A polêmica sessão do Conselho Deliberativo do Flamengo na qual foram votadas as propostas de emendas que estendiam o mandato dos presidentes do Flamengo para quatro anos e impediam a participação em eleições de ocupantes de cargos eleitorais fora do clube enfim teve sua conclusão, mais de dois meses após ser suspensa.
O Conselho Deliberativo do Flamengo aprovou hoje a ata da sessão de 14 de setembro, com 116 votos a favor, 22 contra e 4 abstenções. A primeira tentativa de levar a ata à votação havia acontecido no dia 5 de outubro, mas na ocasião o presidente do Conselho Deliberativo, Antônio Alcides, decidiu retirar o tema de pauta após conselheiros da oposição anunciarem que impugnariam a ata. Alcides abriu prazo para que os conselheiros apresentassem suas contestações por escrito.
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Apesar de diversas contestações, Alcides decidiu manter a ata como originalmente apresentada no dia 14. A ata não reconhece que o presidente do Code voltou atrás na discussão sobre a emenda que barraria uma eventual candidatura do ex-presidente do Flamengo e atual deputado federal Eduardo Bandeira de Mello após já ter oficializado a derrota da emenda por maioria de votos.
“Num primeiro momento visualmente a impressão foi de que se tratava da maioria votando contra a referida proposta, fato que restou declarado. Contudo, imediatamente, alguns conselheiros, por entenderem existir dúvidas, solicitaram recontagem dos votos, o que foi democraticamente deferido pela Presidência, uma vez que não causaria prejuízo a quem quer que seja”, diz a ata aprovada hoje pelo conselho.
Na ocasião, a oposição se indignou com o recuo de Alcides, aliado do presidente Rodolfo Landim, oponente político de Bandeira. O próprio Bandeira denunciou uma tentativa de golpe.
Entretanto, a aprovação da ata que indica que a sessão foi suspensa não significa que o tema voltará a ser votado no Conselho. Isso porque a mesma ata também registra que os autores originais da emenda decidiram retirá-la de pauta.
“Por fim, antes da convocação da nova reunião para a conclusão da votação, os conselheiros autores das emendas desistiram destas, o que tornou prejudicada a recontagem dos votos do substitutivo, motivando a decisão proferida no sentido de tornar definitiva a reunião que ficara suspensa”, diz a ata.
Como efeito prático da polêmica na votação, o Conselho Deliberativo adotou nesta segunda-feira uma votação eletrônica como a usada em programas de auditório e outros clubes, como o Jockey Club, na qual os conselheiros receberam um aparelho que funciona por rádio e apertaram botão sim ou não. Assim, a votação “morto-vivo”, na qual os conselheiros favoráveis à emenda deveriam permanecer sentados enquanto os opositores deveriam se levantar, que causou a polêmica original, foi sepultada.
A ata da reunião resumiu assim o episódio no qual Alcides foi hostilizado por conselheiros insatisfeitos com gritos de “burro” até suspender a sessão.
“Neste momento, instaurou-se um lamentável episódio de balbúrdia e desrespeito, sendo proferidos xingamentos e vaias, ambos dirigidos ao presidente, não restando outra alternativa senão a suspensão da reunião tendo esta ficado em caráter permanente.”
Com a aprovação da ata, o assunto se encerra dentro do Flamengo, mas é possível que conselheiros que acreditam que o estatuto foi descumprido recorram ao Judiciário. Entretanto, não está claro se o tema vai prosperar, já que de qualquer maneira o efeito prático é o mesmo – a emenda não prosperou e Bandeira está livre para concorrer em 2024.
O ex-presidente é hoje o principal nome da oposição para o pleito e vem negociando uma aliança com outros caciques políticos do Flamengo, como Marcio Braga, além dos grupos que disputaram a eleição contra Landim em 2021. quando o SóFla, de Bandeira, não apresentou candidato.
Além da votação sobre Bandeira, a aprovação da ata da reunião de 14 de setembro também oficializa enfim a derrota da emenda que estende o mandato presidencial para 4 anos e acaba com a reeleição. Com isso, o Flamengo terá eleições ano que vem para o mandato de 2025 a 2027 e Landim não poderá ser candidato.
O Conselho ainda vota nesta noite um aditivo ao contrato da Adidas sobre a criação da chamada “fan jersey” e a também polêmica alteração no terceiro uniforme aprovado no ano passado, com a adição de uma faixa vermelha sobre o patrocínio do BRB.
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