é reconhecido por sua habilidade em construir defesas sólidas. Contudo, em sua segunda passagem pelo Corinthians e Seleção Brasileira, demonstrou uma expansão significativa em seu repertório tático, agora enfatizando também o jogo ofensivo.
Apesar dos deslizes na Copa do Mundo, sua capacidade de liderar o atual elenco rumo a títulos é inegável. No entanto, enfrentará o desafio inicial de superar a resistência de parte da torcida, que associa seu nome a uma abordagem de jogo oposta.
Além disso, Tite toda uma história no Corinthians, time de segunda maior torcida no país e rival do Flamengo. Ele tirou um 2023 sabático para se reenergizar e, caso se torne treinador do Rubro-Negro, vai precisar dessa energia extra. Neste ano, o ex-comandante da Seleção Brasileira recusou ofertas de clubes e seleções, mas agora entende que chegou o momento de retornar à rotina massiva de uma equipe de futebol.
Não só sua experiência, mas também seus números recentes o credenciam ao Rubro-Negro. Na Seleção Brasileira ele teve média de 2,42 pontos por jogo (PPJ), também tendo chegado a 2 PPJ na sua última passagem pelo Corinthians. A média está muito acima do que o Flamengo vem se acostumando, como os 1,86 PPJ de Sampaoli e 1,60 PPJ de Vitor Pereira.
Em termos de títulos, Tite soma, entre outros, dois Brasileirões, uma Copa do Brasil, um Mundial de Clubes, uma Libertadores e uma Copa América.
Marcelo Gallardo no Flamengo: um sonho possível?
Gallardo é um técnico que valoriza o desenvolvimento das categorias de base e exibe grande versatilidade em seu modelo de jogo. A longo prazo, ele pode imprimir uma identidade ofensiva à equipe, embora seja necessário um período de adaptação.
O mais difícil, no entanto, tem sido buscar entender qual tipo de projeto que o ex-River Plate está interessado. Desempregado desde que deixou os argentinos, Marcelo Gallardo já recusou ofertas, por exemplo, de Olympique de Marseille e Villarreal, equipes tradicionais para que nomes estrangeiros comecem suas carreiras na Europa.
Marcelo Gallardo, ao contrário de Tite, não tem a mesma rodagem. Contudo, deixa claro um apreço por trabalhos longevos e fidelidade aos clubes, algo que nunca esteve entranhado no DNA flamenguista e seus relacionamentos com treinadores. O argentino encerrou seus nove anos de River Plate com média de 1,88 PPJ em mais de 430 jogos, dos quais 54% foram vitórias.
Na sua carreira ele tem: duas Libertadores, três Copas Argentinas, três Recopas Sul-Americana, uma Copa Sul-Americana, um Campeonato Argentino e um Campeonato Uruguaio
Carlos Carvalhal: vale mais uma tentativa do Flamengo?
Carvalhal adota a “periodização tática” seguindo o paradigma de Jorge Jesus. Em síntese, todas as atividades de preparação nos quatro principais parâmetros do jogo (Físico, Técnico, Psicológico, Tático) precisam estar alinhadas ao que ocorrerá durante as partidas. Ele favorece o jogo de ataque e um meio de campo dinâmico, permitindo movimentos de apoio e aproximação.
É mais um caso daqueles que teriam que se adaptar ao futebol brasileiro, algo que a língua ao menos favorece. Carvalhal já foi especulado no Flamengo por diversas vezes, mas o negócio não andou. Depois de um trabalho mediano no Celta de Vigo, é possível que, nessa oportunidade, seja o Mais Querido que não tenha olhos para ele.
Dentre todos da lista, o com mais jogos na carreira como treinador. Ao todo são 780 partidas, tendo vencido 43% (337). Os números não são tão bons quanto os dos concorrentes acima, mas Carvalhal se notabilizou por “tirar leite de pedra”, fazendo clubes de investimentos modestos alcançarem grandes marcas, a exemplo do que aconteceu no Rio Ave e no Braga.
Foi nesse último, inclusive, que ele conquistou o título mais expressivo de sua carreira até aqui: a Taça de Portugal, na temporada 2020-21, sagrando-se campeão ao derrotar o poderoso Benfica na final.
Juan Pablo Vojvoda está pronto para o Flamengo?
Vojvoda é um técnico arrojado que obteve sucesso rápido no competitivo cenário brasileiro ao comandar o Fortaleza. Sua versatilidade no modelo de jogo permite adaptações que refletem no desempenho imediato da equipe. Durante as partidas, realiza diversas modificações na equipe, evitando um “onze inicial” fixo, a exemplo do que Sampaoli faz.
Resta saber se ele está pronto para assumir o maior clube do continente. Vale salientar que ele já recusou ofertas de times como Corinthians e Vasco, por não entender serem projetos pelo qual valia a pena a troca. O Flamengo, no entanto, seria um nome certamente atrativo caso ele queria dar um grande passo na carreira.
O mais jovem dentre todos da lista, Vojvoda chamou a atenção ao se colocar como parte do projeto de evolução do Fortaleza, que mudou sua visão de gestão e modelo de jogo. Com o treinador de 48 anos, a equipe chegou à sua primeira Libertadores na história, em 2022. No ano seguinte eles novamente conseguiram chegar ao principal torneio continental.
Vojvoda tem 181 jogos pelo Fortaleza, dos quais venceu 93 (51%). Para um time de orçamento bem abaixo de outros tantos adversários, os números são expressivos. No que diz respeito aos títulos, o argentino soma três Campeonatos Cearenses e uma Copa do Nordeste no currículo.
Pedro Caixinha: jogo de posição ainda pode dar certo no Flamengo?
Pedro Caixinha é adepto do jogo de posição, demonstrou uma sólida compreensão de suas ideias táticas em seus trabalhos no futebol sul-americano, seja no Talleres, vice-campeão argentino em 2021, ou atualmente no Bragantino.
Seus times pressionam alto e se destacam pelo perde-pressiona de alta qualidade. Contudo, enfrenta desafios devido à necessidade de contar com extremos para romper as defesas adversárias que se fecham em blocos baixos.
Parece, finalmente, ter pleno funcionamento sobre o calendário do futebol brasileiro, o que é um ponto positivo. Costuma fazer boas leituras do adversário, a exemplo do que aconteceu na acachapante goleada sobre o próprio Flamengo, por 4 a 0, na qual o Rubro-Negro não viu a cor da bola.
Tanto quanto Vojvoda e Carvalhal, Caixinha não tem grandes feitos na carreira se comparado a Tite e Gallardo. Porém, semelhantemente ao treinador do Fortaleza e o desempregado português, tem a habilidade de fazer clubes de baixo investimento jogarem de maneira bonita. Isso aconteceu, sobretudo, no futebol mexicano, onde conquistou um Clausura da Liga Mexicana (Santos Laguna) e dois Apertura da Copa Mexicana (Santos Laguna e Cruz Azul).