Não dá pra negar o histórico rubro-negro de Jayme de Almeida…
Jayme posa com Processinho
Além de ter vestido o manto sagrado por quase duzentos jogos nos anos 70, ele é filho de Jayme, grande zagueiro do Flamengo do clube dos anos 40 e 50.
Essa história jamais poderá ser apagada e seu passado deve ser respeitado, mas o que faz de Jayme uma pessoa capaz de assumir uma função tão importante dentro do departamento de futebol?
Em seu currículo como treinador, uma passagem pela Desportiva-ES em 1992 (!) e só. Em 2009 assumiu como gerente de futebol do Iraty-PR, quando acabou comandando o time em algumas partidas do campeonato paranaense.
Em 2010 foi convidado por Luxemburgo para fazer parte de sua comissão técnica no Flamengo e acabou permanecendo no clube, até que em 2013 a sorte lhe sorriu. Com a saída de Mano Menezes, assumiu o comando do time, ganhou a Copa do Brasil, o Campeonato Carioca e virou ídolo da torcida, até que foi demitido no início de 2014.
Mas vamos por partes.
Na Copa do Brasil, Jayme enfrentou Botafogo, Goiás e Atlético-PR, nenhum time com camisa de entortar varal. O grande confronto daquele campeonato, as oitavas contra o Cruzeiro, foi superado com Mano Menezes no comando. Mas enfim, com Elias e Hernane inspirados e um Maracanã que pulsava, o Flamengo foi campeão do segundo torneio nacional mais importante.
O estilo de jogo de seu time, contudo, nunca me agradou e faço uma breve pausa aqui para lembrar um momento sintomático: Segunda partida da semi-final contra o Goiás. O Flamengo havia vencido o primeiro jogo por 2 a 1 e vencia o segundo pelo mesmo placar, até que Jayme resolveu garantir o resultado. Contra o Goiás! Em um Maracanã lotado! O time, que terminou o jogo com PV, Léo Moura, Chicão, Wallace, González, André Santos; Amaral, Diego Silva, Elias, Luiz Antônio e Hernane, foi pressionado por meia hora e se apequenou diante da possante equipe esmeraldina. Apesar da classificação, aquela postura covarde foi o que mais me marcou.
Paralelamente à Copa do Brasil, o Flamengo flertava com o rebaixamento, mas com o título e o fim da Série A fora do Z4, Jayme foi alçado ao patamar de ídolo. Jaime era pop. O Flamengo tinha achado um gênio da tática aos 60 anos de idade. Pep Jaymiola estava nos braços do povo.
Veio 2014 e Jayme entrou no Ferjão pra valer. Adicionou o fantástico título estadual em seu currículo, mas o preço foi caro. Sem nem sequer poupar jogadores antes dos jogos da Libertadores (vide lesão do Hernane contra a Cabofriense quatro dias antes do jogo contra o Emelec), a competição internacional foi pro saco ainda na primeira fase.
Mas o que importava para Jayme era o título estadual e, quatro dias depois da dolorosa eliminação diante do León, o Flamengo era campeão do magnífico Campeonato Carioca Guaraviton 2014. Nossa, que emoção.
Então veio o Campeonato Brasileiro. O time jogava mal e, após ser derrotado pelo Fluminense, Jayme caiu na quarta rodada.
O jogo foi no domingo e a diretoria já tinha decidido por sua saída. Comunicaria terça, após a folga. Eis que o grande circo foi armado. Se antecipando a algo que iria acontecer (mas ainda não havia acontecido), a ESPN faz contato telefônico com Jayme, que comia seu peixinho frito na praia, para avisá-lo de que estava demitido. A sequência todos conhecem. Choradeira, vitimização, entrevistas com parentes… Imprensa e torcida se voltaram contra clube e diretoria.
Repercussão da demissão na imprensa.
O tempo passou e Jayme mostrou que realmente era um treinador sensacional. O auge foi o título da Liga dos Campeões com o Barcelo… Opa, me confundi. Na verdade, Pep Jaymiola não foi chamado nem para voltar para a Desportiva.
O mundo deu voltas e em 2015, novamente a pedido de Vanderlei Luxemburgo, Jaime retorna ao Flamengo para integrar sua comissão. O mesmo Jayme, que havia saído há pouco mais de um ano disparando contra o clube e exalando ingratidão, estava de volta aos quadros rubro-negros.
O problema é que Luxa saiu e Jayme ficou, ocupando uma vaga importantíssima no departamento de futebol do Flamengo. Uma vaga que não pode ser ocupada por alguém que ignora o analista de desempenho do clube. Fico imaginando como Jayme irá lidar com a EXOS. Provavelmente deve achar uma grande bobagem.
Se o Flamengo quer pensar pelo lado social e ajudar o ser humano Jayme, há outras posições no clube onde ele se encaixaria. Treinador do time máster é uma delas. Auxiliar técnico, não! Treinador da base, não! Treinador do time principal então, por Deus, não!
Jayme de Almeida Filho é um atraso no departamento de futebol do clube. A vaga de auxiliar técnico permanente deve ser ocupada por alguém em quem o clube possa investir. Alguém interessado, estudioso, atento às novidades táticas e métodos de treinamento. Alguém que devore futebol. Alguém que não seja Jayme “Os Meninos Foram Bem” de Almeida.
José Peralta
@CRFlamenguismo
José Peralta escreve no blog CRFlamenguismo, da plataforma MRN Blogs. Twitter: @CRFlamenguismo