Flávio H. Souza | Twitter: @PedradaRN
“Eu não volto ao Flamengo sem que o modelo que acreditei, que existiu por quase 2 anos, volte a imperar.”
O ex-vice-presidente de marketing do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista da Rocha (Bap), comenta sobre as razões de sua saída do Conselho Diretor do Flamengo e informa os novos passos que está tomando na política rubro-negra.
MRN: Como o processo de ajuda ao Flamengo teve início?
Bap: Este processo para ajudar o Flamengo, começou em 2009 com a formação do Movimento chamado Fla21, onde eu, Wallim, Tostes, e mais algumas pessoas. Não obtivemos sucesso daquela vez, mas ao menos conhecemos como era o processo eleitoral. A partir daí, basicamente eu e Wallim começamos a escrever um projeto sobre o que seria o Flamengo ideal. O objetivo era “despersonificar” as ações no Clube de Regatas do Flamengo. Nada nem ninguém é mais importante que o grupo. Este era o princípio basilar, em que eu acredite que continue funcionando. E, na verdade, nós conseguimos muito apoio de fora do clube, no primeiro momento, para este processo, muito mais do que de dentro do clube…E ao longo dos anos que a gente tem estado lá fico feliz em dizer que algumas pessoas de dentro do clube, também reconheceram a importância do grupo. Flamengo é grande, Flamengo é plural. É muito difícil você tocar um clube como o Flamengo, com demandas de curto prazo de esporte olímpico, de finanças, de futebol…médio prazo de projetos mais estruturados do clube, busca de patrocínios, enfim, é uma tarefa hercúlea. Não é uma tarefa para uma pessoa só. Definitivamente não é. Então o nosso projeto a gente entendia que devia ser um grupo, apesar do regime ser presidencialista, não importa qual seja o presidente, você tinha que ter um grupo, em primeiro lugar, e que trabalhasse pelos interesses do clube. E aí vinha o slogan:” Tudo pelo Flamengo, nada do Flamengo”. Este era o primeiro passo. O segundo, é que o presidente, ainda que pudesse ser qualquer pessoa, acreditasse nos princípios do grupo, e, de alguma maneira, demonstrasse no dia a dia alguma aderência a estes princípios do grupo. Então, assim foi feito. E assim, quando Wallim foi gongado, nós acabamos escolhendo o Eduardo (Eduardo Bandeira de Mello) e trouxemos gente que acreditava neste modelo de projeto, e acabamos sendo consagrados ganhando as eleições em dezembro de 2012.
E o seguinte, o trabalho que fizemos no clube, foi um trabalho no qual me orgulho, no qual fiz parte. Eu entendo que foi um grupo importante que fez estas entregas e entendi que o grupo é mais importante do que os indivíduos.
Bap ainda em tempos de harmonia com a atual gestão (Foto: Site Oficial)
MRN: E o que aconteceu?
Bap: Ao longo do tempo, como tudo na vida, as pessoas têm todo o direito de mudar de opinião, tá certo? Eu não mudei de opinião. Eu continuo achando que o grupo é importante, nunca achei que o presidente isoladamente era mais importante do que o grupo. E sempre me pautei pelo que seria melhor para o Flamengo. Eu não tenho projeto de poder de estar no Flamengo durante 20 ou 30 anos. Ainda que acredite que a gente tem um projeto que seria importante pro Flamengo durante 20 ou 30 anos, desde que se tenha um grupo unido e competente. Na minha visão isto funcionou durante 21 meses, foi tudo perfeito, depois do 21º mês houve mudanças, do meu ponto de vista, ok? Eu entendo do que foi combinado entre eu, Eduardo e Wallim antes das eleições, em que fechou com Eduardo sendo candidato, mudou com o tempo. Se me perguntar exatamente porque que mudou, não sei exatamente porque que mudou, porque não fui eu que mudei. Continuo a mesma pessoa, pensando da mesma forma, trabalhando pelo Flamengo, ajudando o Flamengo, como parte do grupo. Em vários momentos fui voto vencido, acatei e honrei o que o grupo tinha decidido. E depois do 21º mês houve mudanças nisso. Não é verdade que depois aquilo o que era decidido pelo grupo era encampado pelo nosso presidente. Bom, eu não sei pelos demais, mas comigo e com Wallim, ele tinha um acordo olho no olho, do que o combinado não é caro. Do meu ponto de vista este cristal se quebrou.
O sucesso da gestão do Flamengo até agora sempre foi, e talvez o grande público assim como o sócio não saibam, foi exatamente ter um colegiado, ter uma visão parlamentarista dentro do clube. Porque mais de uma cabeça pensa melhor que uma só. Agora, quando o “parlamento” decide uma coisa e uma pessoa isoladamente resolve fazer outra, a gente começa a ter um problema. Quando isto acontece uma vez, duas vezes…e aí acontece quatro ou cinco vezes, eu entendo que os incomodados têm que se mudar. Eu me senti incomodado, e não trabalho desta forma, porque sou um cara que tem palavra. E quando mudo de opinião, digo para as pessoas que mudei de opinião.
MRN: E o que pensa do Flamengo do futuro?
Bap: Quando a gente pensa no Flamengo do futuro, eu acho que não existe possibilidade de se ter um grupo unido, no médio longo prazo, e acrescente isto os desafios de uma nova etapa que o Flamengo terá que enfrentar, com algumas pessoas que, de alguma maneira, não pensam igual aos outros. Quem pensa de uma maneira isolada, personalista, não vai conseguir comandar o Clube de Regatas do Flamengo. E esta é uma preocupação grande que tenho. Então, não acredito que o corpo que a gente tem hoje, se mantido exatamente tal e qual, seja ideal pro Flamengo no próximo mandato.
Acho que teremos desafios mais importantes, mais complexos, a gente vai ter que fazer mais do mesmo da porta do Flamengo para dentro, mas da porta do Flamengo para fora, a gente tem que ter uma agenda muito diferente. É mais ou menos quando você está estudando na escola, uma coisa é você estar fazendo Ginásio, outra coisa é estar fazendo Vestibular, outra coisa é quando se forma na faculdade, outra é quando vai trabalhar, isto vai mudando com o tempo. A gente vai mudando, se adequando, e as demandas e as cobranças que vem para gente são diferentes. No Flamengo não vai ser diferente. Então, sob este aspecto, juntando a experiência que tenho, pessoal e profissional, e o que tinha idealizado pro Flamengo, Eu, Bap, na minha opinião, não acredito que o Eduardo seja o nome ideal para comandar o Flamengo no novo mandato. Ainda que ele tenha dado uma contribuição importante para o Flamengo. Mas, olha, o Eduardo não teria feito nada se não fosse o grupo que está com ele. Assim como nenhum de nós, isoladamente, teria sido capaz de fazer o que a gente fez. Então, achar que depois que está feito…” Ah! Eu tenho uma maior responsabilidade, um tamanho maior na obra…” Eu acho que não é adequado. Entendeu? Então, basicamente, a razão da minha saída foi a que lhe expliquei, para mim o que é combinado não é caro, começa a combinar uma coisa e fazer outra, pode funcionar pro mundo, comigo não funciona. E eu não vou mudar porque já estou velho para mudar. Agora, as outras pessoas estão absolutamente à vontade para pensar como elas queiram pensar, enfim, a vida é feita de diversidade. Penso diferente de meu filho, da minha filha, ainda assim amo eles. Isto não embota minha capacidade de avaliar o que acho adequado pro Flamengo ou não. Então, resumindo, é isto.
MRN: Entendo que havia este grupo ligado a você e outros membros que se uniram depois, alguns não necessariamente concordando com isto…
Bap: Havia um “núcleo duro” de 8 pessoas. E estas 8 pessoas, de alguma maneira, é que decidiam…é como um partido político. Você pode fazer coalizações, mas as decisões estratégicas mais importantes são definidas dentro do partido. E dentro do partido, a decisão era parlamentarista. Ok? Este é o ponto.
MRN: As outras pessoas que faziam parte deste “Núcleo Duro” continuam lá ou estão com o pensamento igual ao seu mas preferiram continuar no Flamengo até para não prejudicar o próprio clube?
Bap: Olha vou falar por mim. As sete pessoas além de mim continuam lá. Se a maioria concorda com isto? Eu acredito que não. Mas dentro desta maioria tem gente que está para um lado, tem gente que acha que está tudo bem, e tem gente que pensa exatamente como eu, acha que não está tudo bem. Se você for avaliar onde que está o grupo dos que eram fundadores básicos do Movimento desde 2009, estes estão todos pensando como eu. Não tenho a menor dúvida. Agora, tem outros, que se juntaram depois, que fazem parte do Núcleo Duro, e que pensam diferente, é da vida. Talvez eles achem que o clube evoluiu muito bem, que eu seja um cara muito duro, eles estejam relativizando as coisas, ou seja, “melhor assim do que correr o risco de voltar para trás” …e como diz o Vanderlei Luxemburgo, numa frase que acho muito feliz é: “Tem gente na vida que tendo medo de perder, perde a vontade de ganhar”. Não no sentido de ganhar eleitoralmente, mas ganhar no sentido de poder implementar de forma ampla aquilo que a gente sonha pro Flamengo, pelo menos é o que o Grupo, que teve comigo desde o princípio, pensava. Os componentes básicos do Núcleo Duro. Agora, as pessoas têm todo direito do mundo de mudar de opinião. É natural, é da vida.
MRN: De acordo com o que falou então foi este tipo de princípio de governança de forma colegiada que permitiu estes enormes avanços. Se este tipo de governança não existir mais, não teríamos então mais esta evolução, como aconteceram nestes 2 anos…
Bap: Os princípios que nos trouxeram até aqui não existem mais. É isto que as pessoas precisam entender. É como rendimento de fundo de investimento. Acha que o rendimento que tem hoje terá garantia do mesmo resultado futuro? Não. A garantia do resultado futuro é a continuidade das melhores práticas. E o que estou dizendo é que isto não está acontecendo mais agora. E irá levar um tempo para as pessoas perceberem. Minha preocupação não é com o curto prazo do Flamengo. A minha preocupação é, o que você falou, tem que ser mantido com gestos e atitudes. Não adianta achar que vai mudar…” Ah! Existe um grupo…” Se você não respeita a vontade do grupo, o grupo não existe mais. “Ah isto quebra o clima do que foi construído” …Não. Mas em um ano muda tudo! Não tenha dúvida disso.
Algumas coisas ficarão muito claras daqui a 6 meses, daqui a um ano, se a gente não resgatar isto que eu, Bap, acredite ser fundamental. Qual seja? O trabalho do grupo, o trabalho da equipe, não ter ninguém mais importante que o outro. Quando eu perco votação eu sempre me submeto a decisão da votação que perdi no grupo. Faz parte. Não posso perder uma decisão do grupo que decida X e eu faça Y. Não existe isto! Aí o grupo acabou! Agora, o grupo ficar cercado de pessoas que, de alguma maneira, ficam juntas e dizem:” Ah! Nós somos um grupo” …Não basta dizer que é do grupo, entendeu? Você tem que praticar isto. Este que é meu ponto. Que é diferente de algumas pessoas. Respeito a opinião delas mas penso diferente. Acho que a maneira que elas pensam de alguma maneira está incutido no Flamengo nos últimos 20, 25 anos. Eu penso diferente. E aí é aquela máxima da vida: Os incomodados que se mudem.
Antes que alguém diga que eu queira mandar em tudo no Flamengo. Eu não preciso mandar no Flamengo para atender meu ego. Não é que eu esteja à toa na vida sem fazer nada. Sou presidente de uma empresa que fatura 30 vezes o que o Flamengo fatura. Sou presidente de uma empresa de televisão, e quando alguém diz: “Ah! O problema do cara é ego!” Sim é ego, moro em São Paulo, tenho 3 filhos, tenho filho de 4 anos, tenho filho adolescente fazendo vestibular. Tenho que trabalhar numa empresa grande com imensas responsabilidades mas o que quero mesmo é “mandar no Flamengo” …Pô…menos né? Se eu quisesse realmente mandar no Flamengo, não tinha idealizado, junto com outras pessoas, o conceito do grupo em parlamentarismo.
MRN: Então, estas pessoas acordaram que o modelo seria este, só que você se afastou por constatar que não…
Bap: Isto foi combinado fundamentalmente entre eu, Eduardo e Wallim e depois dividido com outras pessoas que eram companheiras de primeiríssima hora. Agora, quando outros se juntaram ao grupo e sabiam que seria assim, e que, de alguma maneira, compraram este conceito do parlamentarismo no primeiro momento. E ao longo do tempo, à medida que os resultados apareceram, ou eles mostraram o que pensavam ou mudaram de opinião, começando a achar que este conceito de parlamentarismo não era adequado para o Flamengo. Então tem gente do grupo que vivia dizendo: “Não! Aqui é presidencialista, quem manda é o presidente!” E está lá ainda. Quando dão errado as decisões a conta é do grupo. Vejo assim, não é justo que a decisão do indivíduo se sobreponha a decisão do grupo. Eu defendo isto. E outros ali também defendem. Onde tem muita emoção como no Flamengo, que é o que me fez entrar no Flamengo, eu entendo que a emoção que tenho pelo Flamengo vai embotar a minha capacidade de emoção por isto que acho um grupo decide melhor que uma cabeça isolada. Então quando começo a achar, que por ser razoável a minha decisão pessoal deve prevalecer, acho que é o princípio do fim deste conceito de parlamentarismo, da unidade do grupo. Esta é minha visão.
MRN: Então você tem a absoluta convicção que esta sua visão está correta, até pelo sucesso que foi a gestão nestes 21 meses?
Bap: Exatamente isto! Se a gente pudesse voltar atrás com o ambiente que tem hoje e as condições que tem hoje, a gente não teria tido o mesmo sucesso. É mais ou menos como se você tivesse ido ao médico e ele dissesse: “Você está com câncer, você irá fazer 20 sessões de quimioterapia”. Aí você faz 10 e você começa a se sentir muito melhor e pensa: “Não vou fazer as 10. Já estou ótimo! Sei que não preciso disso…” Leva um tempo para a conta chegar, você concorda? Este é o meu ponto de vista: O que trouxe a gente ao sucesso e as conquistas retumbantes destes dois anos, foram os princípios que nortearam nossas ações e que trouxeram este resultado espetacular, o que estou dizendo é que eles não estão mais lá. Isto que me preocupa. Agora, a casa vai cair em 6 meses? Não. Vai cair em um ano? Não. Não vai cair. Isto vai ter a continuidade, vai ter o sucesso que a gente projetou em 5, 10 anos? Eu estou garantindo que não vai. Esta é minha opinião.
MRN: Então, diante disso, você irá sempre continuar batalhando pela continuidade destes princípios?
Bap: Sempre! Eu não acredito que um clube como o Flamengo possa ter um regime presidencialista de fato e de direito que funcione adequadamente.
MRN: Seria bom mudar o estatuto também, porque o estatuto hoje é todo voltado ao presidencialismo…
Bap: É, mas não tem uma palavra no estatuto do Flamengo que impedisse a gente de combinar o que a gente combinou e que trouxe os resultados espetaculares que aconteceram nos dois primeiros anos. Eu ouvi sempre muita gente culpando o estatuto do Flamengo de “porque que não faço isto, porque que não faço aquilo”. A verdade é que no estatuto do Flamengo não tem uma linha que diga que você não pode ser correto, que você não pode profissionalizar o clube, que você não pode contratar gente para tocar o clube de forma profissional, que você não pode tocar com um grupo como fiquei te dizendo, não tem uma linha que diga isto! Agora, o que é combinado, na minha visão, deve ser cumprido.
O fato de ter estado muito bem até agora é pelo conjunto da obra e do que foi feito até agora. Será que estará bem daqui a 1 ou 2 anos? A gente vai ver. Eu não acredito que, quebrado este cristal, mudando estes princípios, ou porque os desafios do Flamengo agora são outros, ou uma combinação dos dois fatores, que a permanência deste modelo tenha sucesso, ou não o sucesso que a gente poderia ter. Esta é minha crença. Mesmo quem diga que eu queira “mandar em tudo”. Olha, não sou candidato a eleição em 2015, ok? Não sou candidato a nada. Não era em 2012 e não sou em 2015. Antes que digam que quero ser presidente do clube, e que, se fosse, iria mandar sozinho. Também não ia! Porque não acredito que um clube como o Flamengo possa ser mandado por um cara só.
MRN: E hoje você percebe que há, digamos assim, um presidencialismo mais forte.
Bap: Sem a menor dúvida. Estimulado por alguns que supostamente eram do grupo. Agora, esta é minha opinião. Acredito que as pessoas façam isto porque elas acreditam que isto esteja certo. E o que acontece no Flamengo é o seguinte: quando você pensa diferente as pessoas pensam que você virou inimigo. Penso diferente da minha filha, do meu filho, nem por isto deixo de amá-los. Vou mudar de opinião porque amo eles? Não. Não vou mudar de opinião.
MRN: Agora, uma observação a respeito deste presidencialismo, com esta Lei de Responsabilidade Fiscal Rubro Negra, que foi aprovada pelo Conselho Deliberativo recentemente, não acha que agora qualquer presidente, com mais responsabilidades financeiras, contábeis, etc. não teria que ter um peso maior nas tomadas de decisões, visto que o nome dele estará individualmente envolvido em qualquer coisa que o clube fizer?
Bap: Acho que sim. Mas quer saber? A responsabilidade é solidária do grupo. Acho que qualquer presidente do Flamengo devia preferir ter um grupo, como estou falando, tomando as decisões. Ainda que não fosse por uma questão do mérito, fosse uma questão política. Acho que a gente evoluiu muito. Esta mudança de estatuto do Flamengo é um marco importante. Mas quer saber? Este assunto é discutido há dois anos pela gente. Conseguimos aprovar agora. Mas não é uma coisa que aconteceu nos últimos 30 dias. Reforma do estatuto do Flamengo é um assunto que a gente discute há 5 anos. Se tem uma unanimidade no Flamengo é que o estatuto tinha que mudar. À partir daí todo mundo discorda. Uns acham que tem que ser isto, outros acham que tem que ser aquilo. Uns grupos acham que não tem que se pagar nada por ser sócio do Flamengo. Outros acham que torcedor não deve votar. Uns acham que pode ter voto pela internet outros acham que não. Uns acham que o regime deve ser presidencialista outros acham que não. Uns acham que um Conselho de 4, 5 mil pessoas funciona adequadamente, outros acham que deveriam ser 300. Tem mil formas diferentes de você pensar, o que vejo é o seguinte: independentemente do que diga este novo estatuto, inclusive a parte de responsabilidade fiscal, um grupo coeso e que trabalhe pelo Flamengo na linha “Tudo pelo Flamengo e nada do Flamengo” só ajuda o presidente a dormir mais tranquilo. Quanto mais sólido e mais forte for o grupo, mais tranquilo e menos exposto este presidente vai estar. Esta é minha visão.
MRN: O Zico outro dia falou que você é muito importante no Flamengo, externou isto, e gostaria que você voltasse, o que teria a dizer para ele?
Bap: Vou te dizer o seguinte: O Zico, além de meu ídolo, virou um grande amigo meu, por conta do trabalho que a gente desenvolveu até antes de me engajar no Flamengo. Foi garoto-propaganda da Sky. A Sky ajudou a pagar o salário do Zico quando ele esteve no futebol do Flamengo. Nós tivemos a oportunidade de discutir Flamengo apenas e tão somente pelo denominador comum que nos unia que era a paixão pelo Flamengo. Então nós começamos a discutir Flamengo por uma questão filosófica, sem nenhum pano de fundo eleitoral. E o Zico me falou naquela ocasião que o dia em que resolvesse me meter com a política do Flamengo para falar com ele, que, de alguma maneira ele voltaria a ajudar. E ele cumpriu com a palavra dele. Vejo tudo que Zico fala com muito carinho.
Eu disse isto quando saí: “Saio do Flamengo mas o Flamengo não sai de mim”. Tem projetos que eu tocava lá atrás que eu continuo tocando pelo Flamengo…O trabalho pelo Flamengo é ‘Pro bono’. O fato de ter saído de lá tem muita mais a ver de ter jogado a toalha em relação as decisões que a gente toma. Porque é assim…. sair de São Paulo toda 2ª feira, pegar avião, ir pro Rio de Janeiro, ficar em reunião no clube até 11, meia-noite…Pegar uma ponte aérea às 7 horas da manhã no dia seguinte…não se tem noção da quantidade de problemas que acontece no dia-a-dia do Flamengo. Então é assim, é muita paixão que faz a gente se entregar por isto. O mínimo que a gente espera é respeito, companheirismo…É que as coisas aconteçam como o grupo combinou. Porque era o combinado. Então, o que tenho que dizer pro Zico é assim: Eu não vou trabalhar com pessoas ou em um projeto que, eu pessoalmente, não acredito. Agora, sempre vou ajudar o Flamengo! Eu ajudava a gestão da Patrícia! A Sky continua patrocinando o basquete do Flamengo. Continuo tocando projetos de marketing do Flamengo. Alguns que já saíram do forno, outros que ainda não saíram do forno. Continuo ajudando em questões políticas, onde o papel que exerço na sociedade pode ser usado positivamente pelo Flamengo. Agora, o que não estou mais é no dia-a-dia de tomada de decisões ou de, aqui entre nós, que…eu achava que a decisão do grupo era mais importante do que dos indivíduos. Porque vou ficar indo pro Rio, discutindo, votando determinadas coisas que acabam por serem, na minha visão, subvertidas, no que o grupo decidiu? Não tem mais grupo. Está se usando o grupo como elemento retórico, de mídia, porque o grupo de fato, como foi idealizado, não existe mais. Eu não sei porque. Tem que perguntar para outras pessoas, não para mim. Agora, Zico é um amigo querido, um ídolo, e eu espero realmente voltar ao Flamengo. Mas espero voltar com o modelo que eu acredito. E foi o modelo que trouxe este resultado. Ok? Este resultado não foi conquistado pelo Bap, pelo Tostes, pelo Wallim, pelo Póvoa, pelo Landim, ou pelo Eduardo, isoladamente. Não foi por nenhum destes caras, foi a força do grupo. Agora, depois de um tempo, as pessoas começam a achar que o grupo não é tão grupo…que fulano e sicrano tem um lado que eu não gosto…as pessoas começam a acreditar que o que está lá foi dado, caiu do céu. As pessoas começam a esquecer do que causou o momento positivo pro Flamengo. E o que acho é que a gente não pode esquecer na vida o que ajudou a gente a chegar onde chegamos. Não acredito no que vejo funcionando lá hoje. Posso estar errado. Mas não vou trabalhar ou apoiar o que acho que está equivocado.
MRN: Tem aliados seus que continuam lá, Wallim, Tostes, Póvoa, Landim…eles continuam no Conselho Diretor.
Bap: Eles foram eleitos de forma absolutamente legítima. Eles estavam no grupo antes do Eduardo. Eduardo se incorporou ao grupo 27 dias antes das eleições. Vamos deixar claro as coisas, está falando em nomes que trabalharam neste projeto por 3 anos no mínimo. E o Rafael do SóFLA? Se juntou com a gente no processo, trabalhou loucamente. O SóFLA chegou antes do Eduardo! Para te dar um exemplo. A FAT já existia antes do Eduardo. E aí vai se dizer que o grupo A ou B era mais importante do que o outro? O que foi mais importante? Foi a união de todo mundo em cima do objetivo comum que era “Tudo pelo Flamengo e nada do Flamengo”! Agora você achar que isto deu muito certo durante dois anos e agora daqui para frente não é tão importante? Achar que agora deveria ter um regime misto, para umas coisas a gente é presidencialista, para outras a gente é parlamentarista…
MRN: Para você não serve este regime misto?
Bap: Para mim este regime misto não serve. Porque o que é combinado não é caro. Vamos repactuar tudo e dizer: Decisões do Tipo A são do presidente, todas outras decisões são parlamentaristas, a gente coloca no grupo. Se o grupo concordar, assim seja. Agora, fazer sem dividir com o grupo, combinar sem dividir com o grupo, isto para mim não funciona. E isto não foi feito uma vez só. Isto que quero deixar claro. Não sou doido.
MRN: Se o grupo então decidisse em comum acordo, um esquema como de alçada de decisões, em que decisões X fossem do presidente, outras são dos próprios VP´s, passou disso, outros assuntos mais sérios, mais complexos, por exemplo, seria o Grupo. Você veria isto como satisfatório?
Bap: Perfeitamente! O que é combinado não é caro! 100% correto o que falou. O que não pode é agir assim e nunca ter sido combinado isto.
MRN: O que faltaria então é uma negociação neste sentido?
Bap: Não tenho certeza se é negociação, o que acho é o seguinte, na minha opinião pessoal, este estado que nós chegamos, não foi por um problema de falta de comunicação. Eu, infelizmente, não acredito nisso. O que não faltou foi conversa e exteriorização de desconforto com isto. Não é que um dia eu chutei o pau da barraca e todo mundo ficou chocado. Não! Lavação de roupa suja nós cansamos de ter. Não foi uma ou duas vezes. Foram algumas vezes. Acho que quando se tem uma lavação de roupa suja e você não fala, no seu silêncio você está aquiescendo e está concordando. Quando você fica calado, o grupo decide X e você faz Y, para mim você não está cumprindo o que foi combinado. Uma vez é problema de comunicação, n vezes não tem nada de problema de comunicação. Tem a ver com a visão que você tem do mundo, e por você achar que as coisas não devam ser mais como foram idealizadas.
MRN: Então talvez esteja faltando neste momento uma reavaliação do Conselho Diretor e das pessoas que estão no grupo até para voltar a filosofia original.
Bap: O que vou dizer é o seguinte: A gente já sabe, porque tem 2, 3 meses que saí, quem pensa de um jeito e quem pensa de outro.
MRN: Já tem mapeado quem pensa diferente
Bap: Claro! Totalmente! Eu sei, todos eles sabem. Todos os membros do Conselho Diretor do Clube de Regatas do Flamengo sabem a resposta sobre sua consideração.
MRN: De qualquer maneira o modelo imaginado para a chapa Fla Campeão do Mundo, a Chapa Azul, que veio da Fla21, é o parlamentarista, que foi executado com extremo sucesso visto as dificuldades que o Flamengo tinha.
Bap: Corretíssimo.
MRN: Se todos sabem, e várias pessoas que estão lá dentro sabem do sucesso deste modelo, nada impede uma revisitação sobre o tema em uma negociação de um novo pacto.
Bap: Acho que é o seguinte. Conceitualmente acho que você está certíssimo. Filosoficamente falando, é isto mesmo que você falou. Conhecendo as pessoas, eu, minha opinião pessoal antes que digam que só estou falando na primeira pessoa, não vou falar em nome de outras pessoas que não estão aqui conversando contigo, ok? Minha opinião é que se elas não pensassem diferente ou não tivessem mudado de opinião, eu não teria saído hoje do Flamengo. Então é assim: eu não vou mudar a forma como penso. Eu não acredito que as demais pessoas, as que pensam diferente de mim, vão mudar a forma como elas pensam. Eu não acredito. Filosoficamente, conceitualmente, a sua consideração está certíssima. Seu eu acho que isto é possível do ponto de vista político? Infelizmente acho que não. Ainda que eu gostaria que fosse hem? Eu acho que seria melhor pro Flamengo. Claro!
MRN: Porque já funcionou assim, não é nada inusitado…
Bap: Eu só quero que volte a ser como era um ano, um ano e meio atrás. Perfeito!
MRN: Em caso de eleição de uma chapa com Eduardo Bandeira de presidente, você acha que seus aliados continuariam com a diretoria ou só ficariam até o fim desta gestão?
Bap: Acho que você devia perguntar isto para eles. Eu não sei. Deixa eu te dizer uma coisa, eu sou Flamengo, vou morrer Flamengo, sou Flamengo para caralho! Eu fui Flamengo com Patrícia, não vou ser Flamengo com Eduardo? Claro que podendo eu vou ajudar. Sempre. Eu acho que estes caras que estão conosco, uma das coisas que era denominador comum, é que ninguém precisa de nada do Flamengo, muito pelo contrário. Flamengo tira tempo deles. Para suas profissões, tempo da família, tempo de vida deles. Eles não tiram nada do Flamengo. O conceito era tudo pelo Flamengo e nada do Flamengo. Isto foi fartamente e longamente discutido durante os 3 anos que antecederam a eleição de 2012. Tanto é que os que se juntaram ao projeto tinham isto como mantra. Maioria esmagadora tinha isto como mantra. Então é bobagem achar que se Eduardo montar uma chapa vai todo mundo que está lá sair do Flamengo…Eu não sei! Talvez Eduardo convidasse alguns deles para ficar, alguns aceitariam outros não aceitariam…Eu não sei, o que vou te falar é o seguinte: Eu não volto ao Flamengo sem que o modelo que acreditei, que existiu por quase 2 anos, volte a imperar. Não existe esta hipótese. Porque não acredito nisso. Vou te falar. Houve casos em que fui voto vencido e que deram uma mega merda no clube em que nunca disse pro mundo que era contra. Quer ver um caso? André Santos. Para te citar um.
MRN: Neste concordo contigo…
Bap: Então é o seguinte. Eu sou um cara de grupo! Cota extra! Que tal cota extra? Eu fui contra! Nós votamos e decidimos que a gente ia retirar o projeto de cota extra. E nosso mandatário decidiu pela cabeça dele não fazer. Defendeu outra coisa. E quando dá errado, a dívida vem para todo mundo, é isto? Eu acho o seguinte, tem momentos que fui voto vencido, em que botei o galho dentro, desculpa o meu francês…eu engoli minha opinião e o que aconteceu? A vontade do grupo foi soberana. E você quer saber? Ainda que a gente fique puto porque a gente tem ego, a gente tem opinião, o diabo, eu tenho a mais plena consciência que no médio, longo prazo este modelo é o melhor pro Flamengo. Porque “desemocionaliza” as decisões. E o que nos leva em comum lá no Flamengo? É a emoção! E em um sistema com emoção…o que acontece com a pessoa? …Você não tem um dia que está mal? Não tem um dia que faz uma asneira? Uma bobagem que acaba se arrependendo? O grupo é uma rede de proteção para isto. Por isto que a votação do grupo é importante. Porque todos nós temos um dia ruim em que temos vontade de chutar o pau da barraca e depois se arrepende.
MRN: Hoje vejo na política do Flamengo, a formação de diversos grupos políticos: SóFLA, Sinergia, FAT e outros inclusive de oposição. Então vejo as pessoas se unindo em grupos e tendo decisões de grupo. O que deve ter sido a proposta do Conselho Diretor de início, e de acordo com sua visão, não foi respeitada. Então, para você poder implementar uma gestão neste conceito de grupo, você teria duas alternativas: convencer o Conselho Atual a voltar ao esquema anterior ou construir um novo grupo, pessoas com as ideias parecidas com as suas, para implementar este tipo de governança. O que acha sobre isto? Pretende fazer um grupo?
Bap: Eu acho que a minha saída foi exatamente para deixar todo mundo à vontade para eles escolherem o que acham melhor. Eu estou montando um processo que a gente pretende lançar um candidato exatamente em cima dos princípios que nortearam o projeto lá de trás. E que trouxe o Flamengo ao sucesso. As pessoas que quiserem se juntar a este grupo…Se no limite todos que quiserem se juntar neste grupo…Só que agora o cara tem que subscrever este troço. São super bem vindos. A outra opção é: você pensa diferente? Perfeito! Monta um grupo, ganha as eleições, e aí convida todo mundo que julgue adequado a fazer parte da Diretoria. O que estou dizendo é o seguinte, se não for no modelo como penso, não vou fazer parte de nenhuma diretoria do Flamengo, não vou colocar meu nome exposto, com princípios que não posso subscrever. É uma questão de pré-requisitos. Não é uma questão de João ou Maria. Entendeu?
MRN: Então existe este processo que você está formando junto com outras pessoas.
Bap: Nós estamos conversando porque o que acontece é o seguinte, uma coisa é eu achar isto outra é ter apoio de sócios, ter apoio de gente que queira estar comigo, não é? É uma coisa diferente. Agora eu acredito nisso, tem um mundo de gente que acredita também. Estou surpreso positivamente com a quantidade de gente que, de alguma maneira, apoia. Que é uma maioria silenciosa e que naturalmente não habita ou que não está ali convivendo politicamente com o clube…Agora, existem desafios, não é? Tem que arranjar um candidato, que tem que compartilhar desta forma de pensar, tem que ser confiável, tem que ser um candidato adequado para esta nova fase do Flamengo…O Flamengo, cara, vai ter desafios muito importantes daqui para frente. Liderar as discussões de uma Liga no Brasil, no Rio de Janeiro, partir para um processo de restruturação dos ativos que temos na Gávea, construção de um estádio no Flamengo…você quer saber? Isto é coisa para gente grande, não é trabalho para uma pessoa só. Ainda que fosse trabalho para uma pessoa só, na minha opinião, esta pessoa não deveria ser o Eduardo. É como um jogador em um determinado momento do jogo. Não tem jogador que é mais adequado para um momento ou para outro? Acho que a contribuição que o Eduardo deu foi fenomenal como todo mundo. Eu não acho que a contribuição dele foi maior ou foi menor que os demais. Eu sempre achei isto. O que não tenho mais certeza é se ele continua achando a mesma coisa. Na minha opinião, não.
MRN: Vejo neste processo que você está formando, diversas intercessões com membros do Conselho Diretor atual. Muitos até devem pensar igual e, acho eu, deve ser um caso de buscar entendimento pelo menos para esta eleição, que para outra já seria outro candidato…
Bap: Eu não discordo do que você está falando. Concordo conceitualmente. O que estou falando é que pelos elementos eu acho que dificilmente isto teria liga hoje. Em gênero e número, vai. O grau é que, de alguma maneira, acho mais difícil. Se o grupo conseguir arranjar um candidato, uma terceira via, e este nome de terceira via subscrever este conceito de parlamentarismo, está tudo resolvido. Aliás, porque a gente pensou igual durante 21 meses, certo? Vou voltar para o que falei agora pouco. Eu não vou mudar. Eu estou velho para mudar.
MRN: Agora, uma dúvida que tenho, até histórica, inclusive. Sobre a Fla21. O que deu errado? Porque não aconteceu naquela época? E se tem semelhança com que está acontecendo hoje em algum aspecto?
Bap: Eu acho que não estava claro no Fla21 que deveria ser um grupo tocando o negócio como parlamentarismo. Acho que este foi um dos principais desafios. O “grupo” acabou que não sendo um grupo, mas um bando. Era um bando que pensava parecido.
MRN: É que teve uma separação, pessoal migrou para a chapa do Plínio…
Bap: Enfim, a chapa estava pronta, algumas pessoas pegaram a chapa que estava pronta para apoiar o Areias e deram entrada como se fosse de outro candidato. Legal né? O que acha disso, sem combinar com o grupo?
MRN: E você aproveitaram a experiência deste episódio para formar a Chapa “Fla Campeão do Mundo”
Bap: Perfeitamente.
MRN: E o funcionamento desta chapa, uma vez eleita, com uma aprovação popular fantástica, teve um funcionamento ótimo por 21 meses e, na sua opinião, degringolou pela falta de prosseguimento em um sistema parlamentarista, pois começou a ter início ações mais individuais.
Bap: Isto. É assim, é o desrespeito a decisão do grupo. A decisão do Núcleo Duro deixar de ser soberana. Este é o ponto.
MRN: Pelo que vi nas entrevistas, a maior parte de suas desavenças foram com ações externas do presidente. Não acha que se houvesse a figura de um negociador ou negociadores chancelados pelo Conselho Diretor para tomar frente a estas ações nos órgãos públicos, FERJ, CBF, etc. isto poderia ajudar em sua volta, pois evitaria estes desacordos? Pois a negociação se daria a partir do que o Conselho Diretor decidisse.
Bap: Não acredito que isto iria acontecer. Eu concordo 100% com que você está dizendo só não acredito que vá acontecer. É isto. Faz total sentido o que você está falando desde que a outra parte cumpra com o que foi combinado. Agora para isto tem que se ter confiança, cumplicidade, e o que aconteceu? Isto com o tempo foi desaparecendo no Flamengo. Infelizmente.
MRN: E quanto ao futuro, você pretende um dia concorrer a presidente?
Bap: Você não tenha dúvidas disso.
MRN: Não seria para agora, seria para 2018?
Bap: Talvez. Agora deixa eu te dizer uma coisa. Seu eu não conseguisse montar um grupo que me apoiasse em um projeto destes da mesma forma parlamentarista que estou lhe dizendo, eu não seria candidato porque tenho certeza absoluta que o Flamengo não é trabalho para um cara só.
MRN: Agora, hipoteticamente, existe o trabalho nas fases mais difíceis, que foram o que vocês passaram, a fase da pedreira, e existe o tempo da bonança, não ache que um sistema presidencialista em tempo de bonança, não que funcione melhor, mas demora a degradar?
Bap: Isto é um erro de avaliação. O Flamengo, dias de bonança, isto não está tão bem que a gente possa relaxar. Isto que você está falando é uma falácia. Quem acredita nisso, acredita em Papai Noel, em Coelho da Páscoa…olha, é uma encrenca o tempo inteiro. Aquilo é um caldeirão de emoções, de problemas…Vai faltar 5 anos para chegar no ponto que você está falando. Tem um mundo de coisas para fazer no dia a dia, é complicado demais. Todo dia tem bucha.
MRN: Na sua visão, se não tiver uma equipe pensando coletivamente, com as melhoras práticas de uma equipe qualificada, o Flamengo não anda
Bap: Se não tiver isto 24×7, exatamente isto. A gente vai chegar daqui a um ano e vai ter realizado muito pouco. Este é o meu ponto. Achar que este grupo deu o que deu, já foi importante, já cumpriu o seu papel, para a frente não é tão importante, na minha opinião, é um erro de avaliação, um equívoco grave.
MRN: Como está vendo o Flamengo agora, depois que saiu, está vendo algum avanço ou retrocesso?
Bap: Eu prefiro não comentar o que você está dizendo porque uma coisa é quando a gente está dentro e a gente sabe, a gente conhece. Tudo que estou te falando até agora eu conheço, tenho propriedade, eu vivi os fatos. Você pode concordar, pode discordar, mas são fatos. Olhando de fora prefiro não comentar porque aí me igualo aos outros 39 milhões de rubro-negros, que são torcedores, e eu teria uma opinião de torcedor, quer dizer, aí a opinião do Bap teria o mesmo valor dos outros 39 milhões. Não tenho necessariamente a base necessária nem a visão completa para, de alguma forma, dar uma opinião abalizada. Posso garantir o seguinte, o que me levou a sair é isto aí. Existe reflexos disso aí dentro do Flamengo? Existe. Teve reflexos do que falei, do que decidi a sair, enquanto estava lá. A cota extra, a gente combinar uma coisa em relação a Federação e fazer outra, teve resultados imediatos! E quem está lá sabe disso. Este é o meu ponto. Ter um monte de gente boa chegando a uma conclusão e faz outra? O regime permite? Permite, é presidencialista. Agora não foi o presidencialismo que fez este resultado espetacular nestes dois anos, ok? Mas não foi mesmo!
Valeu! Obrigado Bap pela entrevista!
COMPARTILHE ESTA POSTAGEM NAS SUAS REDES SOCIAIS!