A verdade é que Tite nunca foi o treinador dos sonhos de nenhum rubro-negro. Podemos negar. Podemos reescrever a história, fingir que aquele dia no trio elétrico todos estavam gritando: “ô Tite, quero te ver, o Gabigol precisa muito de você”, mas nós sabemos que não é verdade.
A sensação, num geral, sempre foi de que o “titismo” e o “flamenguismo” sempre foram duas culturas distantes. Sem absolutamente nada em comum, que deveriam cada uma seguir seu caminho.
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Mas aí veio a temporada 2023. Um ano marcado por decisões equivocadas, situações constrangedoras e um verdadeiro open bar de absurdos, com contratação de técnico que perdeu para a gente, preparador físico socando jogador, treinador que esconde escalação até do time e dirigente que morde virilha de torcedor.
Subitamente, ali na esquina entre a Rua do Desespero e a Avenida da Desolação, novamente Tite e o Flamengo se encontraram. Em encontro inesperado, um encontro até pouco tempo atrás impensável, mas que mostrou que talvez, numa situação absurda, abraçar o absurdo é a solução mais sensata.
E já na primeira partida, a vitória de 2×0 diante do Cruzeiro, o rubro-negro pôde finalmente experimentar em primeira mão o que é o “titismo”. Um futebol que não é sempre bonito, um estilo de jogo que não necessariamente vai encher os olhos, mas que representa, visivelmente, uma busca por organização e eficiência.
Porque foi isso que vimos, pela primeira vez em muitos meses, nesta noite de quinta-feira (19), em Belo Horizonte. Um Flamengo que parecia organizado e eficiente. Não criamos uma chuva de chances. Nem demos um baile de bola na equipe mineira. Mas terminamos a partida sem tomar gol, o que foi bem incomum neste ano. E, além disso, aproveitamos as chances que tivemos de marcar, o que também não acontecia com frequência.
Jogadores do Flamengo voltando à vida
Tivemos Ayrton Lucas, que havia sido totalmente anulado pelo esquema de Sampaoli, voltando a se destacar. Pedro voltou a participar de jogadas. Tivemos boas defesas de Rossi – que, como todo goleiro argentino, gosta de viver fortes emoções e para cada grande gol impedido precisa fazer ao menos uma batida esquisita de roupa. E tivemos no geral um Flamengo que finalmente pareceu organizado o bastante no coletivo para fazer valer as qualidades individuais.
Obviamente ainda é o começo, claramente é cedo para qualquer avaliação, mas em coisas simples como “definir um time titular” ou “colocar os jogadores atuando em suas posições”, já fica claro que Tite chega para tentar colocar um mínimo de ordem na total e completa bagunça que havia se tornado o Flamengo.
Então, ainda que o “titismo” e o “flamenguismo” sigam como filosofias talvez não parecidas, é fato que as duas tem em comum. Uma premissa muito básica: a necessidade constante e indiscutível de vencer.
E sejamos sinceros. Se Tite conseguir transformar novamente as vitórias seguras em rotina, e não em exceção, a torcida vai se preocupar cada vez menos se ele não é tão ofensivo ou tão futebol arte como a gente gostaria.
Afinal, como cantamos aquela vez, naquele trio elétrico: “ô Tite, quero te ver, vou perdoar tudo se você fizer esse time vencer”.
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