Gustavo Brasília: “Inter será o adversário mais forte do Flamengo de Jorge Jesus, contando todos os seus, até aqui, dez jogos disputados”.
Por Gustavo Brasília. Twitter: @Gustavo1969Fla
Salve, MRN! O Mais Querido adentra a segunda quinzena de agosto “vivíssimo” nas duas competições mais importantes do calendário: Campeonato Brasileiro e Copa Libertadores da América.
A classificação para as quartas de final da Libertadores não é novidade, mas a segunda posição no Brasileiro, encostada no líder Santos, sim.
A surpresa, ao menos para mim, não veio por conta do empate entre o time reserva do Grêmio e o misto então vice-líder e hoje terceiro colocado Palmeiras, mas pela derrota santista, seja pelo bom futebol e desempenho da equipe comandada por Jorge Sampaoli, seja pelo retrospecto recente do Cruzeiro. Renovadas as energias cruzeirenses com a contratação de Rogério Ceni, bastaram poucos minutos de bola rolando para uma precipitação do (bom) zagueiro santista Gustavo Henrique, cuja contratação vários torcedores rubro-negros desejam, mudar a história do campeonato.
Em razão disso, depois da contundente e vibrante goleada de sábado sobre o Vasco da Gama, o torcedor rubro-negro terminou o final de semana com ainda mais motivos para sorrir. O próximo passo é saber como amanhecer na próxima segunda-feira com vantagem para o jogo de volta da Libertadores e, quando menos, sem ver a distância para o Santos aumentar. Garfado de maneira vergonhosa ontem no Morumbi pela arbitragem, o bom time do Ceará, disputando apenas o Campeonato Brasileiro, oferecerá inúmeras dificuldades para o Mais Querido, que chegará a Fortaleza desgastado pela viagem e um extenuante confronto no Maracanã contra o Internacional pelo jogo de ida das quartas de final da Libertadores.
Para piorar, a CBF, essa entidade dirigida por gente desprovida de um mínimo de escrúpulos, marcou o jogo do Flamengo para as 19h de domingo, obrigando a delegação rubro-negra a embarcar em uma insana conexão entre Fortaleza e Porto Alegre, diminuindo sensivelmente o tempo para recuperação dos atletas até o confronto de volta contra o Internacional na quarta-feira, dia 28 de agosto. A CBF é a principal fonte da deformação moral que há tempos tomou conta do futebol nacional.
Não acredito em priorização de competições, dada a atual classificação do Campeonato Brasileiro; porém, por uma questão fisiológica, não haverá como escalar o time titular com os mesmos jogadores nos três confrontos, o que torna a rodagem do elenco no jogo de Fortaleza, além de imperiosa, um verdadeiro desafio. Apenas a título de exemplo, no sábado Rodinei tomou o terceiro cartão amarelo, o que provavelmente obrigará Jorge Jesus a promover a estreia do jovem João Lucas na lateral direita, pois escalar Rafinha nos três jogos não parece ser boa ideia.
Que a derrota na Fonte Nova sirva de lição.
A modesta colocação do Internacional no Campeonato Brasileiro não deve iludir ninguém, pois a virtual classificação para a final da Copa do Brasil e a própria disputa das quartas de final da Libertadores tratam de contextualizar a campanha gaúcha. Nós, torcedores do Flamengo, sabemos bem o que três competições podem custar a um elenco sem a devida rodagem. Além disso, em novembro o jovem e competente Odair Hellmann provavelmente completará dois anos à frente do Internacional, sem dúvida uma vantagem em relação ao Mais Querido, que, para corrigir o erro na escolha de um treinador de estilo oposto ao do elenco para iniciar o ano, teve que abastecer em pleno voo ou trocar a roda com o veículo em movimento, como queiram.
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O sólido sistema defensivo colorado conta com um miolo de zaga forte e seguro, além de um meio campo de forte marcação, mas também de boa qualidade técnica, casos especialmente de Patrick e Edenilson, este contundido e dúvida para quarta-feira. Rodrigo Lindoso, ex-Botafogo, em boa fase, tem feito a torcida não sentir saudades do bom volante Rodrigo Dourado. Já o ataque o Colorado conta com o ótimo atacante uruguaio Nico López e com o nosso conhecido Guerrero, que enfrentaremos pela segunda vez após sua polêmica saída do Flamengo, além da experiência de Rafael Sóbis, que Odair reveza com o experiente e talentoso meio-campista argentino D’Alessandro, a depender do contexto.
Pode não ser um elenco “longo” como os de Flamengo e Palmeiras, porém é mais do que suficiente para montar um time titular que joga de igual para igual contra os melhores o continente na atualidade. O Internacional, senhoras e senhores, será o adversário mais forte do Flamengo de Jorge Jesus, contando todos os seus, até aqui, dez jogos disputados.
Vale lembrar que, na Libertadores, ao contrário da Copa do Brasil, o gol marcado fora de casa é critério de desempate. Portanto, vencer no Maracanã sem tomar gol é muito importante.
Os jogos contra Grêmio e Vasco da Gama me animaram porque mostraram que Jorge Jesus, além de testar variações no desenho tático da equipe, também está preocupado em dosar o ritmo, o que não o impediu o time de vencer ambos os jogos com autoridade. Porém, não é exatamente simples detectar quando isso acontece, pois não é só o posicionamento da primeira linha ou mesmo a intensidade da “marcação alta” que define a estratégia. Sábado, por exemplo, o posicionamento tático do Vasco da Gama, que entrou em campo para se defender com onze jogadores em duas linhas postadas até a sua intermediária defensiva, definiu a faixa de campo ocupada pelo Flamengo e, obviamente, dificultou muito nossas ações ofensivas.
A impressão que tive é que Everton Ribeiro, como, aliás, repetidamente frisa Jorge Jesus, ainda não está completamente recuperado da contusão, daí não vir sendo escalado para iniciar as partidas. O principal efeito desse quadro é Cuéllar e Willian Arão atuarem juntos e muitas vezes alternarem-se nas subidas para apoiar o ataque, pela faixa central, enquanto Gérson, em tese mais apto para a função de meia central, ocupa a faixa direita, onde, diga-se de passagem, vem se saindo muito bem. Porém, e apesar do belíssimo passe de Gustavo Cuéllar para o segundo gol, sinto que a armação pelo meio sofre em qualidade, pelas características mais defensivas dos nossos dois “volantes”, e provavelmente por isso muitas vezes Filipe Luís tenha ocupado aquele espaço, talvez ensaiando até uma mudança definitiva de posição no futuro. Não tenham dúvidas de que categoria não lhe falta para tanto.
Aliás, sobre o nosso novo lateral esquerdo, em que pese alguns sustos na marcação “1×1” no primeiro tempo, esbanjou talento e qualidade no apoio, como pude constatar in loco. A subida de qualidade técnica do sistema defensivo com sua entrada, assim como as de Pablo Marí e Rafinha, é indiscutível. Contudo, o curto tempo de trabalho é a principal dificuldade do esfuziante Flamengo de Jorge Jesus, que lida com os diferentes estágios de preparação dos reforços que chegaram durante a segunda janela de transferências internacionais. Nosso treinador português, sem dúvida muito acima da média nacional, parece ter se preocupado primeiramente em fixar pontos mais marcantes de sua filosofia de jogo, deixando para trás os tempos do “arame-liso”, e, num segundo momento, modular o ritmo da equipe.
Apesar dos sustos pela defesa (sábado ocorreram inclusive no jogo aéreo adversário), e descontada a ansiedade natural que antecede os jogos mais importantes, sinto-me muito mais tranquilo do que em anos anteriores, pelo altíssimo padrão de qualidade individual dos atletas e do próprio trabalho tático do treinador.
Quarta-feira será dia de manter o excepcional aproveitamento do time no Maracanã e colocar um pé na semifinal, para, na sequência, a partir de domingo, melhorar o desempenho como visitante.
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A palavra está com vocês.
Bom dia e SRN a tod@s.
Gustavo Brasília escreve toda segunda-feira no Buteco do Flamengo
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