E o Flamengo perdeu. Dentro de casa, diante de quase 60 mil torcedores, numa partida em que precisava vencer pra se manter na liderança do Campeonato Brasileiro o Flamengo foi lá e, sem oferecer grande resistência, entregou de bandeja três pontos para a competente equipe do Fortaleza, que não tinha absolutamente nada a ver com isso e estava apenas fazendo a parte dela.
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Mas mais complicado do que a sequência de vexames em casa – de seis pontos disputados contra Cuiabá e Fortaleza conseguimos conquistar apenas um – é talvez a maneira como a situação foi desenhada na lamentável derrota desta quinta-feira.
➕ JOÃO LUIS JR.: Burrice é pouco: trocar Gabigol por Dudu seria algo que nem tem nome
Primeiro porque conseguimos sair atrás no placar mesmo sem que o adversário desse um mísero chute a gol. O segredo? A presença do mago Wesley, o homem de um bilhão de reais, o lateral cuja multa rescisória é maior do que o PIB de países como Tuvalu, Kiribati e Ilhas Marshall, e que realizou um incrível gol contra, já no começo da partida, pra acabar com qualquer ilusão de que o torcedor rubro-negro teria uma noite divertida.
Depois disso, conseguimos não apenas estabelecer um certo domínio na partida como também conquistar o gol de empate, muito por mérito de Pedro, um homem que, diferente do ser humano normal, que transforma oxigênio em gás carbônico, basicamente transforma qualquer tipo de bola em gol. O placar era de 1×1, o Flamengo dominava as ações, a sensação era de que a vitória, ainda que não parecesse provável, era pelo menos possível.
Mas o Flamengo tinha outros planos. E com uma atuação desastrosa, em que conseguiu ao mesmo tempo deixar de criar no ataque e parar de marcar na defesa, sofreu o segundo gol, tornando lamentável uma situação que, pra começo de conversa, já não era muito boa. As mudanças de Tite não surtiram efeito, os jogadores em campo cometiam falhas infantis, a torcida assistia atônita um time que deveria estar garantindo a liderança fazer seu máximo esforço para ir parar na terceira colocação.
O cenário, que antes era de otimismo, se torna então de preocupação. Como aquele Flamengo, que parecia incapaz de aceitar derrotas, se tornou esse Flamengo capaz de entubar resultados assim dentro da própria casa?
Como as vitórias como visitante se transformaram em vexames dentro do próprio Maracanã? O que pode ter acontecido pra Gabigol, que era considerado desmotivado e descompromissado por muitos, tenha entrado em campo como o jogador mais ligado e disposto da equipe?
Graças ao adiamento da próxima partida, vamos ter mais tempo pra descobrir. Será que a chegada dos atletas que estavam disputando a Copa América vai dar cara nova pra esse time? Será que o período de treinamento permitirá que Tite organize melhor a equipe?
Será que teremos um grande crowdfunding para pagar a multa de Wesley e levá-lo pra estudar medicina numa faculdade particular, abandonando assim o futebol? Todas questões válidas e pras quais esperamos ter as melhores respostas possíveis. Mas o fato é que, se quiser mesmo ganhar alguma coisa, o Flamengo não pode se apresentar maneira que esteve nas últimas duas partidas.
João Luis Jr. é jornalista, flamenguista desde criança e já viu desde Walter Minhoca e Anderson Pico até Adriano Imperador e Arrascaeta, com todas as alegrias e traumas correspondentes. Siga João Luis Jr no Medium.
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