O Flamengo voltou a vencer o Vasco pelo Campeonato Carioca 2022. Dessa vez pela primeira partida da semifinal da competição.
Apesar da mesma diferença de gols nos dois duelos, o Mengão teve mais tranquilidade para sair vencedor do jogo contra a equipe cruzmaltina na noite da última quarta-feira (16). Isso muito por conta da postura mais ‘pragmática’ do Paulo Sousa.
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Flamengo tem mudanças ofensivas e defensivas para enfrentar o Vasco
Apesar do Flamengo ter ido a campo com os mesmos 11 iniciais que venceram o Vasco a dez dias atrás, a equipe iniciou o clássico com mudanças estruturais. Tanto no momento com bola quanto se defendendo.
O Mister optou por mudar o posicionamento de Everton Ribeiro e Bruno Henrique. Enquanto o meia voltou a atuar majoritariamente como um meia interior pela direita, por outro lado o camisa 27 iniciou a partida na ala esquerda. A ideia do treinador era de ter BH atacando as costas da última linha de defesa vascaína, sendo acionado em profundidade pelo corredor lateral. Em especial com as bolas longas de David Luiz.
Apesar de estar numa posição mais próxima da que atuou nos últimos quatro anos, Everton Ribeiro tinha atribuições diferentes em relação ao seu passado no clube. Analogamente a Gabi, o jogador buscava realizar desmarques de ruptura para atacar a área. Assim como buscou se posicionar mais próximo do gol. Tanto para se associar com os atacantes da equipe, como também buscando espaços para finalizar.
Defensivamente a equipe também teve mudanças. Ao invés do habitual 4-3-3 em organização defensiva, trabalhou sem bola num 4-1-3-2. Gabi e Arrascaeta sobravam na última linha para cobrir a bola dos zagueiros vascaínos. Mais recuados, Bruno Henrique e Everton Ribeiro fechavam a linha de meio campo alinhados.
Já Andreas tinha um posicionamento diferente de Arão em campo: o volante belga atuou mais avançado buscando pressionar o volante vascaíno que se apresentava para ajudar na saída de bola. Já o histórico camisa 5 da Gávea ficou mais recuado, buscando controlar os espaços atrás dos quarteto de ataque e do próprio Andreas.
Flamengo volta a ter dificuldades para consolidar domínio em gols e volta a marcar em bola parada
Com a nova postura defensiva do Flamengo, o Vasco teve muitas dificuldades para sair com a bola. O técnico Zé Ricardo buscou alternativas, fazendo com que Léo Matos ficasse mais próximo de Anderson Conceição e Quintero, numa saída de três.
Porém Andreas dificultou muito o trabalho de Zé Gabriel para que a bola chegasse com maior fluidez ao setor do meio de campo. Assim, o Flamengo muitas vezes ou retomava a posse no campo de defesa adversário ou a recuperava com mais facilidade no seu campo. Interceptando passos longos vascaínos ou com desarmes.
Dessa forma, a equipe conseguiu ter a bola por mais tempo. Ao todo, o Mengão teve 68% de posse na primeira etapa. Entretanto a equipe voltou a ter dificuldades para criar chances de gol. Além do posicionamento de Bruno Henrique buscando o ataque em profundidade, a equipe conseguiu gerar mais volume de jogo pela maior participação com bola de Fabrício Bruno pelo lado direito. Contudo, os erros de execução voltaram a aparecer.
Andreas conseguiu encontrar algumas janelas para acionar os meias pelo corredor central, porém o passe não saia da melhor maneira e era interceptado. Quando os volantes conseguiam acionar os meias nas entrelinhas, algumas tomadas de decisão ruins não condicionavam uma finalização com grande chance de gol. Arrascaeta não esteve em uma noite inspirada.
Aliando isso ao bloco médio/baixo vascaíno, que voltou a ter encaixes individuais pelo corredor lateral e que por vezes geravam uma linha defensiva com seis jogadores, o Flamengo não conseguiu criar muitas chances na primeira etapa. Gabi teve uma boa oportunidade, em rápida transição ofensiva do Mengão, mas parou no goleiro Thiago Rodrigues.
E aí a bola parada voltou a decidir. Aos 36 minutos, Anderson Conceição bloqueou com o braço o cruzamento em cobrança de escanteio. Pênalti marcado e convertido pelo “Príncipe da Gávea”. 1×0.
Flamengo controla a partida na segunda etapa sem se expor aos contra-ataques
Diferentemente da primeira etapa, quando o Flamengo se arriscou bastante ofensivamente em busca de gols, a equipe teve uma postura mais conservadora na segunda etapa. A entrada de Lázaro no lugar de Bruno Henrique fez com a equipe perdesse profundidade pelo lado esquerdo, mas ganhasse em recomposição defensiva com a promessa rubro-negra.
A partida foi perdendo ritmo muito também pela postura do Vasco. Mesmo em desvantagem no marcador, a equipe cruzmaltina seguia se defendendo em bloco baixo e eventualmente buscava atacar o Flamengo em transições ofensivas. Mesmo com a entrada de Figueiredo no lugar do lateral de origem Weverton, o Vasco seguiu sem incomodar a saída rubro-negra ou buscando opções para reter a bola.
Com isso, a Flamengo manteve grande posse e terminou o jogo com 62% do tempo com a bola. Mas reduziu drasticamente o risco dos passes trocados e passou a ter bola sem agredir com tanta volúpia. Um dado que ilustra com clareza isso é o número de passes errados da equipe.
Enquanto no primeiro tempo o Flamengo errou 25 passes, na segunda etapa errou somente sete. De modo que a equipe arriscou menos passes buscando regiões de finalização e preferiu os mais seguros e numa zona longe do gol adversário.
Com as entradas de João Gomes, Marinho, Pedro e Rodinei, o Flamengo manteve a mesma estrutura ofensiva e defensiva durante os 45 minutos. Marinho teve a grande chance de ampliar o placar, mas finalizou mal após receber bola na risca da grande área.
O Vasco ainda buscou ter uma postura um pouco mais ofensiva no fim da partida. Com as entradas de Yuri Lara, Bruno Nazário, Vitinho e Luiz Henrique, Zé Ricardo procurou manter a mesma estrutura tática com peças mais ofensivas. Entretanto, o Vasco pouco agrediu o Flamengo além de chutes de fora da área e bolas paradas.
O jogo terminou de forma morna e com um Flamengo mais preocupado em se defender com a bola do que buscar ampliar sua vantagem no confronto de 180 minutos.
Desempenho do Flamengo preocupa?
Apesar da vitória no clássico, o Flamengo esteve longe de performar em alto nível. E isso faz parte do período de pré-temporada, que engloba as competições que o clube vai participar antes do início do Brasileirão e da Copa Libertadores.
Os novos testes na estrutura da equipe e contexto de mata-mata contra seu maior rival também são motivos que explicam o jogo abaixo das expectativas do torcedor. Logo, o desempenho do Flamengo neste momento não é um motivo de preocupação. É possível enxergar um equipe sendo moldada por um treinador. Muitas ideias sendo testadas e longe de ser executadas com grande eficiência.
Todavia, é possível fazer críticas ao jogo da equipe entendendo as dificuldades naturais de um início de pré-temporada. Em tese, a disparidade técnica dos adversários faria com que os esses problemas fossem reduzidos. Mas não é o que acontece em campo.
O Flamengo ainda tem limitações para conseguir construir em organização ofensiva com passes mais curtos. Nas transições ofensivas e nas bolas mais longas já é possível enxergar evolução, mas nas construções pelo corredor central acionando meias e atacantes, ainda existem problemas latentes (e naturais) de um início de temporada.
E a essa “responsabilidade” deve ser compartilhada por Paulo Sousa e o elenco. Em especial os jogadores que vem errando bastante em 2022.
Enfim, viver o Flamengo é estar sujeito a pressão o tempo todo. Até quando tudo tem explicação.
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