Enfim, Paulo Sousa fez sua estreia no comando técnico do Flamengo. O treinador português comandou o clube pela primeira vez na vitória rubro-negra sobre o Boavista, válida pela 3ª rodada do Campeonato Carioca 2022 na noite de ontem (02).
Surpreendendo a todos, o treinador português optou por uma formação que mesclou jovens formados na Gávea com algumas peças importantes do elenco principal. Além disso, alguns titulares da equipe sequer foram utilizados, com destaque para Filipe Luís e Bruno Henrique.
Dentre muitos testes, vamos destrinchar as primeiras ideias de Paulo Sousa no Mengão.
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Estrutura inicial de Paulo Sousa no Flamengo
Organização e Transição Ofensiva
A princípio, Paulo Sousa optou em sua estreia no Flamengo por uma formação inicial com três zagueiros de ofício na saída de 3. Nos primeiros minutos, Noga iniciou atuando ao centro de Gustavo Henrique e Cleiton, mas durante a primeira etapa passou a atuar pelo lado direito.
A frente do trio de zaga, Thiago Maia e João Gomes foram os volantes responsáveis por iniciar a 2ª fase de construção. A dupla teve dificuldade para realizar apoios frontais ao receber dos zagueiros. Com isso tinham dificuldades para se perfilar buscando progredir com bola. Seja buscando os alas Matheuzinho e Renê, assim como Marinho e Vitinho.
Os meias atuaram buscando as costas dos volantes do Boavista, atacando os espaços tanto quanto para finalizar ou acionar o centroavante Pedro.
A equipe teve dificuldades para construir com passes curtos na primeira etapa. As principais ocasiões do gol aconteceram em diagonais longas dos zagueiros. Em especial, buscando Matheuzinho e Marinho pelo lado direito.
A dupla gerava vantagem no setor: Enquanto Marinho induzia a marcação adversária para o centro, por outro lado Matheuzinho explorava o espaço gerado pelo meia. O lateral recebeu algumas bolas em profundidade, em igualdade numérica com o lateral-esquerdo Bull, vencendo a maioria dos duelos.
Ainda assim, o Flamengo abriu o placar em um lance que pouco refletiu suas ideias em organização ofensiva de Paulo Sousa. Vitinho roubou bola de Wellington Silva pela direita e cruzou na medida para Marinho marcar seu primeiro gol pelo clube.
Nos poucos momentos que teve espaço para contra-atacar o Boavista, Marinho conseguiu conectar boas transições pelo lado direito.
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Organização e Transição Defensiva
Em contrapartida a ideia de muitos rubro-negros, o Flamengo teve uma postura sem bola conservadora em toda partida. A equipe marcou constantemente em bloco médio no 4-4-2.
Matheuzinho ou Renê deixavam a linha de 5 inicial para fechar o corredor lateral no meio-campo. O lateral-esquerdo realizou essa movimentação com maior frequência. Como resultado, Cleiton fechava o corredor lateral e Vitinho deixava o lado direito para ficar mais próximo de Pedro.
Eventualmente, Marinho se juntava a dupla para pressionar a saída de bola adversário. Assim, a dupla de laterais não avançava para o meio e a equipe marcava numa espécia de 5-2-3/5-4-1.
No meio-campo, João Gomes e Thiago Maia alternavam subidas de pressão, buscando constranger os volantes do Boavista. Já na linha defensiva, o perfilamento corporal para proteger a profundidade foi um destaque positivo.
Nas transições defensivas, a equipe alternava pressão pós-perda com a recomposição.
Paulo Sousa promove mudanças na segunda etapa
O treinador português iniciou a segunda etapa já com duas mudanças importantes: as entradas de Gabi e Everton Ribeiro. Assim como os substituídos Marinho e Renê, dupla tinha comportamentos distintos com e sem bola.
Gabi atuou na região próximo a Vitinho, buscando explorar os espaços próximos a Pedro. Bem como fechava o lado direito em organização defensiva.
A princípio Everton Ribeiro atuou pela esquerda gerando amplitude pelo setor. Em organização defensiva fechava o corredor lateral esquerdo e em em alguns momentos chegou a formar uma linha de 5 com os defensores. Por vezes, o camisa 7 alternava posição com Vitinho com bola.
Em uma dessas ocasiões, o Flamengo ampliou o placar. Vitinho recebeu em amplitude de Everton Ribeiro por dentro e cruzou para trás. Pedro completou para o gol e marcou 2×0 para o Mengão.
Por fim, Paulo Sousa voltou a fazer mudanças de peças sem mexer na estrutura da equipe. David Luiz, Willian Arão e Rodinei entraram nos lugares de Gustavo Henrique, João Gomes e Pedro.
Dessa forma, Gabi passou a ser o homem de referência no ataque. Everton Ribeiro passou a atuar na meia esquerda e Rodinei se tornou o ala esquerdo com o pé trocado.
Arão e David Luiz cumpriram as funções dos substituídos em cada setor.
Após perder dois gols incríveis em transições ofensivas, Gabi deu números finais ao confronto. Após cobrança de escanteio, Vitinho tabelou com Thiago Maia e serviu na medida para o príncipe da Gávea fechar o placar.
Balanço da estreia de Paulo Sousa
Acima de tudo, Paulo Sousa usou seus primeiros 90 minutos comandando o Flamengo em um jogo oficial para testar opções do que encontrar uma formação ideal.
A utilização de alguns jogadores em posições pouco utilizadas pelos últimos treinadores do clube demonstra a busca de Paulo por compreender as possibilidades que este fortíssimo elenco pode concedê-lo.
Portanto é preciso ter cuidado em cravar conclusões. Assim como as dificuldades em campo podem ser atreladas a adaptação do elenco ao trabalho do novo técnico, analogamente os destaques positivos em campo também tem muito a ver com algumas ótimas atuações individuais. Em especial de Vitinho, de longe o melhor jogador em campo com três assistências.
Em suma, é possível afirmar que Paulo Sousa deixou uma boa impressão inicial. Apresentando muitas ideias para atacar e defender, buscando testar possibilidades e potencializar seus atletas em campo.
Contudo é preciso ter cautela para indicar qualquer prognóstico a partir de um jogo que foi utilizado como laboratório.
SRN
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