João Saldanha foi um dos maiores comentaristas esportivos que eu já vi. Embora botafoguense de coração, Saldanha apreciava o futebol bem jogado, e entendia do assunto como poucos. Ele entrou para a história por um conjunto de motivos, dentre os quais destaco um episódio tratado como folclórico, quando colocou o goleiro Manga, do seu Botafogo, para correr, após uma polêmica surgida de uma acusação de um suposto suborno por parte do bicheiro castor de Andrade.
Militante comunista, Saldanha incomodava os militares da ditadura pós 64. Diz a lenda que o presidente Médici era um dos que pedia sua cabeça. Para quem ama o futebol, eu sugiro conhecer melhor esse personagem, que fez parte de minha juventude. Ouvir as análises de João Saldanha era ter acesso ao que se tinha de melhor nas rádios brasileiras. O “Meus amigos” era sua tradicional introdução.
Uma das coisas que mais chama atenção na trajetória desse brilhante jornalista foi o período em que foi treinador. Primeiro do Botafogo, onde conquistou um Campeonato Carioca, mas Saldanha criou um fato marcante, quando foi chamado para ser técnico da Seleção Brasileira. Ele convocou as “feras” Pelé, Rivelino, Tostão e mais oito jogadores que viriam a ser seus titulares. Imediatamente foram chamados de “As Feras do Saldanha”.
A ditadura conseguiu demitir João Saldanha do comando da Seleção, que viria ser tricampeã no México, sob a batuta de Mario Jorge Lobo Zagalo. Mas as “Feras do Saldanha” permaneceram no domínio popular.
Houve uma época em que poderíamos escolher outras feras do futebol no Brasil. Na década de 80 nosso Flamengo consolidou muitas feras com O Manto Rubro-Negro. Será uma árdua tarefa constituirmos um novo onze forte como aquele que conquistou o título mundial, mas não impossível.
Provavelmente um time de feras não terá Márcio Araújo, Gabriel e outros questionáveis, mas provavelmente será composto por um híbrido que envolva técnica, comprometimento e união. Enfim, raça, amor e paixão. Longe de ser uma tarefa fácil, a construção de um grupo vencedor passa por uma convergência de acontecimentos fora e dentro de campo. Fundamentalmente há que se ter gente que entenda de futebol como João Saldanha entendia
Rapidamente vamos aos resultados da décima primeira rodada, enquanto as feras não se juntam:
Flamengo 1×2 Fluminense
A exemplo do que aconteceu contra o Palmeiras, só que de forma agravada, alguns jogadores do Flamengo contribuíram para a vitória do adversário das Laranjeiras. Mas não quero crucificá-los. Desejo apenas que Zé Ricardo entenda que insistir com certos nomes liquidará quaisquer melhoras que tenha obtido na organização do time. Nem preciso citar nomes, todos sabem quem são os improdutivos da equipe.
E essa teimosia ceifou a possibilidade de aproveitarmos os tropeços dos líderes, e nos alojarmos em definitivo no G4 da tabela. Palmeiras, Internacional e Grêmio perderam para times em piores colocações na competição, mas o Flamengo não teve a competência em se assumir como gigante no campeonato.
É triste ter que admitir, mas temos alguns atletas no elenco atual que, ou não tem ambição, ou não possuem mais capacidade em responder em campo às necessidades e exigências da Magnética. Nem vou mais reclamar das lambanças da Diretoria. Afinal, ainda dá tempo de corrigir alguns e salvar esta temporada. Mas eu espero um ano de 2017 diferente, enfim. Com onze feras de preferência.
Cruzeiro 2×1 Palmeiras – O Cruzeiro se aplicou de forma semelhante ao que havia feito contra o Atlético Mineiro. Depois de longo tempo, a equipe celeste conquistou sua primeira vitória no Mineirão neste campeonato. Vi rasgados elogios em redes flamengas. Mas quero enfatizar que não dá para se apostar ainda que conseguirão manter a homogeneidade a partir de agora. O Palmeiras de Cuca derrapou e perdeu a chance de se afastar de seus concorrentes. Tendências: Cruzeiro – Crescer na competição, principalmente após a chegada de reforços; Palmeiras – Oscilações previsíveis em uma competição tão nivelada.
Corinthians 2×1 santa Cruz – Placar injusto a meu ver. O Santa jogou de igual para igual contra os gambás, mas não transformou em gol essa igualdade. O goleiro do time paulista fez lambança e gerou muita insegurança para sua equipe, mas deu sorte com a incompetência do ataque adversário. Tendências: Corinthians – O trabalho do técnico Cristóvão é uma incógnita. Por enquanto está no G4; Santa Cruz – Acabou o gás? Já tá no Z4.
América 1×0 Atlético/MG – O Mequinha dominou o jogo, mas não conseguiu reverter o placar construído com três minutos de jogo. Sorte do Galo, que emplacou a terceira vitória consecutiva. Tendências: América – Colou na última colocação e não dá mostras de reação; Atlético/MG – Volta a despontar como um dos favoritos da competição.
Vitória 1×1 Ponte Preta– A única coisa que sei dessa partida é que os baianos reclamaram muito da arbitragem do mineiro Ricardo Marques Ribeiro, que para ser ruim falta muito. Eu soube que ele anulou dois gols legítimos do Vitória, e ainda inventou um pênalti, que foi defendido pelo goleiro do Vitória. Tendências: Os dois times apresentam um futebol medíocre.
Santos 3×0 São Paulo – O Santos atropelou o desligado São Paulo, coisa que não conseguimos fazer. Tendências: Santos se aproveitou do vacilo de seus adversários diretos, inclusive o nosso, e foi parar no G4, com Lucas Lima dando show; São Paulo – está em outra competição e abandonou temporariamente seu corpo no campeonato brasileiro.
Internacional 2×3 Botafogo – A grande zebra da rodada. Antes da partida eu não vi uma só pessoa acreditar em algum resultado que não fosse a derrota. Mas as almas dos falecidos craques incorporaram o time de Ricardo Gomes Tendências: Internacional – Será que vai repetir os vexames dos anos anteriores? Botafogo – Talvez tenha sido a melhora típica de quem vai morrer. Aguardemos.
Atlético/PR 2×0 Grêmio – Será que os desfalques estão pesando, ou simplesmente a chegada do já contundido Wallace contaminou com ruindade o elenco gaúcho? Ou podemos explicar com uma atuação impecável dos paranaenses? Tendências: Campanhas para matar analistas e RT em postagem antiga.
Figueirense 0x0 Coritiba– Por quer essas equipes ainda insistem em jogar no frio? Quem foi ao estádio assistir a uma partida dessas tem que ser premiado. Tendências: Morte dupla.
Sport 5×1 Chapecoense – Todo brasileirão alguém dá uma surra na Chape. Mas confesso que foi surpreendente. Fizeram antidoping nos genéricos? Tendências: Sport – É São João, talvez por isso o balão tenha subido; Chape – O que eu vou dizer lá em casa?
Como o Mengão saiu do G4, hoje eu me recuso a mostrar a atualização da classificação. Fico aqui sonhando com as feras, e do medo que os “antis” tinham delas…
Cordiais Saudações Rubro-Negras!