Até 2008 a gente ia com a cara e a coragem no Olímpico. Cada um como queria e a PM nem ficava sabendo. Só que, por conta da localização no estádio, os rubro-negros eram alvos fáceis da torcida adversária e tivemos alguns episódios de agressão.
A partir de 2009, começamos a nos organizar. Não havia escolta ou mesmo caravana, mas a gente avisava a PM, uma rua era interditada para nossos carros e pré-jogo, a saída era monitorada.
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Em 2013 o Grêmio se muda para a Arena. Começamos a organizar caravanas, às vezes em vans, outras em ônibus. A chegada sempre foi tumultuada, por conta dos torcedores aglomerados a nos esperar.
Apesar disso, até 2019 sempre saímos do lugar que escolhíamos e na hora que negociávamos, a PM apenas nos escoltava e ajudava a dispersar os que buscavam nos apedrejar. Tirando aqueles minutinhos na entrada, era tranquilo.
Depois da pandemia, tudo mudou. Agora a PM exige que a gente se desloque para a Arena com mais de três horas de antecedência. Isso significa que temos que estar prontos às 17h, algo inviável para muitos no meio da semana. E temos que sair do Beira-Rio, sem opção de escolha.
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O pior, porém, é a revista. Todos são obrigados a descer dos ônibus e passar por uma inspeção minuciosa. Esse é o padrão de revista de caravanas de Torcidas Organizadas para evitar materiais que possam ser usados em confrontos.
No entanto, a maior parte do público de um consulado é formada por gente mais velha, famílias inteiras, pessoas que poucas vezes vão a um estádio. Gente que nunca passou por uma experiência de ser revistada de forma, digamos, pouco amistosa – crianças, inclusive.
No estádio, os portões não estão abertos. Então fica todo mundo na garagem. Não pode sair para comprar água ou cerveja (no RS é proibido cerveja nos jogos). Nem tem banheiro. Entre a saída do Beira-Rio e a chegada à arquibancada podem se passar duas horas ou mais.
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Depois do jogo, são 40 minutos esperando na arquibancada. A PM não deixa nem ir ao banheiro, interdita os túneis. Ontem, para piorar, ao final do jogo gremistas foram até o portão visitante caçar confusão. Fomos obrigados a esperar mais tempo.
É uma experiência muito desagradável, especialmente para quem não tem vivência de arquibancada e é tratado como um ser indesejado naquele espaço. Acho que a PM precisa refletir se não seria melhor ter um pouco mais de empatia e gentileza com a torcida rival.
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