O Flamengo elegeu a CBF como vilã nos obstáculos que enfrentará durante a temporada e que está pressionando a entidade pelo calendário. A principal reclamação é a não paralização do Campeonato Brasileiro durante a Copa América, quando o clube deverá perder de 6 a 8 atletas por até 9 rodadas.
“Todos nós aqui dentro entendemos qual foi a colocação do Tite. Acho que isso é importante, isso já vem à tona agora para se entender quais caminhos serão trilhados. O próprio calendário impõe algumas situações, esse calendário irresponsável ao qual o Flamengo precisa se submeter. Calendário em que vamos jogar nove jogos e teremos seis ou sete jogadores fora”, disse Marcos Braz.
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Bruno Spindel completou: “Essa escolha de priorizar a Copa do Brasil quem fez foi a CBF. Acho que a CBF fez uma escolha comercial. Ela deve lucrar R$ 200 milhões, R$ 300 milhões. É uma dedução. Do ponto de vista esportivo, não faz sentido você tirar todos os atletas de seleção e desprestigiar o campeonato. É a última vez que vamos tocar nesse tema antes de o campeonato começar. Mas a CBF rompeu um princípio que ela tinha da isonomia quando fez essa escolha. O Brasileiro não tem isonomia esportiva. Ele é mais difícil para os clubes que têm atletas convocados”.
Veja bem, é óbvio ululante que o Flamengo é o time mais prejudicado pelo desastroso calendário do futebol brasileiro. Isso não é de hoje. E em qualquer lugar do mundo, o clube que possuir a maior receita tenderá a ter mais atletas selecionáveis.
Lembram da Série A de 2021, quando Flamengo foi destruído pelas Datas FIFA? Arrascaeta, por exemplo, jogou apenas 14 dos 38 jogos. Isla fez 15 e Gabriel 18. É verdade que esses jogadores também perderam um ou outro jogo por lesão (até pelo excesso de partidas internacionais) e suspensão, mas ainda assim foram muitos desfalques por sequestro.
É exatamente por isso que o Flamengo deveria ser o primeiro a se posicionar publicamente contra o modelo atual. Somadas as cinco principais redes sociais, o clube tem quase 60 milhões de seguidores, com uma diferença superior a 20 milhões para o segundo colocado. Sua voz seria ouvida.
No entanto, não se trata apenas de reclamar, mas sim de liderar um processo, possivelmente contratando consultoria especializada para formular um documento para evolução do futebol brasileiro e apresentá-lo formalmente a CBF. Outros clubes, como Palmeiras e Inter, também são prejudicados, e poderiam formar um grupo de trabalho para se unir nessa luta e propor soluções.
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Falando em CBF, sim, é ela que monta o calendário do futebol brasileiro. Clubes não assinam nada. A CBF elabora e pronto, mas se ninguém apresentar alternativas, não será ela que se dará ao trabalho de fazer algo a respeito.
A CBF é uma entidade repugnante, mas infelizmente me vejo obrigado a defendê-la parcialmente quando o assunto é calendário. Em 2020, antes de ser afastado do cargo, Rogério Caboclo fez uma declaração forte, mas razoavelmente sensata sobre o tema durante o prêmio Brasileirão 2020:
“Se os clubes jogam 80 partidas, significa que os clubes assinaram 80 partidas e a CBF transforma isso em calendário. (…) é por conta dos contratos firmados, não pela CBF. A CBF não assina os contratos. Falo para os presidentes isso. Se algum treinador ouviu errado, que agora entenda certo. Não existe calendário irracional feito pela CBF”.
Ele estava correto. Cariocas e paulistas, por exemplo, venderam direitos de TV para exibição de estaduais com 15-16 jogos até 2025. Não sejamos ingênuos de imaginar que a CBF reduziria a competição para aceitáveis 5 ou 6 datas (entrando em confronto com as federações estaduais parasitas, que têm peso 3 nas eleições), mas caso quisesse, não seria possível.
A própria forma como o Flamengo disputa o putrefato estadual não ajuda. O clube não fala nada, não se posiciona, não deixa claro que segue disputando esse campeonatozinho semiprofissional mequetrefe apenas porque não há outra escolha.
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Pelo contrário. Houve festa e comemoração, como se o título valesse alguma coisa. E podem me chamar de amargo. Prefiro ser chato do que ter uma mentalidade tacanha, como a de um torcedor da SAF Botafogo.
Nunca acharei normal ouvir o treinador do Flamengo falar que a direção ordenou que o estadual fosse tratado como prioridade, especialmente quando é justamente essa competição a maior culpada pela pilhagem que o clube sobre durante as Datas FIFA.
José Peralta representa todos os perebas que se dedicam a estudar o futebol e o Flamengo para que os verdadeiros craques possam trazer muitas alegrias à Nação Rubro-Negra. Siga-o no Twitter: @Peralta_CRF.
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