Se você quiser ver o copo meio cheio, é muito fácil analisar a vitória do Flamengo sobre a Universidad Católica do Chile hoje, por 3×2, no Estádio San Juan de Apoquinho.
Você pode falar sobre a primeira vitória rubro-negra contra esse adversário fora do Brasil, pode falar dos 100% de aproveitamento nas primeiras três partidas da Libertadores e da classificação já bem encaminhada. Pode falar sobre como Paulo Sousa transformou Lázaro de promessa quase esquecida em jogador decisivo, pode falar da boa partida de Pablo, pode falar sobre como não existe uma fórmula para definir os números primos mas a fórmula do gol parece ser Arrascaeta + Bruno Henrique + Gabi. Pode falar sobre como o Flamengo fez 3 gols mas poderia ter feito 4, 5, talvez até 6.
Mas se você quiser ver o copo meio vazio, também não é complicado fazer por onde, claro.
Sejam os diversos erros de posicionamento defensivo da equipe no primeiro tempo, as mudanças de Paulo Sousa que mataram a criação do Flamengo durante grande parte da segunda etapa, o sufoco absolutamente desnecessário sofrido nos mais diversos momentos ou mesmo todas as jogadas de perigo que nasceram porque atletas rubro-negros estavam apenas escorregando como se fossem crianças numa piscina de sabão, não faltam coisas para que o torcedor flamenguista tenha sentido seu problema de refluxo se agravar durante a vitória de hoje.
Mas a verdade, muito provavelmente, se encontra num meio termo entre os que vão ver apenas o resultado positivo e aqueles que vão prestar atenção apenas nas falhas. Porque sim, o Flamengo venceu, sim os três pontos foram extremamente importantes, mas sim, o Flamengo ainda apresenta diversos problemas, sim, muita coisa precisa ser melhorada, sim o Flamengo transformou o que poderia ser uma vitória tranquila num jogo desnecessariamente angustiante.
Porque o Flamengo tem um dos ataques mais poderosos do continente, capaz de intimidar absolutamente qualquer adversário, mas também tem o que parece ser uma das defesas mais frágeis em atividade hoje, capaz de se complicar até mesmo diante do rival mais confuso e dotado de menos recursos. Porque Paulo Sousa muitas vezes faz substituições que acabam complicando a equipe rubro-negra, mas é inegável que faltam opções no elenco, seja pela absoluta ausência de um reserva na criação, seja pelo fato de que na lateral/ala direita nós temos um jogador regular (Matheuzinho) e outros dois que só atuam bem tempo o bastante para que a torcida esqueça o quão terríveis eles são (Isla e Rodinei).
E partidas como a de hoje apenas evidenciam as contradições entre esses dois Flamengo, o que com a bola ataca com que por música e o que, sem a bola, parece absolutamente confuso e desencontrado, como uma pessoa bêbada tentando tocar piano batendo com a cabeça nas teclas. Não é um cenário de terra arrasada, não é que Paulo Sousa seja um idiota, não é que o time esteja fazendo corpo mole. Mas é visível que ainda falta organização defensiva, é notável que ainda faltam peças importantes no elenco e é, cada vez mais óbvio, que essa irregularidade tende a custar caro para o Flamengo em partidas importantes. Ainda bem que a de hoje não foi uma delas.
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