Em meio a uma maratona de jogos em agosto, o Flamengo venceu o Botafogo e segue na luta pelo título Brasileiro. A princípio, um resultado importante. Mas que também deixa questionamentos e ponderações.
Flamengo tem dificuldades para sair da pressão do Botafogo nos minutos iniciais
Dado o quadro febril de Marinho, Gabi iniciou como titular da equipe B que vem atuando pelo Brasileirão no 4-3-3. A opção trouxe problemas com e sem bola que serão exemplificados. Já o Botafogo veio com a mesma formatação e sem surpresas para o jogo. Porém, com algumas surpresas.
Ao invés de esperar o Flamengo mais recuado, o Botafogo iniciou o jogo pressionando a saída de bola rubro-negra em bloco alto. Eduardo se juntava a Junior Santos para pressionar Fabrício Bruno e Pablo. Os ponteiros Victor Sá e Jeffinho no encaixe dos laterais.
Além disso, Tchê Tchê descia eventualmente para pressionar Diego, quando o meia não baixava entre os zagueiros. Como também Lucas Fernandes perseguia individualmente Vidal. O Mais Querido sofria com a igualdade numérica na saída de bola.
Como resultado, o Flamengo não conseguia sair da 1ª fase de construção com passes curtos. Sem Pedro para ser acionado nas bolas longas, a equipe precisava vencer os encaixes do Botafogo para avançar no campo, sem sucesso.
Já sem bola, o Flamengo não gerou pressão na saída do Botafogo e voltou a ter problemas para lidar com os corredores laterais. Com Gabi pela direita, esses problemas foram potencializados. Ainda assim, o Botafogo era pouco efetivo e não gerava perigo.
Após os minutos iniciais, onde o Flamengo quase não chegou na área adversária, a equipe conseguiu pontualmente forçar Gatito a errar passes e condicionar ataques. Nesse meio tempo, a equipe fez suas duas únicas finalizações em todo primeiro tempo.
Flamengo segue com os mesmos problemas e termina mal a primeira etapa
Todavia, os problemas seguiram: dificuldade para sair com bola e para cobrir os corredores laterais. Por vezes, Jeffinho e Victor Sá centralizaram para tirar referência e Matheuzinho e Ayrton Lucas e explorar as costas de Diego e Vidal.
Ainda que sem efetividade, o Botafogo dominou as ações do jogo entre o meio e fim da primeira etapa. Mantendo o Flamengo longe do seu gol e acionando com frequência o lado do campo. Através dos pontas e os laterais Saravia e Marçal.
A primeira etapa terminou com o alvinegro menos agressivo na marcação, mas gerando as principais situações de gol. Seja nos contra-ataques, bem como construindo sem ser constrangido pelo trio de ataque do Flamengo.
Evolução da execução e entrada de titulares: chave para o gol rubro-negro
Mesmo sem mudança de peças, o segundo tempo começou diferente. Com um Flamengo executando melhor a saída de bola e lidando bem melhor com a pressão botafoguense. Diego passou de fato a realizar a saída de três junto dos zagueiros e Vidal gerando mais opções de passe.
Dessa forma, mesmo sem Lázaro ser tão efetivo nos apoios, o Flamengo conseguia conectar ataques com o meia-atacante formado na Gávea gerando opções de passe pelo lado esquerdo. Gabi centralizava e Cebolinha atacava a área.
Defensivamente, o Flamengo passava a controlar o jogo. Mas ainda faltava ser mais contundente com bola. E do banco, surgiu a solução para esse problema: Pedro e Everton Ribeiro. A dupla entrou no jogo no lugar de Lázaro e Victor Hugo e em poucos minutos trouxeram muito impacto.
No primeiro ataque após a dupla entrar em campo, o Flamengo marcou seu gol, com impacto dos dois jogadores. Enquanto Everton Ribeiro gerou indecisão na proteção do corredor lateral direito(junto da movimentação da Gabi), por outro lado, o atacante deu a profundidade necessária.
Bola na direita, Pedro empurra a zaga do Botafogo para dentro da área e pede bola no segundo pau. Adryelson segue o atacante a abre janela para Vidal atacar. O cabeceio virou um passe e o volante não perdoou. 1×0.
Fla é amplamente superior ao Botafogo por alguns minutos
Após o gol, o Fla viveu um período curto onde foi amplamente superior ao Botafogo. Aproveitando-se bem das vantagens geradas pelo lado direito. Jeffinho subia o encaixe em Fabrício Bruno e obrigava Marçal a saltar da linha para cobrir Matheuzinho e lidar com Everton Ribeiro.
Nesse sentido, Mengão outras duas grandes chances de marcar. Porém, Matheuzinho e Pedro não foram felizes nas decisões e desperdiçaram as oportunidades de ampliar o marcador.
Após mudanças, Fla reduz ritmo e administra vitória
Apesar de ter passado alguns minutos de amplo domínio, o Flamengo não conseguiu manter o ritmo e logo retornou aos problemas de execução com e sem bola que apresentou nos 45 minutos iniciais. Algo que chama a atenção dada a rotação do elenco usando dois times.
Logo o Botafogo voltou a ter espaços pelo lado direito de defesa do Flamengo, dado a dificuldade de pressionar a saída de bola alvinegra. Matheuzinho fez um bom jogo, mas foi sobrecarregado. Bem como Jeffinho voltou a centralizar suas ações com bola.
Afim de renovar fisicamente a equipe, Dorival Jr. fez algumas mudanças no meio-campo e a equipe passou de fato a atuar num 4-4-2. Mesmo com problemas para se defender, ainda assim pouco no fim do jogo, dado a falta de contundência do Botafogo com bola.
Além de estrear Pulgar, o técnico rubro-negro promoveu as entradas de João Gomes e Arrascaeta. O Flamengo passou a atuar num 4-4-2. Abdicando de pressionar a saída do Botafogo para ter mais largura no meio. Assim, pouco sofreu sem bola, como também não contra-atacava.
Por fim, pouca coisa aconteceu após as mudanças até o apito final. Algumas bolas longas buscando os centro-avantes e erros na saída na bola. No mais, um jogo tecnicamente abaixo do Flamengo que terminou com três pontos na conta.
Mesmo longe do ideal, Flamengo conquista importante vitória
Após um primeiro tempo bem ruim, o Flamengo conseguiu se organizar no início da segunda etapa e, após as entradas de Pedro e Everton Ribeiro, encaminhar sua 13ª vitória no Brasileirão. É preciso questionar e ponderar o trabalho de Dorival. Jr. até aqui.
Um sinal de alerta precisa ser ligado após as más atuações no clássico e contra o São Paulo na última quarta-feira (24). Por outro lado, é preciso entender o quão complexo é lidar com o calendário e a falta de tempo para corrigir problemas.
Enfim, o time precisa corrigir alguns problemas (em especial sem bola), mas é natural vencer alguns jogos aquém do ideal. A cobrança é diária e necessária, porém o saldo desse mês de agosto é mais que positivo. O Flamengo segue vivo em busca dos três principais títulos da temporada.
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