Um dos principais especialistas em finanças de clubes de futebol do Brasil, Cesar Grafiette analisou atual momento financeiro do Flamengo e concluiu que o cenário é de alerta para o próximo ano. Aumento de gastos, redução considerável do caixa e incerteza na projeção de receitas motivam o economista a pedir a atenção dos rubro-negros com “exageros” e afirmar que é “muito fácil” destruir o bom trabalho recente.
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Grafietti afirmou, há poucas semanas, que não havia motivo para muito alarde pela redução de caixa e aumento no endividamento divulgados no balancete do terceiro trimestre. Mas ele mudou de opinião após ter acesso à previsão orçamentária de 2025, pois se esperava uma melhora pelas receitas do fim do ano, quando a realidade será uma virada de ano com o caixa praticamente zerado.
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“Na análise que eu tinha feito, mostrava-se que o cenário não era tão ruim quanto se previa, ou quanto algumas vozes trouxeram em função da redução forte do caixa. Mas, como o futebol é uma caixinha de surpresas, e quando misturamos com finanças são surpresas sempre maiores. Tive acesso a um orçamento que o clube fez para o ano que vem, e surgiram diversas movimentações que mostram um cenário bem menos tranquilizador do que eu supunha”, iniciou César Grafietti.
O Flamengo sofreu uma redução de R$ 164 milhões no caixa entre o final de julho e setembro, principalmente pela aquisição do terreno do estádio. Esse valor estava em R$ 45 milhões na divulgação do último balancete, mas a previsão é terminar o ano com cerca de 3 milhões de reais.
“O clube espera terminar o ano com o caixa praticamente zerado, pouco mais de R$ 3 milhões. Isso com cenário de recurso de TV entrando no fim do ano, premiação da Copa do Brasil e as receitas recorrentes andando. Isso se dá pelo fato de existirem vários vencimentos de dívidas no último trimestre que não estavam no balancete de setembro.”
Além dos indicativos preocupantes deste ano, César Grafietti alerta também para imprevisibilidade na projeção de algumas receitas. Ele cita que o clube prevê arrecadar quase R$ 150 milhões com cadeiras do novo estádio, mas alerta o tempo é curto e sequer há um projeto apresentado.
A conclusão é que os torcedores precisam fiscalizar com atenção as finanças do Flamengo e as ações dos dirigentes, citando o ano eleitoral como possível motivo para a mudança de postura.
“Algo que me chamou atenção é que, para o início de 2025, o clube estima receber R$ 146 milhões de venda de cadeiras do novo estádio. Basicamente o valor pago no terreno. Agora, como o clube propõe ou espera receber esse valor se nem existe um projeto? Imagino, inclusive, que nem exista um projeto aprovado no Conselho Deliberativo e nas estruturas legais e formais. Mostra de fato um risco que o clube assume de fazer um investimento importante, mas em um ano eleitoral.
“Não tenho candidato nessa situação, mas é um fato: o clube mostra-se mais vulnerável do que era há algum tempo. Então, atenção. Cabe ao torcedor, o sócio e todo mundo estar monitorando. Justamente porque é muito fácil destruir algo que levou tanto tempo para ser recuperado. Futebol é assim, vive de fluxos. E esse fluxo que o Flamengo tem positivo, o risco de se desestruturar é muito rápido e grande. Importante o clube estar atento, os torcedores atentos para o clube seguir sendo exemplo pelo lado positivo, e não por exageros que gestões cometem.”
Finanças serão responsabilidade do novo presidente
O momento financeiro do Flamengo é tema presente na discussão eleitoral do Flamengo. Enquanto Rodrigo Dunshee defendeu que o clube “está voando” e não há dívidas, mas “obrigações a pagar”, a Oposição afirma que a diretoria assumiu posição imprudente e pode quebrar o clube. A análise de Grafiette deixa clara a necessidade de ter atenção para não correr esse risco.
A votação para eleger Luiz Eduardo Baptista (Bap), Maurício Gomes de Mattos ou Dunshee será no dia 9 de dezembro, na Gávea. O próximo presidente do Flamengo terá que lidar com o atual momento das finanças, administrando com a construção do estádio e o futebol, já que todos prometem um plano para levantar o estádio sem comprometer a performance esportiva e sem transformar o clube em SAF.
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