Em 128 anos de História, o Flamengo conquistou tudo o que poderia conquistar. Mas todo aniversário a torcida aguarda um presente que não vem desde os anos 30, quando a Gávea foi construída: um novo estádio para chamar de seu.
Nos últimos dias, porém, o Flamengo avançou em duas frentes para ter não um, mais dois estádios nas próximas décadas. Isso porque, ao mesmo tempo em que solidificou sua posição como favorito para vencer a licitação pela concessão por duas décadas do Maracanã, avançou na articulação para a compra de um terreno para construir seu estádio próprio na região do Gasômetro.
Leia mais: 15 razões para o Flamengo construir seu estádio no Gasômetro
Embora aparentemente os dois movimentos pareçam contraditórios, é possível ao Flamengo conciliar os dois planos. Principalmente porque um estádio próprio não se ergueria da noite por dia.
A previsão otimista do presidente Rodolfo Landim é que o Flamengo precise de cinco anos para erguer seu estádio no Gasômetro, mas é um cronograma que à primeira vista parece difícil de ser cumprido. Desta forma, a melhor alternativa para o Flamengo no ínterim é seguir jogando no Maracanã.
O que o Flamengo pode fazer com o Maracanã se construir um estádio próprio?
Caso o Flamengo de fato consiga construir seu estádio e seja concessionário do Maracanã, terá algumas opções para lidar com os dois estádios. A primeira e mais simples é manter a concessão do Maracanã, mas reduzir o número de partidas que faz no estádio. Além de manter os jogos do Fluminense, o Flamengo poderia buscar mais shows para serem realizados no estádio, por exemplo.
Uma segunda opção seria vender sua participação na empresa conjunta com o Fluminense que administra o Maracanã para o próprio Fluminense, caso o clube rival tenha interesse, ou para uma terceira empresa interessada.
Por exemplo, a Arena 360, que administra o Mané Garrincha e vai disputar a concessão do Maracanã com o Flamengo, mas tem como calcanhar de Aquiles da sua proposta o fato de não ter como garantir a realização do número mínimo de partidas por ano exigido pelo governo sem contrato com o clube.
Também há a opção prevista pelo edital de um acordo com o governo para antecipar o fim da concessão. Esta seria uma possibilidade se o Flamengo entender que as alternativas não compensam financeiramente. Se não houver acordo, o Flamengo também pode acionar a Justiça para se desfazer da concessão.
Ser inquilino no Maracanã é uma opção para o Flamengo?
Um obstáculo para esses planos é que o edital do Maracanã prevê que, nos três primeiros anos da concessão, os vencedores devem fazer 30 obras diferentes no estádio e no Maracanãzinho para manter a concessão. Essas obras exigem um nível de investimento que pode parecer um desperdício se o Flamengo não tiver o plano de manter o estádio por 20 anos.
Neste caso, uma alternativa melhor talvez seria abdicar da licitação e fazer um acordo com a Arena 360 para jogar no Maracanã como inquilino pelos próximos anos, sem precisar arcar com as obras. Entretanto, nada indica que o Flamengo pense em seguir esse caminho voluntariamente. Ele seria pensado apenas se o Flamengo perder a licitação para o grupo de Brasília.
As propostas pelo Maracanã devem ser apresentadas no próximo dia 7 de dezembro. O Flamengo é o claro favorito na proposta técnica pela parceria com o Fluminense, que garante o maior número de jogos por ano no Maracanã, além de ter a seu favor o retrospecto de ter gerido o estádio pelos últimos 4 anos.
Entretanto, além da proposta técnica também há uma proposta financeira, e é uma incógnita quanto o grupo de Brasília ou o consórcio que reúne Vasco, W/Torre e 777 Partners irão oferecer.
Como o Flamengo se articula por estádio próprio no Gasômetro
Enquanto isso, o Flamengo intensificou nas últimas semanas as negociações para a compra do terreno no Gasômetro, onde pretende erguer seu estádio próprio de pelo menos 100 mil lugares. A avaliação do clube é que o Maracanã ficou pequeno para a torcida do Flamengo.
Embora o estádio no papel tenha 79 mil lugares, na maioria das partidas é possível vender menos de 60 mil ingressos por restrições do número de visitantes, gratuidades e cadeiras cativas. E nesta temporada, apesar do fracasso dentro de campo, o Flamengo tem tido uma lotação perto da capacidade máxima na maioria dos jogos, o que demonstra uma possibilidade perdida de arrecadação pelo tamanho do estádio.
O Flamengo enviou seu Diretor de Relações Governamentais, Aleksander Santos, para a posse do novo presidente da Caixa, Carlos Vieira. Além disso, nomeou um executivo, Marcos Bodin, para comandar a negociação.
Também fez um afago a Arthur Lira, padrinho político de Vieira. Lira vai receber no próximo dia 1º de dezembro, em sessão solene na Gávea, o título de sócio honorário do Flamengo.
Os acenos já tiveram resposta positiva: Vieira deu entrevista dizendo que a Caixa está disposta a vender o terreno.
Possibilidade de criar SAF para financiar estádio depende de conselho
Para bancar o valor da compra do terreno e da construção, o Flamengo estuda a criação de uma SAF. A ideia do presidente Landim é manter o futebol do clube sob controle do Flamengo e vender uma participação minoritária na SAF. A avaliação é que seria possível arrecadar até R$ 1,5 bilhão com a venda de 30% das ações da SAF.
Para convencer os conselheiros e sócios do clube da conveniência de criar a SAF, no entanto, é preciso avançar nas negociações com a Caixa. Antes disso, os conselheiros ainda terão que aprovar o contrato com o Maracanã.
Ambas iniciativas devem enfrentar resistência dentro do conselho, onde Landim recentemente sofreu uma derrota na tentativa de barrar a candidatura na próxima eleição de Eduardo Bandeira de Mello.
De qualquer maneira, a expectativa é que daqui a um ano, quando o Flamengo comemorar seu aniversário de 129 anos, haja um cenário muito mais claro sobre qual será o estádio onde vai acontecer a festa dos 150 anos do clube.
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