Quando um ator vai mal em um filme, a culpa é dele. É um ator ruim. Quando todos os atores vão mal, a culpa é do diretor
O Flamengo deste domingo, 08/11, pode ser resumido em uma palavra: erro. Erro de escalação, de estratégia, de preparação mental, erro técnico, tático, até físico. Erro individual e erro coletivo. Tudo, absolutamente tudo, foi errado. Parece que não aprendemos nenhuma lição nas últimas semanas.
É até fácil falar depois que deu errado. Mas mesmo voltando ao início, tentando entender o processo de decisão para chegar no jogo, nada faz sentido. Domènec insistiu em uma escolha impopular: manteve Gustavo Henrique na zaga.
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Dá pra dizer que ninguém mais faria isso, já que o zagueiro vem muito mal, errando tudo, falhou feio nos dois últimos jogos decisivos e psicologicamente parece não estar aguentando o rojão.
Porém, ele é o tomador de decisão, tem mais informações que nós e poderia estar pensando uma estratégia específica, recuando as linhas, protegendo mais a zaga e aproveitando GH na bola aérea, sei lá. Poderia haver algo a mais por trás da decisão.
Mas não… Veio com linhas adiantadas, forçando um jogo de peito aberto contra um adversário veloz, expondo as costas da defesa, justamente a pior característica de GH, mesmo em momentos bons! (E a pior de Isla também, aliás).
Do ponto de vista do tomador de decisão, é difícil bancar uma decisão impopular (e que tem motivo para ser impopular). Afinal, qualquer decisão pode dar errado, mas errar fazendo aquilo que todo mundo está dizendo para não fazer é mil vezes pior do que errar tentando algo novo! Manter essa decisão sem ter um plano muito bem pensado para mitigar os problemas dela é incompreensível.
O mesmo vale para as substituições. Qualquer estratégia vai por água abaixo quando o adversário faz 2×0 em 8 minutos. O Atlético mudou e passou a jogar muito recuado. O contexto do jogo era outro. Assim, havia a necessidade de mudar a estratégia e a possibilidade de mudar a formação, trocar jogadores…
É muito, muito difícil justificar a volta do intervalo sem substituições ou qualquer alteração estrutural no time. Aliás, mesmo antes do jogo, uma decisão gerou polêmica: Domènec decidiu mandar Noga e Ramon para o jogo do sub-20. De fato, se ele acha que os dois são “segundo reserva”, pode querer que mantenham ritmo de jogo.
O problema é que, há algumas semanas, quando o Corinthians cresceu no jogo, Ramon entrou para formar uma linha de cinco e o time melhorou. Talvez tenha sido a melhor substituição de Domènec até aqui, em todos os jogos. Ali nasceu mais uma alternativa tática muito interessante e que poderia ser muito útil hoje, caso o Fla estivesse vencendo o jogo no fim, por exemplo. Mesmo considerando Renê o reserva imediato, Ramon poderia estar no banco pensando nisso.
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Por fim, vem uma questão sutil, mas importante. No jogo contra o Del Valle, por exemplo, Domènec “desistiu” depois do 2×0 e fez várias substituições. O placar terminou em vexame absoluto. Tudo bem, nada estava dando certo ali e dificilmente o Fla conseguiria alguma coisa. Desistir do jogo não é da nossa natureza, mas nem dá pra crucificar.
O problema é que, em vez de estancar a sangria e parar ali, as substituições abriram ainda mais o time e geraram o desastre! Não é possível que não tenhamos aprendido nada ali. Não é possível que, de novo, com o placar definido, o Flamengo tenha colocado mais atacantes e se exposto ainda mais!
Simplesmente não é possível! É sempre importante a gente olhar o desempenho, não apenas os resultados. Olhar as escolhas, não apenas o resultado delas. Esse olhar não deixa a menor dúvida: um erro atrás do outro. Que horror.
É claro que alguns jogadores estão muito mal. O gol que o Bruno Henrique perdeu no início do segundo tempo não existe. A responsabilidade é de todos, mas hoje me lembrei de uma ex-namorada cinéfila. Ela disse uma frase que eu nunca esqueci: “Quando um ator vai mal em um filme, a culpa é dele. É um ator ruim. Quando todos os atores vão mal, a culpa é do diretor”.
Hoje, Domènec, não tem nem o que dizer.
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