Mais uma vez o clássico dos milhões decepcionou os pouco menos de 25.000 pessoas que foram ao estádio. E aos muitos que assistiram pela TV. Especialmente pelo primeiro tempo. Jogo truncado. Faltoso. Sem imaginação de parte a parte. Com as equipes espelhadas taticamente no 4-2-3-1 era natural que os duelos individuais decidissem a sorte da partida.
A partir dos 25 minutos, quando Rueda inverteu Éverton e Éverton Ribeiro de lados, o Flamengo passou a comandar as ações. Jogando sempre pela direita. E levando vantagem em cima de Ramon. Contudo, a rigor, só criou uma chance clara de abrir o placar. Lucas Paquetá livre e na corrida desperdiçou. Enquanto isso o Vasco não alterava sua postura. Jogava fechado, esperando um erro do adversário. E apesar de ter acertado seu sistema defensivo continua com muitas dificuldades para criar (o famoso ataque cardíaco).
O jogo melhorou um pouco na etapa complementar. O Fla partiu mais para o ataque. E deu espaços aos contra-ataques vascaínos. Aos 15 minutos, Nenê recebeu de Andrés Rios e bateu. A bola desviou no peito de Juan e foi na trave de Diego Alves na única oportunidade clara do time de São Januário em todo o jogo. Rueda tirou Paquetá e Éverton, fazendo entrar Vinícius Júnior e Felipe Vizeu. Zé Ricardo respondeu sacando Yago Pikachu, Rios e Nenê. E buscou a velocidade de Gilberto, Caio Monteiro e Manga Escobar.
Mesmo não jogando bem e com alguns jogadores abaixo do esperado, o Rubro-Negro chegou mais. E mereceu a vitória pelo que jogou nos últimos 25 minutos. Arão quase marcou em chute de longe. Juan chegou perto de cabeça. Vizeu perdeu gol feito livre, na pequena área, depois de ótimo passe de Vinícius Júnior.
A pressão aumentou a partir dos 40, quando Ramon lesionou-se e precisou deixar o gramado deixando o Vasco com um jogador a menos. Zé Ricardo mandou Gilberto fazer a lateral-esquerda e repaginou o time num 4-4-1. Mádson ainda salvou a pátria vascaína num contragolpe travando com precisão uma finalização de Diego que tinha endereço certo.
No fim das contas, faltou competência ao Flamengo para transformar sua superioridade em gols. O empate é um resultado ruim e traz ainda mais decepção a um torcedor que achou que o time estaria a esta altura brigando pelo título. E não para conseguir uma vaga na Pré-Libertadores. Já para o Vasco a igualdade é um excelente resultado. A equipe segue no bolo, sonhando com uma vaga no principal torneio continental. Os 44 pontos são muito mais do que qualquer torcedor previra antes do início do Brasileirão. Por isso, o clássico acabou sendo muito melhor para seu lado do que para o rival. São os dois lados da moeda do futebol.
Veja a análise de Gustavo Roman em vídeo:
Gustavo Roman é jornalista, historiador e escritor. Autor dos livros “No campo e na moral – Flamengo campeão brasileiro de 1987”, “Sarriá 82 – O que faltou ao futebol-arte?” e “150 Curiosidades das Copas do Mundo”. Também escreve para o Blog do Mauro Beting.
Imagem destacada no post e redes sociais: Gilvan de Souza / Flamengo