Análise das rodadas 14 e 15 do Brasileirão 2016.
Dizem os historiadores que a última revolução conduzida pela burguesia foi a francesa. Outros alegam que a queda da Bastilha em 14 de julho de 1789 não é marco desse evento. Sem querer me aprofundar nessa (falsa) polêmica, eu espero que a data inspire o nosso Flamengo a se reinventar.
Por diversas vezes comparam o momento atual de mudanças no Flamengo ao período que originou a FAF – Frente Ampla pelo Flamengo. E se isso tiver algum fundamento, cabe lembrar que o time vitorioso da década de 80 começou com duas amargas derrotas nos pênaltis para o Vasco em 1977.
Já em 1978 o Flamengo passou a ser muito temido. A Magnética percebeu isso de cara, tanto que no primeiro jogo do campeonato carioca já se ouviam os gritos de “É campeão!”. Na primeira rodada!
Em 1979, o Flamengo tinha tudo para decidir o campeonato brasileiro mas o Palmeiras acabou com nossos sonhos. Mas é importante sempre lembrar que os vitoriosos times rubro-negros da década de 80 tiveram seu germinal lá em 1978 ao manterem os jogadores que tiveram insucesso no ano anterior.
Lembrando o ditado “não há ganho sem dor” para retomarmos as grandes conquistas, os tropeços devem fazer parte do aprendizado. E mais, para que o Flamengo volte a ser temido é fundamental que a base persista em revelar jogadores de destaque. A revolução está aí! O que pode fazer a diferença é justamente esta relação umbilical do atleta com a Gávea.
O caminho é duro. O Flamengo de hoje já está estruturado financeiramente, porém os resultados em campo ainda não são satisfatórios. Se por um lado voltamos a ser protagonistas, revolucionando a gestão de um clube de futebol no Brasil, por outro ainda estaremos sujeitos aos desbundes em jogo ou em parte dele.
Nem preciso citar os pontos bobos que perdemos nesta temporada, mas aguardem. Cuidem de sua saúde, pois o Flamengo em breve deverá colher os frutos. Para quem duvida basta olhar o crescimento na qualidade dos times Sub-15 e Sub-17 que até recentemente sofriam quando enfrentavam equipes de base do Internacional, Corinthians, Atlético Mineiro, São Paulo e Cruzeiro.
Bem, esse formato do campeonato de ter jogos as segundas e terças não me agrada. Pior, me atrapalha. A décima quarta rodada foi muito longa. Eu sequer consegui ter vontade para acompanhar a derrota do Cruzeiro para o Atlético-PR ou o empate entre Palmeiras e Santos. A CBF continua dando aula de como destruir o futebol brasileiro. Mas como não posso mudar, vamos na letra dos 19 jogos dessas duas últimas rodadas começando obviamente pelos jogos do Mengão.
Flamengo 2×0 Atlético-MG
Aconteceram duas coisas interessantes nessa partida. A primeira é que eu esperava mais da equipe mineira. Tá certo que o veto de última hora do Cazares nos ajudou mas mesmo assim era de se esperar um jogo bem mais difícil.
A segunda coisa interessante foi a atuação do Flamengo que praticamente teve o jogo sob controle lembrando muito a vitória sobre o Internacional, só que contra o Galo jogamos bem melhor com destaque para o futebol apresentado pelo Mancuello.
O que importa é que vencemos uma equipe tida como uma das favoritas ao título só que deu o azar de perder vários jogadores importantes por lesões. E vencemos por méritos um time que tem potencial para chegar ao G4.
Botafogo 3×3 Flamengo
Como eu já imaginava, o jogo foi muito difícil. Pela diferença na tabela o Flamengo era naturalmente o favorito. Todavia, o clima em torno da estreia certamente ajudou o Botafogo a equilibrar o confronto.
A defesa do Botafogo é um pesadelo mas acaba sendo compensada pelo senso de marcação e cobertura do Airton que nessa partida foi o cara do jogo sendo o responsável direto pela reação do alvinegro.
Resumidamente, Zé Ricardo pode ser responsabilizado pelo resultado. Zé novamente escalou errado e fez uma leitura equivocada do jogo e consequentemente vacilou mais uma vez nas substituições. Ele podia ter feito o simples começando por manter a dupla de zagueiros que já estava entrosada. Adoramos o Juan, mas não era esse o jogo para voltar com ele.
No meio, a insistência com Márcio Araújo me assusta. Por diversas vezes esse volante pegava a bola e não sabia o que fazer. Muitos acham que é perseguição. Márcio Araújo pode ser boa pessoa, ter muita vontade, mas é ruim, muito ruim. Não há lógica em sua manutenção como titular absoluto.
Destaques para Mancuello, Guerrero e Jorge. Mancuello faz sua segunda boa partida, embora seja inadequado dizer que ele consegue fazer a função do Alan Patrick. Este é o único meia clássico que o Flamengo tem e consegue cadenciar o jogo como poucos. Mancuello é diferente mas teve que se virar nos últimos dois jogos, marcando, armando, brigando e batendo muito bem na bola, sempre participando muito do jogo.
Guerrero joga muito para o time. Acabou fazendo um gol na lambança da fraca zaga do Foguinho. O que não pode ocorrer é deixá-lo isolado na frente. Toda vez que alguém chega com ele, costuma receber bola bem redondinha de volta.
Jorge é um jogador muito disciplinado taticamente. Não podemos cobrar que ele seja o Uri Gueler. O que temos que exigir é apoio a ele, tanto ofensiva, quanto defensivamente. Jorge sabe dosar bem seu jogo, o que lhe proporciona fazer partidas muito regulares. Na contramão está Everton que corre muito, o que o faz chegar ao esgotamento em certo momento do jogo. Contra o Botafogo não foi diferente.
O resultado acabou tendo certa justiça, sendo ruim para os dois, talvez pior para o Botafogo. Uma coisa triste é perceber que o alvinegro não tem torcida sequer para encher um estádio com 15 mil pessoas. Que sirva de lição ao Flamengo, o Botafogo poderia ter levado o jogo para Brasília. Um jogo que tradicionalmente pertencia ao Maracanã. Mas o Botafogo apostará suas fichas no fator campo para se livrar do rebaixamento.
Nosso maior adversário nesse campeonato vem sendo justamente a falta de uma casa, de um caldeirão. Um lugar aonde a Magnética possa fazer a diferença. Se em 2017 isso estiver resolvido, por mim pode mandar preparar a faixa de campeão.
Outros confrontos das rodadas 14 e 15:
Coritiba 0x0 Botafogo – O resultado fez os times andarem de lado na tabela. Para o Coxa por jogar em casa, o empate foi ainda pior. Tendências: Os dois times lutam claramente contra o rebaixamento mas o time do Botafogo é melhor e pode melhorar caso se aproveite do estádio na Ilha do Governador como seu “caldeirão”.
Chapecoense 0x2 Corinthians – O jogo serviu para comprovar que os gambás jogam com uma superioridade numérica. Mais uma vez a arbitragem pesou a mão em favor da equipe paulista. Tendências: Chape – meio de tabela; Corinthians – G4, mas com viés de baixa em virtude do medíocre treinador Cristóvão Borges.
Ponte Preta 2×1 Sport – Dois times que ficam brincando de gangorra. Tendências: Morbidamente semelhantes.
Grêmio 2×1 Figueirense– Por muito pouco a equipe gaúcha deixava dois pontos para trás mas foi salva antes de soar o gongo. Tendências: Grêmio – Se manter no G4; Figueira – Estava caindo mas uma luz surgiu no fim do túnel.
São Paulo 3×0 América-MG – O time paulista nem teve tanto trabalho assim. O América parece já ter jogado a toalha. Tendências: São Paulo deve brigar para chegar ao G4, mas o Coelho já era.
Santa Cruz 1×0 Internacional – O santinha parece que parou de cair. O Inter que começou tão bem, continua caindo. Tendências: devem se encontrar em breve na tabela.
Vitória 0x0 Fluminense – Sem comentários.
Cruzeiro 0x3 Atlético-PR– Crise na Toca da raposa. Time conseguiu perder um jogo onde o goleiro adversário foi o grande destaque. Tendências: Cruzeiro – Z4; Atlético/PR –G5.
Palmeiras 1×1 Santos – Nem vi. Mas o Palmeiras de Cuca continua sendo o grande favorito. Time de melhor aproveitamento em casa.
Santos 3×1 Ponte Preta – A equipe santista consegue ter em seus jovens talentos a força para ocuparem a parte de cima da tabela. Venceu um adversário que oscila muito na competição. Tendência: Santos – G4; Ponte Preta – Meio de tabela.
América-MG 0x3 Santa Cruz – A equipe campeã mineira de 2016 dá uma verdadeira aula de como mudar de série todos os anos. Foi atropelada pelo Santinha. Tendências: América-MG – Deve ser a primeira equipe a ser rebaixada na competição; Santa Cruz – Depois de queda livre consegue encaixar duas vitórias consecutivas.
Fluminense 2×0 Cruzeiro – Fluminense teve a façanha de colocar 10.000 pessoas em Edson Passos para vencer um Cruzeiro em crise absoluta. Tendências: Flu – G8; Cruzeiro – Aposta na volta de Mano Menezes para evitar a queda para a segundona.
Corinthians 1×1 São Paulo– Definitivamente eu não gosto de reclamar de arbitragem. Mas o que acontece nos jogos do Corinthians é de dar nojo. O tal do Romero faltou expulsar o bandeirinha e nada. Isso sem contar mais uma tesoura criminosa com certa semelhança a cometida por Fagner em Ederson. Menos mal que pelo menos deram falta dessa vez. Tendências: Gambás – Só serão campeões se o Palmeiras permitir; São Paulo – Incógnitas.
Atlético-PR 1×1 Vitória – Deu a lógica. Tendências: CAP – G8; Vitória – Porta da Zona.
Figueirense 1×1 Chapecoense – Com muita preguiça para conferir, mas acho que o time catarinense é o que mais empata nesse campeonato. Tendências: Figueira – Com a chegada de Argel eu tenho cá minhas dúvidas se cai, mas o time é muito mais fraco do que o do ano passado; Chape – Fica sua linda!
Internacional 0x1 Palmeiras – O Inter segue em queda livre. Falcão retorna para salvá-lo. Pena que não mais como jogador de futebol. O Palmeiras segue firme na liderança. Se Cuca não começar com seus ataques de pelanca e superstições, ele tem tudo para ser campeão. Tendências: Internacional – Repetir os vexames das últimas temporadas; Palmeiras – Parece ser o novo time da mídia paulista mas bem que merece a posição atual.
Sport 4×2 Grêmio– Campeonato muito difícil. Sport continua igual a um registro de cardiograma, ganhando e perdendo alternadamente. Enquanto isso o Grêmio decepciona quando se espera que decole atrás dos líderes. Tendências: Sport – Meio de tabela; Grêmio – G4.
Atlético-MG 2×1 Coritiba – Com o retorno de Lucas Pratto, o Galo era claramente favorito. A equipe mineira ficou a um ponto do Flamengo. Placar terrível para o Coxa que amarga a Zona de Rebaixamento. O jogo foi interessante e o gol da vitória saiu no fim da partida. Deu a lógica “o resultado todo mundo já conhece, o de cima sobe e o de baixo desce”. Tendências: Atlético – G6; Coritiba – Lutar contra a degola.
E que venha o Diego!
Cordiais saudações Rubro-Negras!