Nesta terça-feira (30), foram divulgados novos vídeos do caso envolvendo o vice de futebol do Flamengo, Marcos Braz, em briga com o torcedor Leandro Campos da Silveira Gonçalves Júnior, em um shopping. As imagens desmontam a versão dada pelo dirigente e o MRN traz a cronologia dos episódios do caso.
O fato ocorreu no dia 19 de setembro e teve versões conflitantes até a liberação das imagens. Denunciado por lesão corporal, Marcos Braz recebeu espaço no Ninho do Urubu para dar coletiva de imprensa e afirmar que era vítima. Já Leandro segue acusando o dirigente e anunciou novo processo após a divulgação das imagens.
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O Flamengo não irá se manifestar oficialmente. Por outro lado, torcedores fazem pressão pela saída imediata do dirigente. Além de agredir torcedor, maior patrimônio do clube, rubro-negros se revoltaram pelo uso do espaço do clube para coletiva com afirmações falsas.
Confira os episódios:
Marcos Braz agride torcedor do Flamengo em shopping
Marcos Braz e Leandro Campos se envolveram em confusão no dia 19 de setembro de 2023, uma segunda-feira, no Barra Shopping, Zona Oeste Rio de Janeiro. O dirigente rubro-negro estava acompanhado de um amigo, Carlos André, que também participa das agressões, e foi ao local para encontrar sua filha de 15 anos, que estava fazendo aniversário.
Em um primeiro momento, ele foi abordado por dois torcedores que o reconheceram e foram à loja fazer cobranças pela derrota no jogo de ida da final da Copa do Brasil no dia anterior. O amigo de Braz foi até a porta da loja falar com eles, sem qualquer agressão. O momento foi filmado e divulgado nas redes sociais.
Pouco depois, Leandro se aproximou da porta da loja também para fazer cobranças ao dirigente e ocorreu o caso das agressões. Nas imagens que viralizaram nas redes sociais, Marcos Braz e Carlos André já estavam fora da loja desferindo socos e chutes no torcedor que estava caído no chão.
Após o episódio, vários torcedores se juntaram em frente ao estabelecimento e protestaram contra o dirigente. Ele precisou ser escoltado por seguranças e policiais para deixar o local. Tanto Braz quanto o torcedor foram para a delegacia, onde prestaram depoimentos. O caso foi encaminhado para o Juizado Especial Criminal (Jecrim).
No dia 20 de setembro, o laudo do Instituto Médico Legal confirmou lesões em Marcos Braz e Leandro. O torcedor rubro-negro sofreu mordida na virilha, enquanto o dirigente apresentou um corte de 1,5cm no nariz.
“A lesão apresentada é compatível com mordidas humanas, na região do terço superior da coxa direita”, descreveu o perito do IML
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Posição do Flamengo: O Flamengo não se manifestou oficialmente sobre o caso, mas o vice-presidente Geral e Jurídico do Flamengo, Rodrigo Dunshee de Abranches, deu entrevista na saída da delegacia e tratou Braz como vítima.
“Marcos Braz foi alvo de uma perseguição, coisa premeditada. Há dois dias uma torcida organizada disse que ia perseguir dirigentes, jogadores, atletas e tal, e a própria torcida fez. O Marcos Braz estava com a filha dele, uma situação totalmente constrangedora, foi ameaçada a vida dele na frente da filha, e ele tomou uma reação“, disse, se referindo à publicação de torcida organizada no dia anterior:
“Ele é a vítima nessa história, ele vai correr atrás dessas pessoas, a polícia vai correr atrás dessas pessoas. Para mim, esse tipo de coisa, ameaça, perseguição, não pode acontecer, isso é crime . Então as pessoas vão responder”, afirmou Dunshee.
Falta em sessão na Câmara após presença virtual
A confusão foi durante horário de sessão na Câmara dos Vereadores, que votou projeto de Braz no mesmo dia. O dirigente rubro-negro chegou a registrar presença virtual enquanto estava na loja, mas não participou de votação e levou falta.
A Comissão de Ética convocou Marcos Braz para prestar esclarecimentos sobre a agressão e a falta. Mas o vereador apresentou suas justificativas antes da audiência e, em nota, a Câmara afirmou que considerou as alegações suficientes.
Braz marca coletiva no Ninho do Urubu para falar sobre o caso
O vice-presidente de Futebol do Flamengo falou pela primeira vez em público, sobre o episódio, no dia 21 de setembro. Rodolfo Landim, presidente do clube, permitiu que o dirigente utilizasse o Ninho do Urubu para conceder a coletiva de imprensa.
Braz reiterou a versão que teria dado à polícia: sofreu ameaças de morte ao lado de sua filha e por isso reagiu. Ele descreveu Leandro Campos como um “maluco transtornado” e garantiu que não seria “burro” de ser desmentido pelas imagens das câmeras de segurança.
“Vocês têm que acreditar em mim. Fui ameaçado, e ameaçado de morte ao lado da minha filha de 14 anos. Agora, para isso eu não me preparei. Uma coisa é você ser ameaçado na internet. Outra coisa é um maluco transtornado, com cara de maluco, falando que vai te matar, e que se os resultados não vierem no domingo a cobrança será diferente”.
“Quando a minha filha não estava, quando não teve ameaça de morte para mim nem para ninguém que estava presente, eu simplesmente fiquei quieto. Num segundo momento eu alertei várias vezes que minha filha estava ali. Eu não sou burro de falar isso aqui e depois não aparecerem as imagens dela comigo dentro da loja, me abraçando, me beijando e depois saindo ao lado”.
Por fim, afirmou não se lembrar de ter mordido a virilha de Leandro e reforçou posição de vítima: “Eu sou vítima. Sou vítima sendo vereador, sendo primeiro suplente de deputado federal, sendo vice-presidente de Futebol do Flamengo. Vocês têm que acreditar em mim”.
Torcedor negou supostas ameaças
Por outro lado, Leandro Campos garantiu que em momento nenhum ameaçou Braz ou sua filha e apenas pediu para o dirigente deixar o Fla. Contudo, estava indo embora quando viu Marcos Braz se aproximando com os punhos cerrados. O torcedor afirmou que não viu a filha do vice de futebol, motivo apontado como motivador das agressões.
“A única coisa que falei para ele foi ‘Marcos Braz, sai do Flamengo’. Falei exatamente isso e virei as costas. Em nenhum momento ameacei ele, ou a filha dele. Na questão da mordida, eu sei que foi ele porque eu vi ele mordendo. O amigo dele me chutou na cabeça, mas em nenhum momento eu agredi alguém”, explicou Leandro Campos, em coletiva no dia 22 de setembro.
“Então, em nenhum momento ela estava lá na loja. O que aconteceu depois da briga foi que peguei meu chinelo e calcei, fiquei no canto ali, com um segurança do meu lado. Fiquei até em choque, né?!”, explanou.
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Marcos Braz vira réu por lesão corporal
Após analisar imagens do caso, o Ministério Público do Rio de Janeiro pediu que Marcos Braz fosse indiciado. No dia 21 de outubro, pouco mais de um mês depois, a juíza Simone Cavalieri Frota, do 9º Juizado Especial Criminal, autuou o dirigente rubro-negro por lesão corporal.
A juíza também arquivou a acusação contra o torcedor Leandro Gonçalves de ameaça e lesão corporal contra o Braz. “Tendo em vista a impossibilidade de deflagração eficaz de ação penal, arquive-se na forma de promoção, os crimes previstos nos arts.129 e 147 do Código Penal, que teriam como vítima Marcos Teixeira Braz e autor Leandro Gonçalves”.
A primeira audiência seria no dia 27 de outubro, mas foi adiada para 27 de fevereiro. Em caso de condenação, Marcos Braz pode pegar pena de três meses a um ano de prisão. Além disso, perderá o réu primário e pode ficar até inelegível.
O MP e Justiça não haviam divulgado as imagens, mas o processo contra o dirigente já deixava claro que sua versão não foi confirmada durante a análise.
Novas imagens desmentem dirigente do Flamengo
Por fim, a divulgação das imagens nesta terça-feira desmentiram a versão de Marcos Braz. Isso porque a filha dele não estava na loja no momento em que Leandro Campos se aproximou e, além disso, o torcedor ficou por menos de 10 segundos na porta do local.
- Marcos Braz estava na loja de joias, às 17h.
- Às 17h03 minutos, dois torcedores do Flamengo se aproximam da porta da loja e gesticulam. O amigo de Braz conversa com os rubro-negros e eles deixam o local.
- Às 17h07, a filha de Marcos Braz e duas amigas entram na loja, onde ficam por apenas 3 minutos. Outra câmera do shopping mostra que as adolescentes se afastam da joalheria.
- Às 17h10, Leandro se aproxima do local e fica por menos de 10 segundos. Braz corre na direção dele, que cai no chão e sofre as agressões. O vídeo mostra que Carlos André agrediu o torcedor com, ao menos, três chutes.
Imagens que devem resultar em reabertura do caso de Marcos Braz na Comissão de Ética da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Diante das contradições das falas do vereador e a manifestação do Ministério Público em favor do processo de lesão corporal, a vice-presidente do Conselho, Teresa Bergher, afirmou que o órgão irá rever as decisões sobre o caso.
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