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Neste Dia Internacional da Mulher, não poderíamos esquecer a maior atleta da natação do Flamengo
Desde 1895, quando aquele grupo de remadores trocava ideia no Café Lamas, ali no Largo do Machado, o ideal rubro-negro estava estabelecido: Seremos um clube para todos!
Em 1932 este ideal se transformou em resultado prático. Estabelecendo um marco para o esporte brasileiro, Maria Lenk, nadadora do clube, se tornou a primeira atleta brasileira a viajar para uma olimpíada!
Mas essa história a gente conta aos poucos… Vamos começar nossa homenagem lembrando um pouco essa trajetória de lutas.
ReproduçãoA grande Wikipedia nos ensina que o 8 de março é celebrado por conta das manifestações das mulheres russas para ampliação de direitos civis e trabalhistas. E nos primeiros raios de sol do século XX, a Europa e os Estados Unidos seguiram na luta pelos direitos de melhores condições de vida, trabalho, e também ao acesso às urnas eleitorais.
Não existem provas de que o incêndio de uma fábrica têxtil e uma manifestação de operárias do mesmo setor industrial, em Nova Iorque, ocorreram no dia 8 de Março. Todavia, esses eventos ficaram associados a data de hoje, e teriam dado início à comemoração do Dia Internacional da Mulher.
O esporte em geral, também deve ser usado como instrumento de
Maria Lenk na piscina da Gávea.inclusão dos direitos femininos.Contudo, no início do século passado, muitos esportes ainda criavam barreiras quase intransponíveis para as mulheres. Algumas associações simplesmente não aceitavam adaptações de regras.
O Brasil engatinhava. Tanto nos direitos civis, quanto em relação à prática feminina nos esportes; as poucas praticantes esportivas vinham de famílias abastardas, e percebidas muito mais como hobbies ou tratamentos terapêuticos do que como prática desportiva. Competições organizadas para atletas então, pode-se dizer que eram inexistentes.
Porém, com o aumento do estabelecimento de clubes como o Flamengo e alguns outros espaços esportivos menores pela cidade, as belas do Rio puderam ter um acesso melhor à quadras e, principalmente, piscinas.
E foi dentro desse contexto que a nossa homenageada surgiu. Escolhemos Maria Lenk, por representar todo o ideário do Flamengo.
Início na Natação e o fenômeno surge em Los Angeles
Assim como muitas mulheres, começou a praticar natação por causa de uma pneumonia, aos 10 anos. 7 anos depois, nossa heroína desembarca em Los Angeles (com passagem paga do seu próprio bolso), onde disputou as Olimpíadas, competindo nas provas de 100m Livre, 100m Costas e 200m Peito.
Maria Lenk foi a primeira sul-americana a competir em Olimpíadas.
O Nado Borboleta e a Alemanha Nazista
Hitler queria mostrar ao mundo que a derrocada alemã pós primeira guerra mundial era coisa do passado. Com as olimpíadas de 1936 era uma marco no desenvolvimento da Alemanha Nacionalista e o governo queria mostrar isso ao mundo. Outro ponto também precisava ser provado e o Esporte se encaixava perfeitamente: a crença na superioridade da raça ariana. Hitler e seu nazismo conseguiram o primeiro propósito, realmente a Alemanha era um país em reconstrução econômica surpreendente, mas falharam grotescamente no segundo ponto. Jesse Owens, negro, foi o maior nome dos Jogos Olímpicos de Berlim.
Nas piscinas, uma brasileira também fazia história. Filha de alemães que chegaram ao Brasil em 1912, nasceu em São Paulo, em 1915 e nunca deixou de ser atleta do Clube de Regatas do Flamengo. E a nadadora rubro-negra mostrou um novo estilo de nadar que impressionou o mundo durante a prova olímpica do Nado Peito. As braçadas logo ganharam o apelido de Nado Borboleta, que mais tarde virou uma modalidade própria. Maria Lenk entra pra história.
####A Segunda Guerra Mundial explode o sonho dourado em Tóquio.
Em 1940, já conhecida internacionalmente, e com ótimos resultados (recordes mundiais nos 200 e 400m Peito), Lenk era a maior aposta do esporte brasileiro para medalhar na Olimpíada de Tóquio.
Com a Segunda Guerra Mundial estourada, a nossa protagonista não pôde mostrar o quanto a garra e a força de uma mulher rendem frutos. A Olimpíada foi cancelada.
Eterna Maria Lenk
Lenk, aos 17 anos quebrou a barreira do ineditismo viajando para os EUA. Aos 21, inventou uma nova modalidade olímpica. Em 1939 virou recordista mundial em duas provas diferentes. E tudo isso sem ajuda financeira, e sem técnico. Em 1988, Maria Lenk entrou para o International Swimming Hall of Fame. Nossa heroína, mulher, revolucionária, eterna atleta do Flamengo, morreu em 16 de abril de 2007.
Neste 8 de Março, todos devemos lembrar do legado de Maria Lenk. Atleta que honrou o Manto, vestiu o Maiô Vermelho e Preto e inaugurou o caminho do esporte para milhares de outras mulheres. No seio da torcida do Mais Querido, ela é lembrada por muitos outros feitos:
- Fundou a Escola Nacional de Educação Física, da UFRJ.
- Escritora, após anos de pesquisa, seu livro Longevidade e Esporte, com argumentos científicos mostrou as benesses da prática esportiva. No coquetel de lançamento, a jovem de 88 anos emanava simpatia, energia e perspicácia.
- O Parque Aquático construído para os Jogos Pan-Americanos de 2007, leva seu nome.
Maria Lenk faleceu aos 92 anos de idade. Logo após nadar na piscina do seu amado clube.
O Legado de Maria Lenk no CRF será eterno. O Maior Clube Poliesportivo do Mundo abraça centenas de atletas em suas modalidades olímpicas.
A cada dia, o sonho feminino das meninas da Escola Sempre Flamengo e das Categorias de Base se renovam. A sede social vai ganhar a melhor piscina olímpica do mundo, estrutura de primeira que breve estará à disposição de Luiz Altamir, novo grande ídolo da natação brasileira, e tantos outros nadadores.
Dia Internacional da Mulher
A Nação Rubro-Negra se orgulha de cada uma das milhares de grandes mulheres que vestem o manto. Seja uma jovem aluna, uma forte atleta ou uma apaixonada torcedora de arquibancada.
Vestir o Manto é manter viva a história de atletas como Maria Lenk. A Nação e o MRN nunca deixarão de contar boas histórias de conquista e orgulho feminino.
####Obrigado Maria Lenk, por nos ensinar a vencer.
Esse texto também é uma homenagem a todas as nossas colaboradoras. Obrigado, meninas. Façam acontecer!
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