Nos próximos anos o Flamengo terá grandes desafios pela frente. O #DesafioDasChapas foi o método encontrado pelo Mundo Rubro Negro de contribuir para o debate produtivo de ideias para o próximo triênio rubro-negro. Os candidatos responderão 20 perguntas semanais, perfazendo um total de 80 indagações durante o período de quatro semanas. Este primeiro bloco tem foco nas áreas de Finanças, Marketing, Recursos Humanos e Comunicação.
A Chapa Azul representa a situação com Eduardo Bandeira de Mello tentando a reeleição ; Wallim Vasconcellos, ex-Vice-Presidente de Futebol e de Patrimônio da atual gestão se tornou opositor de Bandeira e representa a Chapa Verde; e Cacau Cotta, ex-Vice-Presidente do FlaGávea e de Administração da Gestão Patrícia Amorim (2010-2012) é o candidato da Chapa Branca.
O nosso objetivo com os questionamentos abaixo é criar condições para que os candidatos apresentem seus planos de governo. As perguntas foram confeccionados com pouca margem para argumentações pretéritas. As decisões anteriores à posse do próximo mandatário, erradas ou acertadas, devem ser encaradas pelo Presidente da Nação Rubro Negra como desafios e oportunidades. É consenso no MRN ser um desperdício extremamente decepcionante — decerto cruel –, infrigir à Nação um período eleitoral baseado em acusações, verborragias com repetições de clichês elevados pela hexa potência e demais artíficios publicitários baratos. Quando poderíamos apenas ter, elegantemente, candidatos apresentando seus planos de governo.
Para entender as regras do #DesafioDasChapas clique aqui →
Boa leitura aos sócios aptos a votarem no dia sete de dezembro e a todos os rubro-negros espalhados pelo Brasil.
DESAFIO DAS CHAPAS – SEGUNDO BLOCO
O Portal Mundo Rubro Negro disponibiliza este questionário para todas as Chapas.
Tema Geral deste Bloco: Futebol
Observações:
¹Nas respostas obedecemos a ordem alfabética, assim a primeira Chapa a responder é a Azul, seguida pela Branca e por fim a Verde.
²As respostas foram reproduzidas exatamente como as Chapas as enviaram.
– Futebol
Qual a estrutura de comando planejada para o futebol e como funcionaria? Concorda na existência de Comitê de Futebol e Diretor Executivo?
O futebol será comandado pelo Vice Presidente de Futebol, que contará com o trabalho de um Diretor Executivo Profissional (remunerado). Caberá ao Comitê do Futebol, apenas e tão somente, mitigar riscos associados às decisões nas esferas financeira, jurídica e de imagem do clube, bem como acompanhar a evolução de projetos estruturantes, como o Centro de Inteligência de Mercado e Excelência em Performance, assim como os programas de capacitação dos funcionários e atletas.
O sistema de governo do Flamengo é presidencialista. Vamos nomear um vice de futebol e um diretor executivo, que ficarão subordinados diretamente a mim. Vamos estabelecer metas a serem atingidas. Eles serão cobrados e vão se reportar ao presidente. Vou ouvir a opinião de todos, mas a decisão final cabe ao presidente do clube. Não tem essa de colegiado, grupo de gestão. Isso não funciona nem na nossa casa. Repito, o sistema de governo é presidencialista. Quem manda, cobra, exige e paga é o presidente. Claro, auxiliado por seus colaboradores diretos, porque ninguém é dono da verdade absoluta.
Teremos o comando do futebol formado por um vice-presidente com o apoio do comitê do futebol para planejamento, orçamento e estratégia do ano seguinte. Qualquer alteração do que foi decidido, deverá ser aprovada pelo comitê do futebol. As decisões do comitê, que serão repassadas pelo vice-presidente de Futebol ao diretor executivo profissional, cuja função será a de preparar e propor o planejamento esportivo e efetuar a gestão do futebol extracampo. Teremos também um gerente de futebol, com reconhecida identificação com o Flamengo para atuar mais perto aos jogadores. O objetivo para 2016 será trazer pelo menos dois jogadores de primeira linha, que possam ser ídolos da torcida. Além disto, todos os atletas que jogarem pelo Flamengo terão que estar comprometidos, sabendo a importância de se atuar pelo clube.
Qual o perfil ideal de treinador para o clube?
Um vencedor, que entenda, valorize e respeite as características históricas do clube. Uma liderança que equilibre vibração, disciplina e tranquilidade para lidar com a forte pressão de comandar o Flamengo. Tal treinador tem que representar reformulação e modernidade, estando familiarizado com as principais ferramentas e tecnologias de avaliação de desempenho dos atletas, bem como com os novos padrões de treinamentos (físicos/táticos). É fundamental, finalmente, que seja um líder na acepção da palavra, que contribua para um ambiente de trabalho harmonioso com o elenco de jogadores, comissão técnica e funcionários do Clube.
Vou buscar o que há de melhor no mercado. Se tivermos condições, trago o Guardiola, o Mourinho. Caso contrário, penso em fazer do Jayme de Almeida e o Andrade os responsáveis pelo futebol profissional. Eles conhecem o clube, estão identificados com o Flamengo e conhecem de futebol.
Tem que ser vencedor. Vamos nos reunir com dois/três candidatos e conversar sobre a metodologia de trabalho de cada um e como eles se veem trabalhando no Flamengo. Como numa empresa, vamos escolher o melhor candidato para o clube.
Após o sucesso de Aguirre, que levou o Internacional a semifinal da Libertadores sem sequer montar o plantel, e Osório que manteve o São Paulo na briga pelo G4 mesmo com salários atrasados e desmonte do plantel durante a competição, o que a Chapa pensa da contratação de um treinador estrangeiro?
Nossa história é marcada por alguns treinadores estrangeiros. Tivemos o húngaro Izidor Kürschner, em 1937, que implementou diversas novidades na preparação dos atletas tendo, como assistente, o treinador que ganharia o nosso primeiro tri, Flavio Costa. No segundo tri, tivemos o paraguaio Fleitas Solich.
Portanto, faz parte de nossa História estar atento ao que se passa no exterior e trazer quando necessário um estrangeiro para dar novo rumo ao futebol do Clube.
Entretanto, mais importante do que ser brasileiro ou estrangeiro, é estar atualizado com as tendências mundiais. O treinador precisa estar atualizado, ser moderno, que nos leve ao “Estado da Arte” do futebol mundial. Sabemos que, hoje, o futebol brasileiro está longe disso e precisa mudar tanto no profissional, quanto nas divisões de base.
Se for bom para o Flamengo, se estiver atualizado com o que há de mais moderno hoje no futebol e se tivermos condições financeiras de trazer, não vejo problema algum. Bons profissionais têm espaço em qualquer lugar. Resta saber se a conjuntura econômica internacional nos permitirá a dar um passo nesse sentido. Se tiver dinheiro quero trazer o Guardiola, o Mourinho. Caso contrário, vamos buscar as açternativas caseiras. Gosto muito do Jayme de Alemeida, do Andrade. São pessoas que conhecem o futebol profundamente e são identificadas com o Flamengo..
Não temos nenhum problema em contratar um técnico estrangeiro; tudo vai depender do resultado das conversas com os potenciais candidatos.
A alta do dólar e do euro torna a contratação de jogadores de fora do país ainda mais difícil e favorece a saída dos jogadores que atuam no Flamengo. Como a Chapa pretende lidar com isso? Irá dificultar a saída de grandes nomes como Guerrero e Jorge ou pensa em fazer caixa?
O ambiente descrito vale para o Flamengo assim como para todos os outros clubes brasileiros. A grande vantagem do Flamengo é que evoluímos muito em nossa posição financeira nos últimos três anos. Com isso, garantindo uma excelente posição em comparação com os adversários brasileiros. Em um cenário mais pessimista, vamos sofrer bem menos. A melhor forma de reagir ao possível assédio do exterior aos nossos jogadores e à dificuldade para repatriar é realizar um ótimo planejamento para a temporada de 2016, com contratações bem estudadas a partir da correta avaliação das carências do elenco.
A crise econômica mundial atinge a todos os clubes indistintamente, e não somente ao Flamengo. O momento econômico delicado vai exigir dos gestores criatividade e um profundo conhecimento do futebol. O tiro tem que ser certeiro. Jogador que quiser vestir a camisa do Flamengo não pode vir para um período de experiência, de recuperação ou somente para compor elenco. Quanto aos jogadores do plantel atual, nossa é manter os contratos até o fim, e só liberar este ou aquele atleta, caso chegue uma proposta que seja boa para o clube e o jogador.
Realmente este será um obstáculo para trazermos atletas do exterior, principalmente da Europa. Vamos ter que reforçar o nosso time com atletas que atuam no Brasil e na América do Sul. Quanto aos nossos atletas, qualquer proposta que recebamos terá que ser avaliada. Claro que, se não precisarmos vender nossos principais jogadores, não o faremos.
Sabendo que a adesão do ProFut tende a tornar o mercado interno mais duro, com salários menores para os jogadores já que os clubes teriam que gastar menos, a chapa vê melhores possibilidades de contratar grandes nomes dos clubes de ponta do Brasil?
O Clube está atento ao mercado para suprir suas principais necessidades. Vão surgir oportunidades e bons negócios podem acontecer. Estamos mais preparados que a maioria dos outros clubes para aproveitá-las, caso sejam condizentes com o nosso planejamento técnico e financeiro. Teremos um elenco forte, à altura das nossas tradições e capaz de disputar títulos e orgulhar a torcida.
O ano de 2016 será um ano difícil por conta da crise econômica e em razão das limitações que o Profut impõe para que se mantenha a estabilidade econômica dos clubes. Portanto, teremos de de agir com critério extremo nas aquisições. Não podemos desperdiçar recursos com contratações duvidosas.
Sim, o principal mercado para aquisição será o brasileiro.
Desde a gestão Patrícia Amorim o clube faz os chamados contratos por produtividade, que envolvem quantidade de partidas jogadas ou disponibilidade no banco e premiações por títulos. A Chapa já avaliou endurecer mais as questões de produtividade, utilizando não só partidas disputadas como também artilharia, gols marcados e assistências (no caso de jogadores ofensivos) ou jogos com poucos ou nenhum gol sofrido (para jogadores de defesa) para trazer grandes jogadores, mas com um salário fixo menor e um variável atrelado de fato a performance em campo?
Sim. Estamos sempre pensando no assunto e em como equilibrar o uso desses indicadores da melhor forma possível. Um indicador novo que foi utilizado para a contratação de alguns atletas nesse ano, envolveu o reajuste salarial caso o atleta seja convocado para a seleção brasileira.
Penso que a meritocracia é um critério justo, largamente adotado nas empresas de maior sucesso no mundo corporativo. Não vejo porque mudar. O profissional tem de ganhar pelo que produz.
Ainda não é tão simples implementar esta metodologia, pois quase sempre estamos concorrendo com outros clubes que não têm esta prática. Mas, sempre que possível, vamos considerar uma parte da remuneração sendo variável.
O pagamento do “bicho” virou algo cultural no futebol brasileiro, todavia muitos acham uma prática nociva e que faz parecer que o jogador só rende quando “ganha um por fora”. Qual a visão da chapa sobre isso? Por que não adotar premiações em relação a objetivos de competição como colocação ao final do 1° e 2° turno ou conforme avançam de fase nas competições com eliminatórias?
A política atual de premiação do elenco é diretamente relacionada aos objetivos atingidos. Essa bonificação é definida no começo da temporada com os lideres do grupo. O Flamengo entende que grande parte da premiação por títulos ou avanço de fase nas Copas deve ser distribuída entre os atletas do futebol e a comissão técnica.
Existem casos e casos. No caso de o time disputar um jogo que vale um título importante para o clube, não me oponho a premiar os profissionais – leia-se jogadores, comissão técnica e demais profissionais que ajudam no dia a dia do futebol. Quando um time ganha, não ganha sozinho. Existe todo um trabalho em equipe por trás que contribuiu para as vitórias. O pagamento do bicho não pode virar regra, mas sim um bônus excepcional em reconhecimento ao trabalho bem executado.
Concordamos com a premiação por objetivos. Por ocasião da Copa do Brasil de 2013, adotamos o pagamento de premiação por fase; os jogadores e a comissão técnica recebiam um percentual da cota que o Flamengo recebia. E funcionou.
Qual o posicionamento da Chapa sobre o rompimento com a FFERJ?
O Flamengo não vai se curvar às arbitrariedades nem aos interesses parciais e escusos que hoje prevalecem na federação. A decisão de disputar o campeonato com time alternativo é soberana e está mantida. O Flamengo e o Presidente Eduardo Bandeira de Mello manterão os processos contra a Federação e seu presidente, por toda a má conduta e insultos dos últimos anos.
A torcida do Flamengo pode ter certeza: se eles acham que vão nos intimidar, estão muito enganados. Diante da iminência de mais um campeonato deficitário, a única instituição favorecida é a própria Ferj que tem boa parte de seus recursos oriundos popularidade do Flamengo.
Essa é uma luta onde não há vencedores e nem derrotados. Temos de buscar sempre o acordo, o entendimento. Estarei sempre do lado de cá da bancada, do lado do Flamengo. Não podemos permitir que o Flamengo seja subjulgado. Se o Eurico gritar, eu vou gritar mais que ele. Se ele apontar o dedo em riste, farei o mesmo. Precisamos de um gestor com pulso forte, sem aquela síndrome do coitadinho, da vítima injustiçada. O futebol não é um convento cheio de freiras.
Se é para romper, pede desfiliação. O Flamengo, se está filiado, tem que ir ao Arbitral, fazer constar em ata seus pleitos, reivindicar, exigir toda a informação a que tem direito. E reivindicar o que acha importante. Mesmo que seja murro em ponta de faca, tem que estar lá.
Qual o posicionamento da Chapa sobre a Liga Sul-Minas-Rio? E qual o nível de prioridade que dará ao campeonato organizado por ela em relação ao Estadual?
Não queremos um torneio deficitário no primeiro semestre do ano. Um clube do tamanho do Flamengo não pode passar metade do ano operando com prejuízo num torneio inchado, com regulamento estapafúrdio e lisura questionável. Romper com uma tradição nunca é fácil mas, na década de 1930, rompemos com o amadorismo e partimos para a era do profissionalismo.
O profissionalismo implantado por muito tempo significou, apenas, pagar salários aos atletas e comissão técnica. No entanto, é fundamental haver uma gestão realmente profissional nos clubes e, em especial, na organização dos torneios. Não se pode esquecer dos árbitros – ainda muito distantes de ter um tratamento realmente profissional.
Portanto, estamos tentando romper com uma estrutura retrógrada e buscando equilibrar as receitas ao longo do ano, por meio da disputa de um torneio com grandes equipes e alguns de nossos principais rivais nacionais. O trem pagador da federação está partindo.
Não estamos agindo, entretanto, sem manter nossos parceiros a par de nossa movimentação. Não cometeremos loucuras, nem traremos prejuízo ao Clube, mas estamos prontos para dar um passo à frente na luta por uma guinada em termos de gestão do futebol brasileiro.
Chega de tantos escândalos e da deterioração do futebol brasileiro. O 7×1 deveria nos levar a mudanças drásticas. Surpreendentemente, a impressão é de que nos fez dar meia-volta e marchar no caminho do retrocesso em algumas áreas. É preciso romper com o status quo, mesmo que isso signifique afetar um torneio que sempre valorizamos e em que temos a supremacia de títulos.
Sou frontalmente contra essa Liga. Uma Liga que nasce com o ex-presidente do Atlético MG como CEO não pode ser boa para o Flamengo. O Sr. Alexandre Kalil não vai jamais defender os interesses do Flamengo. Ele é um Eurico piorado. Essa Liga é natimorta. Defendo o aperfeiçoamento do Campeonato Carioca, o entendimento com a Federação Carioca. O Campeonato Carioca precisa ser reavaliado, rediscutido profundamente. Do jeito que está de fato não pode continuar. Há um excesso de jogos deficitários, sem nenhum atrativo para o torcedor. Que se reduza o número de equipes participantes, criando-se um ranking regional.
A Liga já nasceu errada. Não pode ser o Kalil o presidente, nunca. Uma empresa teria que ser contratada e buscar executivos no mercado para estruturar e liderar o funcionamento da Liga. Não pode um apaixonado pelo Atlético-MG, com o perfil que conhecemos, presidir. Começa amadoristicamente. Começou errado e vai virar um novo Clube dos 13. A discussão sobre um melhor formato para o campeonato estadual tem que continuar e, enquanto estivermos filiados à Ferj, é nossa obrigação lutar por uma competição mais rentável e atrativa.
O que a Chapa pensa da criação de uma Liga de clubes da série A, que, entre outras coisas, organize o Campeonato Brasileiro da respectiva série? Haveria condições das quais o Flamengo não abriria mão para participar?
A União entre clubes brasileiros deve deixar de ser uma utopia e cabe ao Flamengo exercer sua natural vocação e liderar este processo. É evidente que muita coisa deve mudar, mas mudanças estruturais – para que aconteçam em um prazo adequado as nossas necessidades – devem ser fruto de uma discussão que envolva todos os Stakeholders do Futebol Brasileiro: Clubes, Federações, Confederações, Patrocinadores, etc.
A Primeira Liga, assim como a Liga do Nordeste e outras ligas regionais, pode servir de ponto de partida para essa imprescindível e inadiável mudança.
Defenderemos o respeito à nossa natureza nacional e ao gigantismo de nossa torcida que nos faz merecer uma cota de televisão proporcionalmente mais alta do que a média dos demais clubes. Entendemos também que a arbitragem e a própria estrutura de Direito Desportivo também deveria ser rediscutidas. Não podemos abrir mão de transparência e boa governança em qualquer competição que o Flamengo venha a disputar.
Vejo que pode vir a ser uma solução, desde que não haja entendimento com a CBF. Mas essa Liga tem de reunir todos os times mais tradicionais do país. Não se pode abrir mãos das equipes vencedoras, tradicionais do futebol brasileiro. Não podemos admitir a criação de uma Liga sem as equipes do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia, Pernambuco, Minas Gerais.
A criação de uma Liga Nacional nos parece inevitável, porém tem que ser um processo organizado e construído de maneira profissional. O envolvimento de dirigentes amadores e torcedores apaixonados como executivos da Liga vai levá-la ao fracasso.
O CAS julgou o caso André Santos. O Flamengo, de acordo com a decisão, escalou indevidamente o jogador no último jogo do campeonato brasileiro de 2013. Qual a avaliação sobre o ocorrido e como sua administração irá evitar que fatos como este ocorram?
Apesar da decisão da CAS, mantemos a posição técnica de que não houve erro ou violação às regras na escalação do atleta. Isto foi comprovado por dois pareceres jurídicos de especialistas (Drs. Marcos Motta e Martinho Neves Miranda) e pelo ex-Diretor do Comitê Disciplinar da FIFA por 07 anos (Dr. Paolo Lombardi), que julgou os problemas oriundos das três entre as quatro últimas Copas do Mundo e foi um dos redatores do Código Disciplinar da FIFA). Este especialista internacional veio ao Brasil e depôs no STJD, momento em que esclareceu aos presentes que não houve erro na escalação do atleta.
Se do ponto de vista técnico o Flamengo mantém a posição de que não errou ao escalar o atleta, medidas administrativas foram tomadas para que eventuais casos similares sempre sejam validados pelos Diretores Executivos e Vice-Presidentes das áreas envolvidas, o que não ocorreu no episódio André Santos. Esta mudança foi implementada e aplicada ao longo de todo o ano de 2014 e também 2015. Aprimoraram-se os controles e processos, diminuindo-se , portanto, o risco de situações similares que possam representar eventual prejuízo desportivo ao CRF.
Isso revela o despreparo, a inexperiência da diretoria atual com o futebol. Isso é inadmissível. Não tinha ninguém no Flamengo encarregado de fazer esse mapeamento da situação de cada atleta.
Wallim era o vice-presidente de Futebol à época. Ele e o diretor de futebol, Paulo Pelaipe, receberam a informação do departamento jurídico de que o jogador estava apto a jogar. O entendimento do departamento jurídico era de que havia uma brecha que dava conta que o André Santos poderia cumprir suspensão na mesma competição, no caso a Copa do Brasil do ano seguinte, e não no Campeonato Brasileiro.
Há a formação de uma ideia entre vários torcedores, na qual o atual elenco não reúne certos atributos emocionais para atuar pelo Flamengo. Entre os quais: garra, competitividade e espírito vencedor, o que provocaria certo desdém em campo para a busca de vitórias. Concorda com esta afirmação? Se não concorda o que atribui parte da torcida a ter este pensamento? Se concorda, o que faria para mudar?
A formação de um elenco vitorioso requer a presença de diferentes perfis de atletas, requer um equilíbrio entre qualidade técnica, confiança, orgulho de pertencer e comprometimento. A existência de líderes identificados com o Clube e respeitados pelos demais jogadores é essencial em elencos vencedores. Com as melhorias que vislumbramos no processo de avaliação dos atletas e no planejamento de elenco, vamos avançar no equilíbrio entre os atletas, levando em consideração o nível de comprometimento e a vontade de vencer.
Cada atleta reage emocionalmente de uma forma. Não vou apontar este ou aquele jogador para não ser injusto. Mas para jogar no Flamengo tem de ter garra, sangue, condições mínimas para vestir o manto sagrado. Jogador do Flamengo tem que entrar em campo com a faca nos dentes. Vou cobrar isso pessoalmente, olhando para eles, olho no olho.
Precisamos ter no Flamengo jogadores comprometidos, que queiram atuar pelo clube. A falta de líderes positivos no elenco faz com que a maioria dos jogadores fique perdida ao menor revés. Vamos buscar estes líderes no mercado e trazer para o elenco.
Onde a chapa planeja jogar no ano que vem, com a interdição do Maracanã e do Engenhão devido a Olimpíada?
O clube está estudando alternativas e, em breve, teremos novidades muito positivas. Uma delas ainda depende de algumas condições comerciais que estão sendo tratadas com urgência. Caso não se viabilize, poderemos ter as opções já consolidadas de Volta Redonda e Macaé, além de definirmos umas três ou quatro cidades fora do estado como sedes alternativas.
Quero reviver os jogos no estádio José Bastos Padilha, na Gávea. Para isso já tenho um projeto de ampliação das arquibancadas, que em breve vou divulgar. Antes disso, podemos disputar os jogos de pequeno porte em Volta Redonda, Macaé. Aqueles que houver uma demanda maior, podemos negociar com os direitos com as arenas existentes. Trata-se de uma situação excepcional, motivada pela realização da Rio-2016.
Nossas opções são Volta Redonda e Juiz de Fora, para a maioria dos jogos. Vamos também atuar em outras cidades do Brasil, pois somos a maioria em quase todas elas e a torcida destas cidades merecem ver o Flamengo jogar.
O que pensa sobre mandar mais jogos fora do Rio de Janeiro ao longo dos três anos para estimular a torcida off-Rio? Pertinente ou prejudicial? Por quê?
Um dos grandes orgulhos de todo rubro-negro é o fato de termos uma torcida verdadeiramente nacional e apaixonada. Sempre que pudermos estar perto da nossa torcida, no Rio de Janeiro ou fora, e isso significar uma perspectiva de arrecadar um valor mais interessante do que jogando no Rio, essa alternativa passará a ser uma opção interessante para o clube – sempre respeitando os critérios técnicos que favoreçam o nosso time em momentos decisivos.
Devemos fazer os jogos pontuais. Sem exageros. A casa do Flamengo é o Rio de Janeiro, embora tenhamos uma torcida espalhada por todo o país. Mas há jogos e jogos. Não abro mão da mística do Maracanã, que é a nossa casa, nas partidas importantes. A venda do jogo com o Coritiba para o Estádio Mané Garrincha, em Brasília, foi um erro da diretoria e custou caro ao Flamengo. O time vinha de uma sequencia de vitórias e estava disputando sua permanência no G4. Depois daquele jogo, o time caiu de produção e só perdeu.
Gostaríamos de sair o mínimo possível, mas o Flamengo é nacional e o Brasil inteiro merece ver o Flamengo. Mas a intenção é a de mandar a maior parte no Rio.
Como sua administração irá preparar futuros quadros como dirigentes para poderem lidar com futebol?
Passados esses primeiros três anos de mandato, podemos olhar para cada área do clube e identificar os avanços alcançados e quanto ainda podemos evoluir. O mais importante é saber que vamos partir de um ponto muito melhor do que encontramos. O mesmo vale para o futebol. Nesse período, procuramos priorizar os gastos com o elenco e investir em projetos estruturantes que mudarão o patamar do futebol nos próximos anos. Vamos avançar mais na qualificação de nossos funcionários e reforçar nosso quadro profissional. Temos um compromisso com a excelência em performance que só virá com a excelência de nossa gestão.
Vamos buscar os melhores quadros do clube, independente de suas ligações políticas. Se o cara for bom no que faz, vamos atrás e convidá-lo para auxiliar o clube.
A formação de novos dirigentes é um processo longo, pois demanda tempo de aprendizado para que uma pessoa possa se tornar um dirigente remunerado qualificado.
Temos que montar um programa de treinamento para os dirigentes da base, incluindo intercâmbio em equipes estrangeiras de centros desenvolvidos no esporte, de forma que eles possam no futuro assumir posições executivas no time profissional.
O que a Chapa pensa da idéia de se utilizarem ex-jogadores para realizarem clínicas pontuais de aperfeiçoamento nos jogadores da base, e mesmo profissional, em finalização, posicionamento defensivo, passe de curta, média e longa distância, deslocamentos, dribles, etc.?
Achamos ótima ideia. Está diretamente relacionada ao reforço no quadro de funcionários que vislumbramos para o próximo triênio. Além disto, temos um projeto para utilizar ex-atletas em palestras motivacionais para os elencos profissional e de base. Na base, queremos criar uma espécie de universidade rubro-negra para o atleta conhecer a história do clube contada pelos próprios personagens. Quanto mais identificado com o clube se tornarem os atletas, melhor!
A utilização dos ex-jogadores, sobretudo, na formação dos jogadores da base é fundamental. Na minha gestão não vou medir esforços para trazer o Adílio, o Julio Cesar Uri Geller, Nunes, Andrade para nos auxiliar na formação desses jogadores. Aqueles que eventualmente se destacarem serão promovidos ao time profissional. E se aparecer alguma proposta de fora vantajosa para o clube e o jogador, vamos avaliar a conveniência de negociá-lo.
Vamos aproveitar alguns ex-jogadores, ídolos, para ajudar na formação dos atletas da base. Por terem vestido a camisa do Flamengo e serem ídolos, seu trabalho junto aos meninos da base certamente surtirá efeito.
Qual a ideia da Chapa em relação à Base? Formar jogadores para aproveitamento do profissional? Poder se capitalizar com suas negociações? Como avalia a base atual em relação a sua idéia de funcionamento “ótimo”?
A base tem papel essencial no futuro rubro-negro. Os nossos grandes times do passado e nossas principais conquistas vieram com elencos formados em casa. Temos uma meta de longo prazo em nosso programa que estabelece que 30% do elenco profissional deve ser formado dentro do clube.
Temos muito a evoluir ainda. As ferramentas de gestão que tanto temos são ainda mais importantes para serem utilizadas na base. Com essas ferramentas, poderemos criar diagnósticos precisos de que áreas o atleta precisa evoluir e como foi sua curva de evolução. A utilização da ciência em detrimento do empirismo nos permitirá investir melhor em cada atleta e decidir melhor sobre o futuro dele quando chegar ao profissional.
O Flamengo tinha como lema “Craque o Flamengo faz em casa”. Isso não acontece mais por falta de conhecimento e de planejamento. Penso em colocar os craques do passado do clube, como Julio Cesar, Adílio, Nunes para coordenarem de perto a base. Eles são ídolos, têm experiência e podem perfeitamente ajudar o clube na formação de futuros craques. Defendo que um time competitivo deve mesclar jovens jogadores com aqueles mais tarimbados, experientes. E assim faremos. Aquele atleta que despontar na base, subirá para o time profissional gradualmente, para que não queimemos etapas. Tudo deve ser feito de forma tranquila, sem pressa e com a supervisão dos nosso ídolos do passado. Não vejo outra maneira de fazer voltar a qualidade da base do Flamengo.
A base precisa ser valorizada e tem que revelar novos talentos. Queremos as divisões de base comandadas por um ex-jogador com história no clube. Passaremos de um investimento de R$ 8 milhões ao ano crescendo para R$ 20 milhões. O término do CT, a melhoria da captação e o maior investimento na área de conhecimento vão alavancar o desempenho da base.
A Chapa tem metas esportivas para o próximo triênio em relação ao profissional ou “o que vier é lucro faremos o que pudemos”?
O objetivo de médio prazo é tornar o Flamengo o maior clube das Américas, tanto esportivamente, quanto em gestão e tecnologia. Para atingir tal papel precisamos definir metas esportivas. Neste triênio temos como objetivo ganhar, no mínimo, 02 títulos nacionais (dentre o Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil e 1ª liga) e um título sulamericano.
Vamos entrar para ganhar tudo . Mas sobretudo, voltar a disputar a Libertadores. Penso que a nossa participação no torneio é prioridade por diversas razões. O Flamengo tem a cara da competição, já ganhou a Libertadores. Além de auxiliar as finanças, o retorno do Flamengo à competição intercontinental representa ampliar a exposição da marca internacionalmente, além de ajudar a alavancar o programa de sócio-torcedor, que hoje é um fiasco, com somente 72 mil sócios.
Nossa meta é lutar pelo título em todas as competições em que participarmos. Temos que voltar a ganhar o Campeonato Brasileiro e a Libertadores.
Pensa em manter a maior parte do elenco atual para o próximo ano ou acha que precisa ser refeito em boa parte?
Acreditamos que o elenco atual é um ponto de partida razoável para a próxima temporada e traz avanços em relação aos anteriores que tivemos nesse período. Sabemos que tem carências. Vamos reforçá-lo priorizando essas carências, com o objetivo de trazer jogadores capazes de orgulhar a torcida e dar retorno em campo.
O time atual é fraco, mas temos de respeitar a vigência dos contratos. Queremos montar um time que se identifique com o Flamengo. Não podemos admitir que os jogadores venham para o Flamengo somente para compor elenco. O Flamengo tem que disputar títulos e não somente pagar sua dívida, conforme preconiza a atual diretoria. E para contratar jogadores de qualidade, é preciso planejamento e, acima de tudo, conhecer de futebol, não basta amar o clube.
Entendemos que o elenco tem que ser avaliado para dispensarmos os jogadores que não mais nos interessar. Vamos discutir com o diretor executivo e o treinador quais atletas devem continuar.
Que prioridade o futebol terá em sua administração?
O Flamengo nasceu para vencer. É nosso compromisso disputar para vencer todos os campeonatos. Nossa maior prioridade é voltar a vencer os principais campeonatos do nosso calendário – e, nesse momento, isso acontecerá sem comprometer nossa política de austeridade financeira. Do ponto de vista administrativo, nosso foco será continuar evoluindo a gestão profissional do futebol. Vamos qualificar mais nossos funcionários, investir em tecnologia e na base.
O futebol é o carro chefe do Flamengo, portanto, a prioridade na nossa gestão é total. Temos de tratar o futebol com planejamento e comando. O sistema é presidencialista. Vamos nomear um vice de futebol. Que será subordinado diretamente a mim. Penso que temos de trazer para o clube o que há de melhor no mercado. Se tiver caixa, trago o Guardiola, o Mourinho. Caso contrário, penso com carinho na utilização de usarmos o Jayme de Almeida, o Andrade. Eles conhecem o clube, se identificam com o clube e são ídolos do clube. Vamos direcionar nossos esforços para concluir o CT, em Vargem Grande, olhar a base de forma profissional, com olhar clínico. Privilegiar os ídolos do clube. Defendo que os craques do passado devam coordenar a base, olhar e orientar os meninos. Não há ninguém melhor do que eles. O Flamengo não pode continuar sendo um centro de recuperação de atletas. O jogador para jogar no Flamengo tem que estar voando. Se não joga há dois meses por lesão, não pode nos interessar. No elenco atual temos vários exemplos disso.
O futebol será uma das maiores prioridades, juntamente à austeridade financeira, que precisa continuar. O término do CT, o estádio, maiores investimentos nas divisões de base e a formação de um time profissional competitivo serão as prioridades.
O Mundo Rubro Negro agradece a colaboração, boa vontade, senso de responsabilidade e, sobretudo coragem, de todas as Chapas, por não deixarem de expor aqui seus planos de governo.
Não esqueçam de entregarem o próximo bloco de perguntas. O tema central é o FLA-Gávea e Esportes Olímpicos.
Obrigado!