Filho do ídolo rubro-negro Bebeto, Mattheus Oliveira teve curta passagem pelo Flamengo e saiu do Brasil rumo ao futebol português ainda cedo. Em entrevista ao UOL, o jogador falou sobre as principais adversidades enfrentadas durante o período em que esteve no Rubro-Negro e revelou os motivos para a sua saída precoce.
Durante o papo, Mattheus não negou seu desejo de ter ficado mais tempo no Flamengo. Mesmo sem arrependimentos, o filho de Bebeto revelou que tinha como sonho jogar mais jogos e conquistar títulos vestindo a camisa do Mais Querido.
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Um ano após sua primeira temporada como atleta profissional do Fla, Mattheus esteve próximo de ser contratado pela Juventus, da Itália. O clube carioca chegou a encaminhar a venda, mas o negócio acabou melando por conta de transição na presidência e problemas entre Bebeto e a diretoria.
“O presidente da Juventus assinou e mandou a proposta, mas, quando chegou, o clube disse que não iria aceitar mais. A presidência trocou na época da Patrícia Amorim para o Bandeira de Mello e Wallim [Vasconcellos], que estava tocando a negociação. Faltando uma semana para a janela fechar, ele disse que não aceitaria. Por motivos até extracampo em relação ao meu pai, coisa que não tinha nada a ver com o assunto”, revelou o jogador.
Com a venda frustrada, Mattheus renovou com o Flamengo. No entanto, o jovem rapaz permaneceu sem oportunidades e logo foi afastado. Ele diz que com apenas poucos dias de renovação já não podia mais treinar entre os profissionais. “Na época, ouvi muita coisa, chamando de mercenário. As pessoas não sabiam que joguei o ano inteiro no profissional ganhando mil reais. O treinador da época, acho que o Mano Menezes, nem veio falar comigo, foi o auxiliar.”
Juventus manteve o interesse na contratação de Mattheus
Mesmo com o contrato renovado, a Juventus seguiu interessada em levar Mattheus Oliveira ao futebol italiano. O jogador chegou a abrir mão das luvas para o Flamengo, mas o clube permaneceu irredutível quanto a sua liberação. “Não queria sair pela porta dos fundos jamais. Acho que isso atrapalhou um pouco na minha volta ao profissional, tirou a confiança. Mas não guardo mágoa de ninguém.”
”Eram outros tempos, e o Flamengo era um clube desorganizado financeiramente, de estrutura. Para o pessoal da base, era difícil. Hoje tem estrutura, lugar para ficar, alimentação, briga por títulos. Flamengo é sempre pressão, mas imagina entrar em um jogo que está 2 a 0 a favor, o Maracanã lotado te apoiando. É diferente de uma partida tomando de 3 a 0 em casa e ‘vai lá, tenta resolver’.”
”Não digo que hoje seja muito mais fácil, mas é mais propício para o atleta que sobe. Hoje, o Flamengo é nível Real Madrid em termos de estrutura de centro de treinamento”, desabafou o meia.
Mattheus admite que ser filho de Bebeto o atrapalhou
Para além dos problemas com a diretoria do Flamengo, outro motivo para a sua saída ainda cedo foi o fardo que Mattheus carregava por ser filho de Bebeto. O jogador admitiu não conseguir encarar o rótulo de maneira saudável e que pretendia se desvincular da imagem de ”filho de Bebeto” com sua ida ao futebol português.
“Eu sempre tentei separar ao máximo. Tenho muito orgulho de ser filho de quem eu sou, mas queria caminhar com as minhas próprias pernas na carreira.”
”Imagina uma criança de 10 anos ouvindo que só está lá porque é filho do Bebeto, só está jogando no Flamengo por isso. Não temos uma cabeça formada, eu sempre digo que tive que amadurecer muito antes do normal. Meu pai dizia, em uma pressão boa, digamos, que eu teria de me provar duas vezes mais para os outros. É uma pressão muito grande ser filho de quem eu sou. Falo com orgulho, mas procuro separar. Na minha carreira, eu sou o Mattheus Oliveira”, concluiu.
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