Fundado em 1895, o Flamengo já teve algumas casas. No início, treinava na rua do Russel, perto do povo. Depois arrendou o estádio da Rua Paissandu com a endinheirada família Guinle. Mandou jogos lá entre 1915 e 1932.
O Estádio José Bastos Padilha, ou Estádio da Gávea, começou a ser usado em 1933. Com capacidade para apenas quatro mil espectadores, jamais foi ampliado, a não ser com arquibancadas temporárias tubulares. Recebeu seu último jogo do time profissional em 2007.
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A partir de 1950, o Maracanã passou a ser a casa do Flamengo. O então Maior do Mundo, construído para a Copa de 1950, passou a receber os clássicos cariocas e, acima de tudo, se tornou a casa rubro-negra. No entanto, a Nação seguia vivendo de aluguel.
Apesar da história de conquistas no Maracanã, o Flamengo também sofreu com os fechamentos para obras e renovações e com os altos custos. Na década de 2000 e 2010, o estádio ficou fechado em diversas oportunidades, preparando-se para eventos como o Pan 2007, a Copa 2014 e as Olimpíadas 2016.
Mais recentemente, o Flamengo arrendou o estádio da Portuguesa, na Ilha do Governador. Surgia a Ilha do Urubu, de boas e más lembranças. Temporária e mal localizada, a Ilha jamais foi uma opção com potencial para se tornar permanente.
A eterna promessa de ampliação da Gávea
O Flamengo já colocou 20 mil pessoas na Gávea. Na década de 1990, o clube mandou diversos jogos no estádio. Na ocasião, arquibancadas tubulares completaram o quadrilátero e transformaram o campo de treinos em um minialçapão.
Foi mais ou menos nessa época que surgiram as primeiras ideias de ampliação definitiva da Gávea, com a construção de um estádio para 30 mil pessoas. As diversas iniciativas sempre esbarraram na resistência das associações de moradores do Leblon, Gávea e Lagoa, nos altos custos para um clube que vivia em estado semi-falimentar e na burocracia.
Um belo exemplo foi o plano de 2007, do então presidente Márcio Braga, de modernizar a sede da Gávea, o que incluiria, um shopping center e um estádio para 30 mil pessoas.
Notícias da época dão conta de que estava tudo certo, mas que o governador Sérgio Cabral (hoje preso por corrupção) voltou atrás no apoio quando percebeu que o Maracanã viraria um elefante branco.
O Estádio da Avenida Brasil
Em 2017, já com Eduardo Bandeira de Mello na presidência do clube, o Flamengo chegou a assinar uma opção de compra de um terreno de 160 mil metros quadrados na Avenida Brasil. Foi o escolhido entre mais de 40 áreas analisadas no Rio e Niterói.
O custo da obra seria de R$ 400 milhões a R$ 420 milhões. A construtora MRV, então patrocinadora do clube, estaria envolvida no projeto. Mas, a questão da segurança, por se tratar de uma região violenta, pesou na decisão de não exercer a prioridade de compra do terreno.
A concessão do Estádio do Maracanã
Em 2013, depois da reconstrução que custou mais de um bilhão de reais para da Copa de 2014, o governo do Estado começou a procurar quem quisesse administrar o Maracanã. O grupo Maracanã SA, liderado pela Odebrecht (aquela mesmo), venceu o leilão e assumiu o estádio.
Foram seis anos de taxas abusivas que o Flamengo sangrou para pagar. Era comum o clube ter prejuízo de dezenas de milhares de reais em jogos com bom público. Mesmo tirando o couro dos clubes, a Odebrecht eventualmente desistiu da concessão e devolveu o estádio para o Estado do Rio.
Em 2019, Flamengo e Fluminense assinaram contrato de concessão de seis meses para administrarem o Maracanã. Foi só a partir dai que os clubes passaram a ganhar dinheiro com seus jogos, já que finalmente puderam determinar os custos de operação.
Os bons resultados financeiros com o Maracanã nos últimos três anos (excluindo a pandemia, claro) arrefeceram as ideias de se construir um estádio próprio. O Flamengo tem esperança de conseguir uma concessão de longo prazo, como o Botafogo tem em relação aos Estádio Nilton Santos.
Estádio no Parque Olímpico é tão real quanto o Everestão
Nos últimos dias, uma nova notícia sobre um estádio próprio do Flamengo surgiu. A idéia seria de construir uma arena com capacidade para 70 mil pessoas no Parque Olímpico da Barra, que seria cedido para administração do Rubro-Negro.
O Flamengo não confirmou que haja qualquer tratativa sobre o projeto. Não há estimativa de custos ou prazo para realização das obras. Há apenas uma notícia sem fontes claras e uma imagem repostada centenas de vezes na internet.
Em 2020, o atual presidente do Flamengo, Rodoflo Landim, disse sobre o Flamengo ter um estádio próprio: “A minha intenção não é a do Flamengo buscar um estádio próprio. A torcida do Flamengo costuma dizer, tem até uma frase numa das músicas que ela canta, que ‘o Maraca é nosso’. Esse é o sentimento da torcida do Flamengo. Ela sente que o Maracanã é seu estádio.”
Por tudo isso, não parece provável que o Flamengo terá uma casa para chamar de sua. A possibilidade mais factual é a extensão da concessão do Maracanã, com o clube assumindo um papel cada vez maior.
De resto, há apenas fantasias. E nenhuma delas melhor do que o lendário Everestão, o super-estádio que o Flamengo iria construir com capacidade para um milhão de torcedores. Nos assentos mais altos, o ar já seria rarefeito e exigiria uso de máscaras de oxigênio. O Everestão foi hit no Orkut, uma espécie de Facebook da época em que os dinossauros dominavam a terra, entre 2004 e 2010.