Passado quase dois dias após mais uma eliminação em Copas do Mundo no século XXI, vamos discutir sobre os problemas coletivos do Brasil contra a Croácia. Dentre diversos fatores, um deles merece destaque e ilustra a dificuldade brasileira em se adaptar a proposta adversária.
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Como o Brasil perdeu o meio de campo contra a Croácia?
Antes de mais nada, precisamos relembrar como o Brasil atua para entender as intenções do técnico Zlatko Dalic para neutralizar a seleção. Nesse sentido, fica o convite para a leitura do artigo que explico como Tite potencializou o futebol de Vinícius Júnior contra a Sérvia abaixo, no qual destrincho com detalhes seus padrões.
Isto posto, vamos entender agora o cerne das dificuldades brasileiras com bola contra a equipe europeia. Ele se encontrou na saída de bola, por conta de um problema que é físico e tático. Na ausência de Alex Sandro e Alex Telles, Militão foi o lateral-direito em campo.
A princípio, o zagueiro do Real Madrid não teria tantos problemas, por atuar ao lado de Thiago Silva e Marquinhos com bola e por não ter exigência de ir ao fundo. Todavia, ter jogadores pelo corredor lateral na saída de bola era essencial para enfrentar o time croata.
Os europeus optaram por pressionar os zagueiros brasileiros com somente um jogador no início da construção: Kramarić. Dessa forma, o Brasil tinha dois jogadores a mais para sair jogando. A consequência disso foi a presença de mais um jogador da Croácia no meio campo.
Sem abertura para sair pelo lado, os pontas Pašalić e Perišić centralizam e formavam junto a Modrić, Kovacić e Brozović um bloco compacto de cinco jogadores a frente da linha defensiva. Além disso, Vini Jr. e Raphinha eram marcados individualmentes pelos laterais Juranović e Sosa.
Como resultado, o Brasil teve em muitos momentos inferioridade numérica no meio-campo. Mesmo com Paquetá e Neymar recuando para auxiliar Casemiro e Danilo, a construção foi muito dificultada.
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Militão busca se adaptar, porém bastante desconfortável
Ilustrada a situação-problema, a solução parecia ser bastante intuitiva: passar a utilizar uma saída sustentada. Contudo, a execução dessa tarefa não foi das melhores, nem uma adaptação regular durante o jogo.
Enquanto Danilo até conseguia gerar apoio pelo lado, por outro lado Militão se sentiu bem desconfortável. De modo que, além de não conseguir ter opções de saída pelo corredor lateral, também gerava problemas na transição defensiva.
Ainda assim, o Brasil executava algumas tramas avançando mais seus laterais e espaçando o meio de campo adversário. Facilitando o acionamento por dentro e pelo lado pela presença de mais um homem avançado no campo.
Numa condição já extrema, onde a Cróacia baixou suas linhas e se defendeu numa linha de seis, Neymar fez um golaço. Destacando a genialidade do craque brasileiro, a presença dos laterais avançados foi importante para espaçar a Croácia.
Como citado anteriormente, existem diversos outros fatores que condicionam uma derrota. Muitos deles pontuais e sem explicação pautada em padrões. Mas também é possível identificar que a equipe não conseguiu lidar com um adversário pronto para neutralizá-lo.
Em tese, a equipe teria variações para atuar com laterais mais avançados, bem como opções que não foram utilizadas para possíveis perdas. Assim, é justa a crítica a Tite por sua incapacidade de se adaptar a um rival em campo. Faltou leitura para resolver problemas.
Como também faltou aos jogadores melhor execução de suas funções em campo. Em um esporte coletivo, é muito difícil concentrar a derrota em uma imagem sem soar oportunista.
E como a maioria dos casos, esse é o exemplo do réves brasileiro no Catar. Com diversos responsáveis!
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