Saudações, Rubro-Negros!
Estamos imparáveis. Nosso Flamengo parece enfim ter aprendido o real significado do que é ser Flamengo e passou a jogar futebol do jeito que se espera que jogue sempre: com técnica, organização e uma volúpia predadora que sempre fez parte da nossa essência rubro-negra. Esse momento do time de Barbieri é um chamado ao prazer de se assistir a um jogo de futebol, algo ao qual já não estávamos mais acostumados. Não bastasse isso, também fora de campo nota-se a mesma harmonia que os jogadores apresentam dentro dele. O Maracanã foi tomado de volta pelas famílias, pelos torcedores que chegam ao outrora Maior do Mundo nos trens e ônibus vindos do subúrbio, que vão para lá apoiar a equipe incondicionalmente e o fazem de uma maneira tão apaixonada quanto apaixonante. Ir ao Maracanã voltou a ser um programa para toda a família. É gostoso demais chegar lá e ver os pais levando seus pequenos pelas mãos ou no colo, mulheres em número praticamente idêntico ao de homens e todos ficarem ali numa gigantesca, colorida, musical e excitante confraternização.
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É lamentável que tudo isso tenha que parar justo agora para a disputa da Copa do Mundo. Nem tanto pela questão da fase da equipe, que é de fato excelente, até porque acredito que essa pausa será boa também para os jogadores, que vão poder descansar, e para a comissão técnica, que poderá aproveitar o raro período sem jogos para aprimorar certos aspectos da preparação do time e buscar soluções para problemas que ainda persistem e também aqueles que vão aparecer caso se confirmem a ida do Vinicius para o Madrid e a saída de outros. Mas é no fato de que passaremos um mês inteiro sem vivenciar todo esse clima que reside minha angústia. Receio sofrer com a abstinência, inclusive, pois por mais que goste da Copa ela não tem nem um milésimo da importância que tem qualquer outra competição na qual o nosso Flamengo esteja presente, ainda mais com o protagonismo de agora. Quem se importa com a Copa quando temos o Flamengo a nos presentear a cada rodada com o futebol, a alegria, a autoridade e a consistência com que tem jogado? Se o torneio fosse cancelado amanhã, ninguém aqui daria a mínima; em vez disso, comemoraríamos lotando novamente nossa casa e atropelando mais um rival incauto.
Há muito mais a se destacar nesse Flamengo do que apenas as boas atuações e a consequente liderança isolada do campeonato, a qual estará mantida independentemente do que acontecer em São Paulo na próxima quarta-feira. Apesar de já termos vencido o Brasileiro de pontos corridos uma vez, sabemos que a natureza rubro-negra não estabelece nem a regularidade nem a estabilidade que costumam definir os campeões desse tipo de certame como nossas maiores características; nossa História é feita de arrancadas alucinantes, atropelamentos em retas finais e ressurgimentos improváveis; somos o time do “deixou chegar” e do “vamo lá, porra”. Esse momento está a nos apresentar a um novo jeito de ser do Flamengo, um Flamengo que precisa aprender a ser constante, estável e estratégico. Não se trata de deixar de ser como sempre fomos, mais de adquirir mais uma capacidade. E esse é um processo pelo qual passamos todos, o clube, o time e nós, juntos, como sempre. E é só assim que sabemos fazer dar certo.
SRN
Imagem destacada nos posts e nas redes sociais: Gilvan de Souza / Flamengo
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Fabiano Torres, o Tatu, é nascido e criado em Paracambi, onde deu os primeiros passos rumo ao rubronegrismo que o acompanha desde então. É professor de idiomas há mais de 25 anos e já esteve à frente de vários projetos de futebol na Internet, TV e rádio, como a série de documentários Energia das Torcidas, de 2010, o Canal dos Fominhas e o programa Torcedor Esporte Clube, na Rádio UOL. Também escreve no blog Happy Hour da Depressão.
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