Tinha tudo para ser um ótimo jogo. Afinal, mesmo que com objetivos completamente diferentes as duas equipes necessitavam demais de uma vitória. Taticamente, ambos os times entraram espelhados num 4-2-3-1. Com a posse da bola os donos da casa foram menos “engessados” e transformavam Alan Santos num quarto homem para apoiar Tiago Real na construção ofensiva, passando para um 4-1-4-1.
O Flamengo começou melhor. Com duas boas chegadas. Porém, logo aos oito minutos, Carleto cobrou uma falta da intermediária. Cléber Reis subiu mais que Juan (mesmo que com as duas mãos nas costas do zagueiro Rubro-Negro, lance que acabou gerando muita reclamação. Eu não marcaria a falta) e testou. A bola ainda bateu na cabeça de Juan e matou Diego Alves.
Com a vantagem, o Coxa praticamente abdicou do jogo. Se fechou todo atrás da linha da bola e deu a redonda ao time carioca. Os visitantes ficaram muito mais tempo com ela nos pés. No entanto, a rigor, só criaram uma chance. Aos 17, depois de uma forte pressão, Éverton bateu. Wilson soltou nos pés de Lucas Paquetá que, da pequena ´rea, com goleiro caído, conseguiu perder. Incrível o lance. E digno da camisa do Inacreditável Futebol Clube. Aos 25, a equipe ainda perdeu Éverton, que deixou o campo sentindo uma lesão muscular. Felipe Vizeu veio para o jogo. Paquetá passou a ocupar o lado esquerdo do ataque.
O panorama não se alterou na etapa complementar. O Mengo tinha a bola. Pressionava. Mas finalizava pouco e cruzava muitas bolas altas.
Consagrando assim o zagueiro Cléber Reis, o melhor em campo.
Os treinadores resolveram então mexer. Marcelo Oliveira tirou Henrique Almeida, Rildo e Dodô. Colocou Kléber, Geterson (para ajudar Carleto na marcação pelo lado esquerdo da defesa) e Matheus Galdezani. Rueda sacou Márcio Araújo e Diego e pôs Vinícius Júnior na esquerda e Geuvânio na direita. Centralizou Éverton Ribeiro. E recuou Lucas Paquetá para pensar o jogo por trás ( a terceira posição que o garoto atuou em 90 minutos). Não funcionou. Só aos 48 o Fla ameaçou numa cobrança de falta de Paquetá que raspou o travessão de Wilson.
No fim, o Coritiba venceu e praticamente se livra do fantasma do rebaixamento. Mostrou muita vontade e se defendeu com afinco. Já o Flamengo mostrou mais uma vez o pouco repertório ofensivo que vem preocupando seu torcedor. Tem a bola. Mas não acha soluções. E fica cada vez mais ameaçado de não conseguir a vaga para a Libertadores via campeonato nacional. Com o investimento feito seria o maior mico do ano futebolístico sem sombra de dúvidas.
Veja a análise de Gustavo Roman em vídeo:
Gustavo Roman é jornalista, historiador e escritor. Autor dos livros “No campo e na moral – Flamengo campeão brasileiro de 1987”, “Sarriá 82 – O que faltou ao futebol-arte?” e “150 Curiosidades das Copas do Mundo”. Também escreve para o Blog do Mauro Beting.
Imagem destacada no post e redes sociais: Gilvan de Souza / Flamengo