O MRN foi até o Ninho do Urubu para acompanhar o treino do Flamengo e também a entrevista de Everton Ribeiro na zona mista. No entanto, pôde observar que mais uma vez, Arrascaeta não esteve em campo. E não foi por conta de dores no púbis. Segundo o jornalista Pedro Torre, a lesão de Arrascaeta é na coxa, e o jogador perde as finais do Carioca, além do início do Brasileiro, Libertadores e Copa do Brasil.
Pedro Ivo Almeida, também do Grupo Disney, ainda complementa: “Exame realizado ainda no início da última semana apontou estiramento GRAU 3 (mais de 50% do músculo lesionado – mínimo de 45 dias de recuperação). Nada de púbis. Flamengo já informava o problema logo após a classificação contra o Vasco”.
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Por isso, para entender melhor a situação, o MRN procurou o fisioterapeuta e osteopata Renato Benedito. O profissional inicia com críticas para a comunicação do Flamengo e diz que todas as explicações que viriam a seguir seriam baseadas em cima de especulações.
“Para responder essa pergunta, a gente precisa fazer uma crítica para a comunicação do clube e às informações que vêm do Departamento Médico. Porque eles não dão muitos detalhes e informações e a torcida fica sem saber o que está acontecendo. Tudo que a gente fala são hipóteses e qualquer detalhe pode fazer diferença. Estamos vendo esse ruído dessa possível lesão muscular”, explica.
Lesão na coxa pode ter ligação com pubalgia
Ao contrário do que muitos podem imaginar, a nova lesão pode sim ter sido ocasionada por conta da pubalgia. Perguntado sobre a relação do esforço excessivo na coxa com o problema no púbis, Renato diz que a lesão se origina no ramo púbico.
“Primeiro foi publicado que ele está com uma lesão de adutor e não na região do púbis. Primeira coisa que temos que entender é que a musculatura adutora se origina no ramo púbico e tem envolvimento direto com a pubalgia”, afirma o especialista.
Ele ainda preocupa torcedores ao comentar a gravidade: “Se ele tem uma lesão grau 3, primeira coisa que a gente precisa saber é onde está localizada, porque pode ser proximal. Ou seja, próxima do ramo púbico. Sendo proximal, ela é diretamente ligada a região do púbis. Como é uma lesão de grau 3, ou seja, gravíssima para uma lesão muscular, muitas vezes pode ocorrer uma desinserção do tendão no osso. É gravíssimo“, complementa Renato.
Arrascaeta pode perder até 3 meses de temporada
Apesar da primeira notícia dar conta de que Arrascaeta pode ficar fora por até um mês e meio, Renato entende que a situação não é bem assim. O fisioterapeuta informa que a lesão de grau 3 leva de dois a três meses até a recuperação total. Ainda assim, volta a atentar para a gravidade da lesão .
“Pensando no melhor cenário, que é uma lesão afastada dessa origem no ramo púbico, sendo grau 3 no ventre muscular e algum músculo no adutor. É bem grave. O tempo de recuperação de uma lesão muscular grau 3, normalmente vai levar de dois a três meses, no mínimo, de recuperação. Não se toma o caso menos grave. Porque o tempo de recuperação é bem longo. Mas existe o envolvimento indireto que mostra que o Arrascaeta está com uma instabilidade pélvica, que é um dos motivos da pubalgia”, explica.
A lesão muscular na coxa pode ter sido causada pela pubalgia?
“Em suma, dois cenários: uma lesão muscular que pode ser proximal, ou seja, na região do ramo púbico. Ou uma lesão no ventre muscular, mais distante dessa origem. Mas pelo grau, a reabilitação é demorada. As duas podem ocorrer por desiquilíbrio pélvico, que é uma das causas de uma pubalgia. Se você me pergunta se um paciente com uma pubalgia pode favorecer uma lesão muscular nos adutores, vou dizer que sim. Porque essa instabilidade pélvica pode ser uma das causas de uma lesão muscular”, confirma.
Para que o leitor entenda a gravidade, Renato explica que as lesões de grau 3 têm grandes rupturas.
“As lesões grau 3 ocorrem no mínimo 50% de ruptura das fibras musculares. Quanto mais grave é a lesão, mais tempo de recuperação. Três meses, às vezes é até pouco para voltar. Considero que grau 3, vai demorar de 2 a 3 meses para voltar. Voltar antes disso acho difícil. Grau 3 são as lesões mais graves e a principal característica é que ela acomete mais de 50% das fibras, podendo ter complicadores”, finaliza.